
Vizinhas do trecho que ligava o Bairro General Carneiro, em Sabará, a vários municípios da Região Central do estado, Cecília de Jesus, de 93 anos, e Dalva de Lourdes Silva, de 58, acompanham de perto a desintegração da linha férrea que já foi o principal meio de transporte dos moradores da região. Desativada há 16 anos, a ferrovia percorre 84 quilômetros até a Estação Miguel Burnier, em Ouro Preto, e se divide em várias linhas de acesso aos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Vim de Coronel Fabriciano para a capital há 60 anos, de trem, e desembarquei nessa mesma linha que hoje já não existe mais. Era um transporte muito usado por trabalhadores que migravam para a cidade, mas só tinham condição de morar na periferia. A linha também era usada para transportar mercadorias e cargas, mas foi ficando cada vez mais jogada às traças, apesar das promessas de que seria reformada”, lamenta Cecília.

No lixo

Sobre a viabilidade da recuperação dos principais trechos na região metropolitana, o pesquisador ressalta que, em projetos que pretendem melhorar a mobilidade, a principal avaliação que deveria ser feita pelos governantes diz respeito às melhorias que as ações poderão representar para a população. “Claro que a relação entre custo e benefício deve ser avaliada, mas não deve ser pensado somente como um transporte que deve dar lucro para alguma empresa, e sim garantir mais qualidade de vida para as pessoas. Também não podemos pensar essa modalidade de transporte apenas como opção para a exportação de minério, temos grandes demandas de empresas menores que também precisam de novas opções de mobilidade”, ressalta Lincoln.
