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Estado de Minas

Famílias que têm maiores de 60 anos entre seus integrantes contam com um bom reforço no caixa

Eles são responsáveis por mais de 65% do orçamento das residências onde vivem


postado em 06/10/2012 06:00 / atualizado em 06/10/2012 07:19

Mais velhos, mais ativos e mais ricos. A população com mais de 60 anos ocupa hoje espaço diferente dentro dos lares. Onde estão presentes, eles garantem o orçamento doméstico: respondem, em média, por 66,4% do ganho total das famílias onde estão inseridos na Grande Belo Horizonte, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação João Pinheiro (FJP). No lugar de ocupar um quartinho de fundos na casa do filho ou do genro, o idoso agora é o dono da casa e o chefe do lar.

As famílias com pessoas com 60 anos ou mais somam 471 mil na Grande BH. A proporção de idosos que são chefes de famílias é de 89,5%, segundo o Dieese e FJP. No Brasil, a população com mais de 60 anos que é responsável pelos domicílios soma 15,8 milhões de pessoas, sendo 44,6% mulheres e 55,4% homens. A última reportagem da série Vida nova, publicada pelo Estado de Minas, mostra a importância dos ganhos da população com maior idade nas famílias onde está inserida. Eles têm renda familiar média de R$ 2,47 mil e quando trabalham ocupam 24,9% dos cargos de direção e planejamento, o maior índice entre as faixas etárias. “São cargos que precisam de grande experiência. Geralmente as pessoas de mais idade são as indicadas”, explica Mario Rodarte, professor de economia e demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


O aposentado Lúcio Antônio Resende, de 69 anos, é responsável por cerca de 80% das despesas de sua casa. Ele mora com a mulher, o filho Ricardo, de 37, a nora Maria Fernanda, de 32, e há pouco tempo ganharam um novo integrante na casa: a neta Maria Eduarda, que tem apenas cinco meses. A mulher de Resende, Hermelinda Ricoy Pinheiro, de 63, também é aposentada. Mas como a aposentadoria de Resende é integral, ele é responsável pela maior parte do orçamento. “A casa tem dois andares, há espaço suficiente para toda a família. É bom que acompanhamos o crescimento da neta e eles fazem companhia para a gente”, afirma. Se o filho tivesse que alugar uma casa e ir morar por conta própria, Resende afirma que a situação financeira seria difícil, pois Ricardo é autônomo e não tem renda fixa.


Resende é casado com Hermelinda há 42 anos. Ela afirma que quando estava na ativa tinha o salário em torno de 60% maior do que o do marido. “Mas eu não me aposentei com o salário integral. Aí ele passou a ganhar mais”, diz. O filho, a nora e a neta são companhia para o casal. “Nós perdemos duas filhas. Nossa neta é nossa alegria agora”, diz.


Dependentes

O universo familiar vive hoje inversão na realidade de dependência, analisa Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Temos hoje a geração canguru, que não sai da bolsa, e a ioiô, que vai e volta. Isso não é só um fenômeno brasileiro. Acontece no mundo inteiro”, afirma. Ana Amélia há 10 anos concentra suas pesquisas na área do envelhecimento. Ela revela que 80% dos idosos com mais de 65 anos têm hoje o benefício da Seguridade Social, 12% das mulheres acumulam pensão e aposentadoria e 25% da população aposentada trabalha. “A renda vitalícia é maior do que a do adulto jovem”, diz. Ela ressalta que cerca da metade dos domicílios com idosos no Brasil tem filhos com mais de 21 anos, sendo que um terço não tem renda.


Alvimar Gomes da Fonseca, de 75 anos, faz parte do batalhão de 4,7 milhões de aposentados que ainda trabalha no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele já se aposentou há 40 anos, mas tem uma representação comercial de brinquedos. Fonseca tem seis filhas, sendo que três moram com ele e a mulher. O pequeno Breno, seu neto de seis meses, também garante a alegria na residência. “Minha casa é grande e a Flávia, mãe do Breno, gosta de ficar aqui”, diz. A filha mais velha, a Mônica, de 50 anos, não trabalha. A Grasiely, de 25, faz estágio na área de engenharia de alimentos. O aposentado conta que é responsável por 70% da renda da família. Com o trabalho, ele consegue aumentar em 70% a renda da aposentadoria. “O trabalho enobrece e não empobrece a gente. É muito bom até para o meu bem-estar. Eu não bebo nem fumo. Estou na ativa desde os 7 anos. E não tenho planos de parar tão cedo”, diz Fonseca.

 

Daqui para o futuro

Rumo a 2040

Entre 2038 e 2040 vai chegar ao fim o chamado bônus demográfico brasileiro. Isso significa que o país fará importante virada em sua pirâmide demográfica e terá população com maior número de crianças e idosos que contribuintes. Basta dizer que na década de 1940, vivia-se em média 42 anos no Brasil. Em 2040, chegaremos aos 80 anos. “A participação dos maiores de 60 anos como chefes de família vai crescer no futuro. Eles serão em maior quantidade que hoje e vão continuar trabalhando”, diz o professor Tharcísio de Souza, diretor do MBA da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP). Segundo ele, que aos 65 anos já se aposentou mas continua firme, 15 horas por dia na ativa, as gerações mais novas demoram cada vez mais tempo para se casar e são mais inconstantes nos relacionamentos. Já os mais velhos, diz, devem continuar carregando o papel relevante de chefes de famílias, no qual o orçamento deles é dividido em um arranjo recheado pelos filhos e netos.


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