
Em casa, o único computador ele ganhou há pouco tempo, de um “coroa” que a mãe está namorando e com quem pretende casar se o filho consentir em conviver com ele. O aparelho não está conectado à internet, mas o sonho da mãe desafia os obstáculos. “ Se precisar, ele faz um curso”, diz ela. Conseguir uma das vagas, no entanto, deve ser tarefa para lá de árdua. A empresa anunciou que vai ao Vale do Silício, região da Califórnia (EUA) onde estão instaladas as principais empresas de tecnologia do mundo (Google, Facebook, entre outros) para selecionar brasileiros que queiram retornar ao país, além de ter parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para contratar alguns dos mestres e doutores que cursaram as disciplinas voltadas para semicondutores.
Para concretizar o sonho de Maria Aparecida o jovem vai precisar, primeiro, voltar à sala de aula. Ele cursou até a sétima série do ensino fundamental e abandonou os estudos. A instrução precária torna mais palpável outra opção profissional. Com oito cômodos em casa, o jovem sonha montar ali uma lan house e comprar uma máquina de fotocópias. Antes, precisa instalar um telefone fixo e efetivar a conexão à internet. “As pessoas têm as coisas aqui porque elas lutam. Têm que ir longe”, diz ela, recordando os tempos em que, para conseguir um pouco de água para as tarefas domésticas, precisava caminhar sob sol forte até um poço distante.
