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Estado de Minas

Lojas centenárias mantém a jovialidade em Belo Horizonte

Empresas de BH resistem ao tempo e passam dos 100 anos de existência. Receita do sucesso de sobrevivência é reinvenção


postado em 16/06/2013 00:12 / atualizado em 16/06/2013 08:46

 

Edmar Salles, da Casa Salles: de armas de fogo a itens domésticos(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Edmar Salles, da Casa Salles: de armas de fogo a itens domésticos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

 Sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e ávido por consumidores com disposição para gastar não é tarefa fácil. Mas algumas empresas de Belo Horizonte não só seguem adiante como se tornam longevas diante de seus concorrentes. Mas resistir ao tempo não é tarefa fácil. “Varejo é detalhe, detalhe e detalhe. Essa é uma das receitas da nossa longevidade”, ensina Modesto Carvalho de Araujo Neto, presidente da Drogaria Araujo, que em março completou 107 anos de existência. Apesar de centenária, a empresa esbanja jovialidade e saúde. A receita de sucesso tem nome: reinvenção.

 Modesto, que integra a terceira geração da família que criou a rede de drogarias, fundada por seu avô – o empresário Modesto de Carvalho Araujo –, conta que, quando preparava a comemoração do centenário da rede de drogarias, se surpreendeu ao encontrar um anúncio da empresa datado de 1927. “Essa peça de propaganda, publicada no jornal Minas Gerais, dizia que a empresa tinha o maior sortimento do estado, ou seja, estava preocupada em ter o produto”, relembra. Além disso, a propaganda citava farinhas alimentícias, leite condensado, coalho para fazer queijo, creolina e soda cáustica. “Naquele anúncio, a Araujo já dizia: eu sou uma drugstore”.

 Outra preocupação era mostrar que o preço na capital mineira era o mesmo do praticado no Rio de Janeiro. “Essa mesma peça ainda informava que as entregas eram feitas em automóveis. Em 1927, quando um carro parava na porta de uma casa, significava status”, observa o executivo. De acordo com ele, isso mostra que a vocação da empresa para a inovação veio lá de trás, já que a Araujo foi pioneira na abertura de lojas 24 horas, na transformação das lojas em drugstores ou lojas de conveniência e no serviço de delivery, com a criação do Drogatel Araujo. “Essa vocação de inovar e de ser pioneira é uma cultura construída desde 1906”, sustenta.

 Em BH, outras organizações sobrevivem ao tempo. Edmar Vianna de Salles é sócio proprietário da Casa Salles, fundada em junho de 1881. Num primeiro momento, a empresa comercializava principalmente armas de fogo. Como a comercialização de armas ficou mais restrita, a saída foi incrementar o mix. Hoje, vende artigos para pesca, cutelaria, utensílios domésticos, artigos para camping. “Já estávamos alterando o mix de produtos há bastante tempo, antes da restrição da comercialização do produto pelo presidente Lula, em 2003. As primeiras restrições ocorreram em 1950, por isso decidimos nos adaptar. Para sobreviver no mercado por mais de 100 anos, a tradição pesa muito”, acredita Salles.

 

Bruno Falci com o filho, Lucas: Casa Falci buscou nichos de mercado(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)
Bruno Falci com o filho, Lucas: Casa Falci buscou nichos de mercado (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A.Press)

 Bruno Falci, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte e proprietário da Casa Falci, do ramo da construção civil, conta que a empresa foi fundada pelo bisavô, em 1908. Foi o avô dele quem comprou a loja do pai e deu velocidade ao negócio. A Casa Falci chegou a ter um depósito na Avenida Teresa Cristina, ao lado da linha férrea. “A gente comprava material de construção e a composição descarregava nossos vagões e deixava o material no pátio. Isso, que é o sonho de qualquer grande empresa no mundo, ocorreu há 50 anos”, relembra. A chegada de concorrentes de grande porte à capital mineira, porém, levou a empresa a buscar nichos de mercado. “Nos especializamos na comercialização de produtos de impermeabilização, uma estratégia que se mostrou acertada”, observa

 DESAFIOS Para a professora de ciências contábeis da Fundação Getulio Vargas (FGV) e IBS Business School, Andréa Silveira, manter uma empresa viva hoje é um desafio muito mais difícil do que foi nas décadas de 1980 e de 90. Fatores como a mudança do perfil do consumidor, a alteração da estratégia e da logística do funcionamento do sistema tributário no país e seus aspectos legais tornou tudo muito mais complexo. Isso sem falar que a gestão de pessoas é diferente do que foi no passado e da chegada das novas tecnologias. “Sobre a longevidade de uma organização, o primeiro ponto é descobrir se o seu desejo genuíno é ter essa longevidade. Muitas empresas são criadas com a intenção de ser vendidas no futuro e isso modifica completamente o cenário”, explica.

 

Modesto Araujo Neto, da Araujo:
Modesto Araujo Neto, da Araujo: "Varejo é detalhe, detalhe, detalhe" (foto: Katia Lombardi/Divulgação)
Araujo vai abrir lojas no interior

 Entre 2013 e 2015, a Araujo vai investir R$ 180 milhões num centro de distribuição de 50 mil metros quadrados, em Contagem, na Grande BH, e na abertura de novas lojas. A meta é chegar a 2015 com 150 estabelecimentos. Entre elas, 20 serão instaladas no interior de Minas, em municípios com população maior do que 100 mil habitantes, onde a empresa ainda não pôs os pés, e que estão fora do eixo da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

 O presidente da empresa, Modesto Carvalho de Araujo Neto, não revela o nome das cidades onde a Araujo vai marcar presença pela primeira vez. “Fora da Grande BH estamos fazendo prospecções. A primeira loja será aberta ainda este ano”, promete. Além disso, na quarta-feira, ele adquiriu uma área em Lagoa Santa e pretende abrir lojas em Sete Lagoas e em Pedro Leopoldo neste ano.

 Há nove anos no comando de uma organização que vai faturar R$ 1,3 bilhão em 2013 e que é a quarta maior rede de drogarias do Brasil em faturamento total, a primeira em vendas por loja e a primeira em rentabilidade do país, seu Modesto, como é chamado pelos funcionários, conta que diante da chegada de concorrentes de fora do estado, a estratégia foi “ocupacional”. “Foi a maneira de garantir o nosso mercado.”

 Para a Copa das Confederações, a Araujo admitiu 100 tradutores, que vão recepcionar os turistas nas principais lojas da rede. “Tudo isso é uma forma de encantar o cliente”, afirma. (ZF).


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