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Estado de Minas QUEM MENOS TEM É QUEM MAIS GASTA

Inflação para baixa renda chega a 7,16% ao ano e é a pior em uma década

Juros e impostos ajudam a corroer renda


postado em 10/05/2013 06:00 / atualizado em 10/05/2013 06:56

Ser pobre no Brasil vai além de ter pouco dinheiro, significa pagar mais impostos e juros e viver em um mundo à parte, onde a inflação é maior do que para o restante da população. Em abril, o custo de vida dessa parcela de brasileiros, medido pelo Índice Nacional Preços ao Consumidor (INPC) registrou alta de 7,16% no acumulado de 12 meses — o pior resultado em 10 anos para o mês. Em abril, o  indicador, que mede a alta de preços para a polução com renda de um a cinco salários mínimos, subiu 0,59%. Essas famílias também pagam caro por serviços e produtos financeiros porque são classificadas pelos bancos, de acordo com a renda, ou seja, quanto menos o consumidor tem, mais ele paga em tarifas e taxas de administração. Nos investimentos, é o que recebe as menores rentabilidades.

A vendedora Rafaela Caldeira, de 21 anos, tem um filho de 4 anos e ganha um salário mínimo por mês. Com o dinheiro que recebe, ela paga conta de telefone, internet e ajuda a mãe com as despesas de casa. A mãe é manicure e recebe, em média, dois salários mínimos por mês (R$ 1,35 mil). “Tudo subiu muito. O litro do leite era pouco mais de R$ 1 e agora está R$ 2,50. O pacotão econômico de fralda também encareceu. Era R$ 25 e hoje está entre R$ 30 e R$ 32”, comenta Rafaela. Para tentar driblar os gastos, ela tem comprado só a verdura de época. “Arroz e feijão também esta mos evitando comprar. Usamos salada e macarrão no lugar. Vamos tentando equilibrar para comprar as coisas mais baratas”, diz.

A microempresária Rose Maria Sousa Leão, 46 anos, tem renda mensal de aproximadamente R$ 3 mil. Desse total, desembolsa R$ 2 mil com o aluguel da casa em que mora e do salão que montou. O valor ainda quita contas de água, luz e outros custos do negócio e da casa. Sobram R$ 1 mil para a alimentação dela e dos três filhos, além de gastos com educação e algum lazer. De todo o dinheiro que entra no bolso dela a cada mês, cerca de R$ 960 ficam para o governo em forma de impostos indiretos. “Isso é um absurdo. Quanto mais dinheiro a pessoa tem, menos ela paga”, queixa-se.

Peso no bolso

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado em 2011, Maria tem razão. Enquanto 32% da renda dos mais pobres se transformam em pagamento de tributos, a maioria deles indiretos, a parcela de brasileiros com renda maior desembolsa menos, 21%. “Essa disparidade entre pobres e ricos é no mundo todo, não só no Brasil, é do capitalismo”, observa Haroldo Mota, professor de economia da Fundação Dom Cabral.

“A renda do pobre é pequena e, para proteger os pobres ou tornar a tributação mais justa, poderia haver uma desoneração de produtos essenciais. O problema é que alguém teria de pagar no lugar deles e aí começa toda uma disputa e a elite tem mais capacidade de barganhar e se proteger”, argumenta o professor da FDC. Maria, em função dos juros e tarifas que pagavam achou mais barato não ser cliente de banco algum. Quebrou todos os cartões e cancelou a conta-corrente que tinha. “Anuidade de cartão é muito caro e até encerrei minha conta porque era tarifa demais. Agora, só no dinheiro”, justifica.


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