O Itaú Unibanco acaba de vender por € 93 milhões uma participação de 18,87% no banco português BPI (Banco Português de Investimento), pela qual o Itaú recusou uma oferta de € 936 milhões em 2007 (antes da fusão com o Unibanco em 2008). A história, relatada pelo jornal português Diário Económico em matéria publicada na terça-feira da semana passada, mostra que o grupo bancário brasileiro deixou de ganhar € 843 milhões (R$ 2 107 bilhões) pelo timing infeliz na venda da sua fatia no BPI. Na verdade, a participação do Itaú quando ocorreu a oferta, em 2007, era ligeiramente menor, de 17,6%.
No momento em que o Itaú Unibanco está no foco no Brasil pela campanha do governo para a redução do spread dos bancos privados e pelos fracos resultados que, junto com outras grandes instituições financeiras brasileiras, obteve no primeiro trimestre, o desfecho da história do BPI passou relativamente despercebido.
Foi em abril de 2007 que o banco português BCP (Banco Comercial Português) reviu de € 5,7 para € 7 o preço por ação de uma oferta pública de aquisição do BPI. O Itaú, que detinha 133,76 milhões (17,6% do capital) recusou a proposta, junto com outro acionista, o La Caixa, grupo bancário espanhol. Assim, a tentativa de aquisição do BCP não teve sucesso.
Há cinco anos, quando a operação foi tentada, a grande crise global ainda não havia começado, e as perspectivas econômicas portuguesas pareciam muito mais brilhantes.
Com o início da turbulência, porém, e especialmente nos dois últimos anos, quando a periferia europeia foi atingida em cheio, os bancos portugueses ficaram em situação crítica, e o preço de suas ações despencou.
Assim, conforme anunciado num comunicado ao mercado em 20 de abril (sexta-feira da semana retrasada), o Itaú Unibanco, por meio da controlada Itaúsa Portugal Investimentos (IPI), vendeu toda a sua participação de 18,87% para o próprio grupo La Caixa.