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Estado de Minas

Escolas investem cada vez mais recursos na educação infantil em Belo Horizonte

Custo com domésticas e babás e maior número de mulheres empregadas fazem escolas aplicarem recursos no segmento


postado em 28/01/2013 06:00 / atualizado em 28/01/2013 07:51

(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Com a queda da fecundidade da mulher brasileira, a expectativa era de que o mercado da educação infantil se retraísse no país. Porém, a dificuldade de encontrar empregadas domésticas e babás, a maior inserção feminina no mercado de trabalho e a importância dada à socialização nessa faixa etária levaram as famílias a compartilhar o cuidado com as escolas. Em Belo Horizonte, mais de 75 mil crianças em idade pré-escolar estão matriculadas em escolas particulares, um número 70,4% maior que as cerca de 44 mil atendidas na rede pública, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

A demanda por vagas em instituições que oferecem o horário integral aumentou em média 60% nos últimos dois anos. Os pais enfrentam até mesmo uma lista de espera, o que acende o sinal verde para a expansão das unidades. Para completar a equação, no orçamento de muitas famílias, as mensalidades escolares ficam mais em conta que a contratação, quando possível, de um funcionário para cuidar da criança.

Os investimentos na educação infantil são estratégicos para as escolas manterem seus lucros e a saúde financeira em dia. No Coleguium, com unidades em Belo Horizonte, Nova Lima e Lagoa Santa, as duas últimas na Grande BH, os alunos da educação infantil representam 36% do total de 4 mil matriculados. “Apostamos muito no segmento por serem estudantes que devem ficar conosco até os 18 anos, na formatura do ensino médio. A ideia é que, a partir da captação do público infantil, tenhamos um retorno ao longo dos anos seguintes”, explica Daniel Machado, diretor financeiro da instituição.

Para Paulo Pacheco, consultor e professor do Ibmec Minas Gerais, o fato de o número de filhos por família – 1,9 em média, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – ter diminuído sugere inicialmente que o setor privado não deveria investir na educação infantil. Porém, o aumento do poder aquisitivo e a possibilidade de dispor de mais recursos para cada criança levam os pais a dedicar uma grande parte do orçamento à educação. “A mudança de estrutura das famílias tem exigido uma resposta das instituições. É uma tendência de mercado que as escolas ofereçam serviços completos e elas estão começando a perceber as oportunidades. Ter em um só lugar as atividades de educação que normalmente estão dispersas no mercado é mais vantajoso para os pais, por isso caminhamos para a escola integral.”

No Colégio ICJ, Bairro Nova Suíça, Região Oeste de Belo Horizonte, o crescimento da educação infantil foi de 150% nos últimos cinco anos. A procura por vagas no horário integral é o dobro da oferta atual de 50 alunos. De acordo com a diretora pedagógica Christina Fabel, quando as matrículas para este ano foram abertas, já havia fila de espera para algumas turmas. “A escola está em busca de novos espaços na região para ampliação da educação infantil”, afirma. Como não foi possível para este ano, a solução foi repensar o espaço atual, com obras e outras intervenções para possibilitar novas turmas e atividades voltadas para esse público, um investimento de R$ 200 mil. Espera-se que a outra unidade possa ser encontrada e reformada para 2014, a um custo de R$ 700 mil, referente somente às obras.

Suporte

Também o Coleguium tem planos de expansão para o ensino infantil. De acordo com Daniel Machado, a demanda comporta uma nova unidade exclusiva para esse segmento – atualmente são duas, no Bairro Gutierrez e na Pampulha –, que será inaugurada no ano que vem no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul. O investimento previsto é de R$ 1,5 milhão. Flávia Márcia Dias Bento, gerente do ensino infantil e fundamental I do Coleguium, afirma que até no berçário a procura é grande. “Temos mães grávidas que já estão na fila de espera”, conta.

A psicopedagoga Simone Ávila Reis Miranda, mãe de Isadora Ávila Reis Roncarati Miranda, de 4 anos, e Arthur Ávila Reis Miranda, de 9, colocou os dois filhos bem cedo no ICJ, em horários parciais. De manhã, ela fez um acordo com o marido, Rodolfo, para poder passar um tempo com as crianças – nada de babás. “Nós trabalhamos fora e queremos ter segurança quanto ao que acontece com as crianças, além de nos importarmos com o desenvolvimento deles. A escola não é responsável pela educação dos meus filhos, mas é um grande suporte.” Com os dois filhos, os gastos mensais com a educação, que incluem atividades extras, como aulas de inglês, balé e futebol fora do horário regular, ficam em torno de R$ 1 mil.

Economia com extracurriculares extracurriculares

A diretora pedagógica do Colégio ICJ, Christina Fabel, que também é coordenadora da Câmara de eEducação Infantil do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep/MG), afirma que os casais mais jovens têm mostrado maior preocupação em possibilitar ao filho um ambiente de estímulos e segurança. “Há uma grande diferença entre uma creche e uma escola, principalmente em termos de estrutura física e formação de professores. Muitos jardins de infância não preenchem os requisitos exigidos para a autorização de funcionamento por meio da Secretaria Municipal de Educação”, diz a diretora.

As atividades extracurriculares são, de fato, atrativo à parte. No Colégio Arnaldo, os principais investimentos para a escola integral este ano serão parcerias com escolas especializadas e contratação de professores para aulas de dança e circo, que devem complementar a grade, que já conta com capoeira, natação e informática, entre outras. “São atividades que os pais normalmente teriam que pagar por fora, o que fica economicamente mais viável, além de ter a tranquilidade de ser realizadas com profissionais qualificados para esse atendimento”, explica Rosimeire Pacheco, coordenadora da educação infantil do Arnaldo.

A vendedora autônoma Vânia Cláudia de Resende matriculou o filho Arthur Berganini Resende, de 4 anos, há dois anos na escola integral do Colégio Arnaldo. Como a família mora em um condomínio fora de Belo Horizonte, é mais fácil levar e buscar a criança em horários próximos aos da jornada de trabalho dos pais. “Não é uma questão de desenhar e colorir, mas de ser mais sociável, comunicativo. Ele já escreve o nome, toma banho e se troca sozinho e, com uma babá, por melhor que fosse, não teria esse estímulo e independência. A escola me dá mais segurança, além de ser mais barato que um funcionário e mais interessante para a criança”, explica Vânia, que paga R$ 940 de mensalidade, com alimentação incluída.

A escola integral é a carta na manga da vendedora Cristiane Magalhães Almeida, mãe de Maria Cecília de Almeida, de 4. A filha estuda atualmente no turno da tarde do ICJ porque uma tia pode levá-la à escola, já que Cristiane trabalha em Contagem, na região metropolitana. “Esse arranjo é vantajoso porque pago R$ 510 de mensalidade, um custo menor que teria não só com salário e encargos trabalhistas, mas também gastos com luz, água, alimentação. Porém, quando não puder ter essa ajuda mais, a solução será o horário integral.” (CL)


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