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Estado de Minas

Rei dos Brinquedos deixa a Praça ABC, na Savassi

Depois de disputa jurídica relacionada ao valor do aluguel, proprietário da antiga loja é obrigado a mudar de ponto


postado em 14/06/2012 06:00 / atualizado em 14/06/2012 07:32

Fundada em 1968, a loja mais antiga em atividade na tradicional Praça ABC, oficialmente batizada de Praça Coronel Benjamin Guimarães, fechou ontem suas portas no nobre endereço, cortado pelas avenidas Afonso Pena e Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O estabelecimento, que ocupava um imóvel de 100 metros quadrados, será reaberto, na segunda-feira, em um espaço menor no quarteirão da Rua Alagoas entre Cristóvão Colombo e Inconfidentes, também na área da Savassi. A transferência de ponto se deve ao reajuste de aluguel, decidido por sentença judicial.

Locação do imóvel na esquina da Av. Afonso Pena seria reajustada de R$ 4 mil para R$ 9 mil mensais(foto: Leandro Couri/EM/D.A/Press)
Locação do imóvel na esquina da Av. Afonso Pena seria reajustada de R$ 4 mil para R$ 9 mil mensais (foto: Leandro Couri/EM/D.A/Press)

“A batalha jurídica durou 17 anos. Pagava R$ 4 mil mensais de aluguel e o juiz determinou reajustá-lo para R$ 9 mil. Não tenho condições de arcar com o valor e decidi entregar o ponto. O dono do imóvel, porém, vai pedir ainda mais ao novo inquilino: calculo algo entre R$ 20 mil e R$ 30 mil”, disse o dono da Rei dos Brinquedos, Noel Charnizon, de 75 anos, esquivando-se de revelar outras informações acerca do processo judicial. Procurado, o dono do imóvel, que faz parte de um prédio onde há outras lojas e apartamentos, não retornou o pedido de entrevista do Estado de Minas.

A transferência de endereço da Rei dos Brinquedos é o exemplo clássico do que ocorre com várias lojas tradicionais em BH. Não é só o reajuste do aluguel, um entrave enfrentado por vários empresários do varejo da capital, a causa da mudança do estabelecimento. A forte concorrência com shoppings e a invasão de mercadorias asiáticas, principalmente chinesas, também afetaram o faturamento tanto da Rei dos Brinquedos quanto de outros pontos de vendas. Para ter ideia, “seu” Noel Charnizon, mineiro descendente de romenos, chegou a ter sete filiais na cidade.

“Vendo poucos produtos importados. Sou de um tempo mais antigo, trabalho basicamente com brinquedos nacionais”, afirmou o empresário enquanto observava alguns funcionários embalarem as mercadorias e desarmarem as prateleiras. O semblante triste era uma confirmação de que o imóvel vazio lhe doía como a perda de um ente querido: “A Rei dos Brinquedos fazia parte da paisagem da Praça ABC. Tive clientes que, hoje, são avós e vêm, aqui, comprar presentes para os netos. Muitos pedestres pararam em frente à loja e perguntaram se eu estava fechando as portas”.

Um deles foi o publicitário Sérgio Pinto Júnior, de 46 anos, que não escondeu o saudosismo. “É um pedaço da infância da gente que parece ir embora. Quantas vezes, quando pequeno, estive aqui. Desde que me conheço por gente, essa loja faz parte de minha história”, comparou o homem, que mora alguns quarteirões atrás do estabelecimento. “Poxa! É uma perda para a praça”, exclamou uma jovem logo depois de receber de Noel a informação de que o imóvel seria entregue ao dono.
Em caixas: tristeza para clientes que lembram os tempos de criança(foto: Leandro Couri/EM/D.A/Press)
Em caixas: tristeza para clientes que lembram os tempos de criança (foto: Leandro Couri/EM/D.A/Press)

O destino do espaço é incerto. A única certeza é a de que, num período de dois anos, os dois estabelecimentos mais antigos da ABC fecharam suas portas. Em 2010, a Padaria ABC, inaugurada em 1959 e responsável pelo apelido da praça, encerrou suas atividades, depois de uma disputa entre os herdeiros do falecido dono do empreendimento. Depois de um acordo, o imóvel foi entregue, em regime de permuta, a uma construtora, que já ergue no local um moderno edifício comercial. O prédio, que terá 20 pavimentos, deve ser concluído em 2014. Estima-se que o metro quadrado seja avaliado em pelo menos R$ 12 mil. O projeto original prevê ainda quatro andares de garagem no subsolo.


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