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Estado de Minas

Contas externas são a nova assombração

Recuo do saldo de transações com o exterior e diminuição da poupança interna comprometem crescimento sustentado


postado em 17/07/2013 06:00 / atualizado em 17/07/2013 07:35

Brasília – Ao governo não faltou apenas realismo nas projeções de crescimento da economia nos últimos anos. Houve também desleixo com a perigosa evolução de indicadores puxados pelo poder de compra da população e pela farta oferta de crédito. O resultado disso está na persistente inflação, no elevado nível de endividamento das famílias e, sobretudo, na deterioração das contas externas, que registram as compras e as vendas de mercadorias e de serviços entre o país e o resto do mundo.

Apesar das vantagens proporcionadas pelas cotações elevadas das matérias-primas que se destacam na pauta brasileira de exportações, como soja e minérios, a poupança interna diminuiu e o saldo das transações correntes com o exterior recuou, progressivamente, criando um forte obstáculo para o crescimento sustentado do país.

O mercado e o próprio Banco Central (BC) estimam que o déficit nas contas externas alcance US$ 75 bilhões este ano e há quem aposte em até US$ 100 bilhões no próximo. Essa situação já deixou o país dependente de capital especulativo estrangeiro e, não por acaso, o governo tem se esforçado para facilitar a sua entrada.

De 1999 a 2004, as exportações e as importações avançaram, respectivamente, 11,2% e 2,2% ao ano. Após essa temporada, veio outra, de 2004 a 2012, marcada pela demanda desenfreada. Nela, o ritmo nas duas mãos do comércio exterior se inverteu: alta média de 3,4% para exportações e de 11,9% para as importações.

"É uma pena que tenhamos perdido essa oportunidade", disse Fábio Giambiagi, economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ele, a crescente piora nos saldos comerciais deixou explícitos erros da política econômica. O Planalto teria ignorado sinais de desequilíbrio que exigiam correções de rumo e ajustes, deixados de lado em nome da manutenção de altos índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff. O consumo das famílias saltou de um crescimento anual médio de 1,9%, no período 1999-2004, para 5% nos anos 2004-2012.

Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, ressaltou que o avanço do consumo interno a um ritmo pelo menos um ponto percentual acima do Produto Interno Bruto (PIB) deixou desequilíbrios na balança comercial e em outras contas que hoje limitam o crescimento da economia.

O diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), Luiz Guilherme Schymura, destacou que em apenas seis anos, de abril de 2007 a abril de 2013, as contas- correntes do país pioraram em 4,23 pontos percentuais do PIB. Neste tempo, o país saiu de um superávit acumulado em 12 meses superior a 1% para um déficit de 3%, sendo que 84% deste avanço se refere à piora da balança comercial.

AJUSTES


Apesar disso, "a forte e persistente desvalorização do real nas últimas semanas parece indicar que algum tipo de ajuste no balanço de pagamentos já está em curso", disse Schymura. Esse acerto, acrescentou, logo terá impacto nas taxas de consumo e de investimento, a depender da conjuntura externa. Mas, para piorar, as condições de fluxo internacional de capitais e de comércio internacional, afetado pela China, não são mais favoráveis ao país.

Confiança cai e dívida sobe

Brasília – A confiança da indústria nos rumos da economia baixou neste mês, ao mesmo tempo em que nova pesquisa reforça a perigosa tendência de elevação do nível de endividamento das famílias, desta vez, divulgada pela Confederação Nacional do Comércio. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu ao nível mais baixo desde abril de 2009, período marcado pelos efeitos da crise financeira global que estourou no fim de 2008. Dois fatores influenciaram o resultado: a retomada da política de elevação das taxas dos juros pelo Banco Central e as manifestações de rua.

O estudo foi divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e mostra que a fé dos empresários na recuperação da economia desceu a 49,9 pontos, representando queda de 4,9 pontos em julho, na comparação com junho. A pior consequência da descrença dos industriais nos rumos da política implementada pela presidente Dilma Rousseff é a retração nos investimentos e da contratação de mão de obra, alerta o economista da CNI Marcelo Azevedo.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional), segundo a qual o percentual de famílias brasileiras endividadas passou de 63% em junho para 65,2% em julho de 2013, o maior patamar do ano. No mesmo mês de 2012, o índice estava em 57,6%.


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