Dólar e alta da inflação mudam rota das férias

O dólar caro, a inflação batendo à porta e as manifestações nas ruas mudaram o perfil de comercialização de pacotes de viagens para as férias de julho. As vendas dos destinos nacionais e internacionais tiveram queda de até 20%, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo estimativas da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). Mas nos pacotes nacionais os destinos do interior, como Caldas Novas (GO) e Araxá, ganharam espaço. “Temos notado preferência por essas cidades, com o transporte por carro”, afirma Zenaide Chaves de Abreu, diretora da Lumini Turismo.

A alta do dólar levou à queda de procura por pacotes internacionais, informa Maria do Socorro Mendes Brasil, diretora da Abav nacional. “As vendas para o exterior deram uma esfriada com a mudança do câmbio. E os nacionais também caíram, devido às manifestações”, ressalta. Ela informa ainda que os preços dos hotéis e das passagens aéreas no Brasil subiram muito com a Copa das Confederações e se mantêm elevados durante as férias de julho.
                     
A empresária Adriane Barbosa vai viajar neste mês com o marido e duas filhas para o Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá. A família costumava ir para o Rio de Janeiro em julho, mas decidiu mudar os planos. “O Rio está muito cheio por causa da Jornada Mundial da Juventude. E com as manifestações e o momento político vivido pelo país, preferimos ir para um lugar mais próximo, de carro. Assim saímos um pouco com as nossas filhas, que são adolescentes”, diz. Eles vão ficar quatro dias em Araxá.

Outro movimento que vem sendo observado nas agências de viagens: a procura por pacotes de réveillon e férias de janeiro foi antecipada. “Como há cenário de possível inflação, as pessoas estão comprando na frente, para garantir preço mais baixo”, afirma Paulo Testa, diretor da operadora Interpool Turismo. “Até para o carnaval já tem procura e alguns destinos ainda nem abriram os preços”, completa Zenaide de Abreu. As pessoas que não viajaram agora, diz, já programam as férias de verão. “Elas têm medo de ter mais alta de preço e correm para fechar o pacote”, diz. A diretora da Persona Viagens, Maria Inês Eugênio Almeida, lembra que alguns colégios de Belo Horizonte vão antecipar a volta às aulas para o dia 20 de janeiro de 2014, em função da Copa do Mundo. “Com isso, muita gente busca fechar os pacotes por agora, para não correr o risco de ficar sem voo”, diz.

CÂMBIO QUE ATRAPALHA O casal de advogados Igor Alves Tavares e Vanessa Brum Neves Tavares já está organizando a viagem para Miami (EUA) e Bahamas (Caribe) no réveillon deste ano. Eles embarcam em 27 de dezembro e retornam em 8 de janeiro. No total, estimam desembolsar cerca de
R$ 10 mil com a viagem, contando os gastos lá fora. O hotel já foi pago. Agora eles esperam uma baixa do dólar para quitar o bilhete aéreo. “A passagem está cara. Antes, saía pela metade do valor”, afirma Igor Tavares.

Mesmo com a alta de preço, ele afirma que ainda dá preferência para a viagem internacional. “Os destinos nacionais também estão caros, devido a esses eventos esportivos que aconteceram e vão acontecer por aqui. E quando vamos para fora, é uma chance de conhecer cultura diferente”, observa Igor Tavares. O casal acaba de chegar de lua de mel na Europa. Eles passaram 22 dias na Alemanha, República Tcheca, Portugal e Hungria. Como sabiam que o dólar e o euro estavam em alta, compraram com antecedência o dinheiro vivo para levar. Os gastos em cartões de créditos foram menores, mas no dia 10, parte das despesas feitas com esse meio de pagamento chegou. O valor cobrado com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi de R$ 2,98 pelo euro e R$ 2,39 pelo dólar. “Evitamos o cartão, pois sabíamos que as moedas estavam variando”, diz Tavares.