O mercado está na expectativa da divulgação do índice de crescimento trimestral do Produto Interno Bruto (PIB), a ser anunciado hoje, às 9h, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Analistas apostam que um resultado decepcionante da atividade econômica no primeiro trimestre pode influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), reunido desde ontem, de aumentar os juros de uma forma lenta e gradual, com elevação de apenas 0,25 ponto percentual.
Se o PIB for positivo e surpreendente, a aposta é de que a alta dos juros pode chegar a 0,50 ponto percentual, subindo a taxa Selic dos atuais 7,50% para 8% ao ano, numa tentativa de conter a escalada da inflação. Porém, durante o atual governo, o melhor trimestre da economia brasileira teve crescimento de 0,7%, registrado de janeiro a março de 2011. E, esta semana, o mercado reduziu mais uma vez a estimativa de avanço do PIB no ano. Segundo a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central (BC) com cerca de 100 instituições financeiras, a projeção caiu de 3,26% na primeira semana do ano para 2,93%.
Além do anúncio do PIB, segundo analistas, também o impacto do cenário externo da inflação pode ser um ponto de discordância na reunião do Copom. A taxa Selic foi aumentada de 7,25% para 7,50% na reunião do mês passado. A decisão foi dividida, com dois votos a favor da manutenção da taxa, e seis a favor do aumento. Antes disso, a autoridade monetária subiu os juros pela última vez em agosto de 2011.
Para o economista-chefe da Invx Global Partners, Eduardo Velho, os últimos discursos do presidente do BC, Alexandre Tombini, indicam uma alta de juros mais agressiva do que a da última reunião do Copom. “Quanto mais forte for o ajuste, mais rápido terminará o ciclo de aumento da taxa básica”, avalia ele, que está do lado dos que apostam em elevação de 0,50 ponto percentual hoje. Na opinião de Velho, a decisão não será unânime. Ele acrescenta que a desaceleração da inflação dos próximos meses não virá na intensidade em que o BC espera, criticando a política fiscal do governo.
O economista João Luiz Mascolo, sócio da gestora de ativos SM Management e professor do Insper, reforça haver bons argumentos para alta da Selic, independentemente do percentual aplicado. “Fica cada vez mais difícil prever porque a decisão não é mais estritamente técnica”, opina. Mascolo arrisca um ajuste mais moderado, de 0,25, como a maioria dos analistas pesquisados pela Focus.
Inflação bate na porta do atacado
Além do PIB, a resistência da inflação preocupa os diretores do Banco Central. A oferta de alimentos decorrente da supersafra agrícola já não é suficiente para conter a inflação no atacado. Sem a contribuição da queda de preços de alimentos, em abril, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação “na porta da fábrica”, avançou de 0,04% para 0,35%. Também razões pontuais ajudaram a empurrar os preços para cima. Ao todo, o IBGE registrou alta em 18 das 23 atividades industriais pesquisadas.
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Receio de PIB baixo limita alta da taxa de juros
Índice de crescimento da economia que IBGE anuncia hoje deve determinar decisão do Copom sobre a Selic
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