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Estado de Minas

Banco Central prevê alta de 5% na inflação

Ata da reunião do Copom alerta para uma inflação resistente, puxada pelos preços administrados, e aponta dólar em torno de R$ 2 este ano


postado em 25/01/2013 00:12 / atualizado em 25/01/2013 07:25

Aumento projetado pelo BC para combustíveis equivale a um terço da defasagem calculada pela Petrobras(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Aumento projetado pelo BC para combustíveis equivale a um terço da defasagem calculada pela Petrobras (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

A inflação vai pesar no bolso do consumidor este ano. Apesar da redução da tarifa de eletricidade, uma queda de 11% segundo estimativa do Banco Central (BC), outros itens sofrerão reajuste. Abastecer o carro com gasolina, por exemplo, vai ficar 5% mais caro, de acordo com previsões da autoridade monetária. A avaliação de analistas é de que o governo está tirando com uma mão e apertando com a outra. O orçamento das famílias vai ser atingido ainda pelas passagens de ônibus e metrô em várias cidades, cuja elevação foi adiada em 2012 por interesses eleitorais e jogada para abril. Na média, os preços administrados vão subir 3% — serão responsáveis por um aumento de quase 1 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano, um resultado que deixa pouca margem de manobra para o BC acomodar as muitas pressões que devem surgir no decorrer de 2013.

As projeções do BC, divulgadas ontem na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), irritaram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Ele afirmou que não é a autoridade monetária que define o percentual de aumento da gasolina, mas o Conselho de Administração da Petrobras. Segundo o ministro, o número apontado pelo BC é apenas um cálculo feito sobre uma simulação. A petroleira tem pedido uma elevação três vezes superior à projetada pelo Banco Central – 15% –, índice que, na avaliação da estatal, seria suficiente para recompor a defasagem em relação ao mercado internacional. O Ministério da Fazenda, no entanto, já afirmou que 7% seria um valor “plausível”.

Nos cálculos de Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Corretora, caso a previsão do Banco Central para o combustível se confirme, o impacto sobre o IPCA será um aumento de 0,2 ponto percentual. Se a Petrobras conseguir os 15%, o peso sobre o indicador seria de 0,6 ponto percentual. O economista avalia, porém, que o governo tentará evitar a elevação de outros preços monitorados e administrados para que o Banco Central não seja obrigado a aumentar juros para conter a inflação. “Não será surpresa se o governo adotar, ao longo do ano, medidas adicionais para reduzir ainda mais a inflação dos administrados”, frisou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, argumenta que, apesar da elevação do preço dos combustíveis, a redução da tarifa de energia compensará essas altas com folga. “O impacto será positivo, mas a inflação do país ficará, no fim do ano, bem próxima do que foi em 2012, em torno de 5,8%”, calculou.

REALISMO

Decepcionado com o desempenho da inflação e da economia, o BC adotou um tom mais realista. Na ata da última reunião do Copom, admitiu que a carestia se disseminou mais intensamente pelos preços e que o crescimento, em contraponto, avança em ritmo ainda frustrante. O banco adjetivou a inflação deste início de 2013 como resistente. “O Copom avalia que a maior dispersão, recentemente observada, de aumentos de preços ao consumidor e a reversão de isenções tributárias, combinadas com pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, tendem a contribuir para que, a curto prazo, a inflação se mostre resistente”, justificou o BC em um trecho da ata.

No documento, a instituição deu um recado ao Palácio do Planalto e ao Ministério da Fazenda, afirmando que o problema do país é de oferta e de investimento. Disse também que sua capacidade de impulsionar a atividade chegou ao limite.

O BC reafirmou ainda que trabalha com a hipótese de o governo fazer um superávit primário de R$ 155,9 bilhões – teria optado, na visão de analistas, pelo número absoluto diante da dificuldade em prever o crescimento do país e o ritmo de desonerações e gastos do governo. “Por isso o BC evitou falar em 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB)”, disse Velho.

DÓLAR O BC deve deixar o dólar próximo de R$ 2 no decorrer de 2013 para estimular as importações e controlar a inflação. Na visão da autoridade monetária, permanece o descompasso entre o ritmo de produção do país e o consumo, os brasileiros têm demandado muito mais do que o parque industrial brasileiro é capaz de fazer no momento. A solução para preencher essa lacuna e evitar remarcação de preços está nos importados. Mesmo com a possibilidade de aquisição de produtos de fora, a carestia ainda vai incomodar as famílias brasileiras. A previsão da diretoria do BC é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano acima de 4,8%, projeção feita no Relatório de Inflação divulgado em dezembro.


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