
Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em 44 cidades mineiras, ao todo, o emprego formal cresceu acima da média de 4,9% do estado, que teve em abril um saldo (diferença entre as contratações e demissões) de 192.679 vagas, ante o mesmo mês do ano passado. Da lista, 33 municípios, ou seja 75%, têm menos de 100 mil habitantes. O fôlego do interior contribuiu com mais da metade do saldo, respondendo por 110.356 novos empregos, enquanto a Grande Belo Horizonte participou com 82.323 postos de trabalho, representando 42,7% do total.

A boa notícia para esses municípios é que eles conseguiram manter um ritmo de geração de vagas surpreendente, diante do desempenho fraco da economia brasileira neste ano e que tem levado o governo federal a adotar medidas para reanimar a atividade produtiva. O setor de prestação de serviços, a construção civil e o comércio se revezam entre os setores que mais ajudaram nas contratações. Primeira do ranking, Ouro Preto se deparou com uma impressionante expansão dos serviços de alimentação, hospedagem, transporte e da construção, para atender a novos projetos de um segmento tradicional da economia local, as mineradoras Vale, Samarco e o grupo siderúrgico Gerdau. “Vivemos um boom que dobrou a receita do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) em comparação a 2011”, afirma o prefeito Ângelo Oswaldo. A arrecadação subiu a R$ 3,6 milhões por mês, em média.
Reflexo semelhante observou Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, onde o emprego formal cresceu 20,33% em abril, ante idêntico mês do ano passado, com um saldo de 2,8 mil vagas. Em cascata, os investimentos da Samarco Mineração fortaleceram o ramo da hotelaria e outros serviços para atender técnicos e operários dedicados à construção, conta o secretário municipal de Orçamento, Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Carlos Tiago Jorge de Azevedo. A fábrica da Laticínios Porto Alegre aumentou o número de empregados de 170 para 325, e a construção civil mantém crescimento.
Futuro com o pé no freio
Acompanhar os rumos da economia nos próximos meses será vital para os municípios que tentam estimular a chegada ou expansão de empresas para gerar renda e emprego. No ano passado, o crescimento do mercado de trabalho superou o desempenho da produção de bens e serviços, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), fenômeno que pode não se repetir neste ano, observa o economista Márcio Antônio Salvato, professor da escola de administração e negócios Ibmec. “Há um movimento de enfraquecimento da economia brasileira e se ela se retrai o índice de emprego tende a diminuir, ou pelo menos a velocidade das contratações”, afirma.
Em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, que também apareceu em destaque na relação dos municípios campeões do emprego formal em abril, a torcida vai na contramão das dificuldades sobretudo da indústria. A demanda das empresas por espaço para expansão continua grande, segundo o secretário de desenvolvimento econômico Carlos Alberto Leite. O setor de prestação de serviços e a construção civil foram decisivos para explicar a boa posição do município de 57,4 mil habitantes, com taxa de 15,89% de aumento dos empregos formais em abril.

A vendedora Natielle Cristina Assunção, de 22 anos, tem motivos para comemorar o comércio aquecido. Ao trocar o emprego de caixa de uma rede de varejo pela oferta no Depósito Petrolim, de material de construção, ela só aguardou três semanas e agora será promovida a supervisora de vendas, comunica o dono do negócio Greco Rocha. “Emprego não falta. É preciso ter força de vontade e querer sempre aprender mais”, afirma Natielle. O estoquista Felipe Henrique Dutra, de 20 anos, confirma a onda favorável ao emprego. “Quem procura emprego no comércio acha, se mostrar que tem compromisso com o trabalho”, diz.
As empresas é que encontram dificuldade para contratar gente com experiência, destaca Robson Antônio Torres Santos, gerente da Casa Estrela, rede de três lojas de vestuário e tecidos, que planeja a abertura de duas unidades neste ano. Em Itabirito, o secretário de desenvolvimento econômico, Geraldo Magno de Almeida, diz que a diversificação do município da mineração para a indústria de transformação e o crescimento do setor de serviços mantêm a economia local com boas perspectivas. Só na pasta que ele dirige, há 68 projetos de expansão de empresas em análise. (MV)

