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Estado de Minas

Com a chegada da quaresma, preço do pescado varia até 160% em BH

Valor do quilo de peixes tem variação de até 160% em Belo Horizonte. Para o bacalhau, diferença chega a 125%


postado em 21/02/2012 07:16

Funcionário exibe uma piratinga em peixaria da capital. Reajustes vão de 2,72% a 33,64% em relação a 2011(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press )
Funcionário exibe uma piratinga em peixaria da capital. Reajustes vão de 2,72% a 33,64% em relação a 2011 (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press )


Com a chegada da quaresma, período que começa amanhã com a quarta-feira de cinzas e no qual aumenta o consumo de peixes em todo o país, a variação de preços do produto na capital mineira vai a 160% para o mesmo tipo de pescado. Já no caso do bacalhau, a variação chega a 125%. Em relação ao ano passado, os preços do bacalhau tiveram aumento de pouco mais de 4%, enquanto há peixes que tiveram o preço reajustado em mais de 30%. É o que mostra levantamento realizado pelo Mercado Mineiro entre 13 e 17 de fevereiro em supermercados e em peixarias de Belo Horizonte e Contagem. A variação dos preços dos peixes ocorre entre estabelecimentos concorrentes, mas também entre filiais do mesmo supermercado. Para os consumidores, é hora de pesquisar os preços e pôr na balança o que vale a pena ser feito. Ir um pouco mais longe, gastando tempo e dinheiro de transporte para comprar mais barato ou optar pelos estabelecimentos que estão mais perto de casa, pagando um preço mais salgado pela comodidade.

De acordo com a pesquisa comparativa do preço médio entre 3 de março de 2011 (primeira pesquisa do ano passado para a quaresma) e 17 de fevereiro de 2012, o quilo do bacalhau Saith subiu de R$ 23,48 para R$ 24,46, um aumento de 4,17%, no preço médio. No caso dos pescados frescos, as altas foram mais significativas, como ocorreu no quilo do cascudo, que custava em média R$ 8,74 no ano passado e agora subiu para R$ 11,68, um aumento de 33%. O quilo da corvina saiu de R$ 9,19 para R$ 12,16, elevação de 32%. O quilo da sardinha foi de R$ 4,96 para R$ 6,34 (27,82%), o filé de surubim de R$ 24,36 para R$ 30,08 (23,48%). Já a dúzia de ovos vermelhos subiu de R$ 4 para R$ 4,21, um aumento de 5,25%. Os ovos brancos mantiveram o preço cobrado no ano passado.

O bancário carioca Jorge Marcelo Santos veio passar o carnaval em Belo Horizonte e aproveitou para dar um pulo no Mercado Central e comprar bacalhau, mas achou que os preços da capital mineira estão mais salgados que os do Rio de Janeiro. “Estou fazendo uma pesquisa de preços antes de comprar. Meu limite é achar um bom lombo de bacalhau a R$ 45 o quilo. Queremos comer bacalhau na brasa. Se não encontrarmos com preço em conta, faremos uma rabada”, diz.

Eduardo Campos, supervisor de vendas da Loja Ananda, especializada em bacalhau, azeitona, azeite e frutas secas no Mercado Central, comemora a chegada do carnaval e, portanto, da quaresma. Segundo ele, na última semana as vendas cresceram 10% em comparação com igual período do ano anterior. “Esta foi uma semana diferente, porque é a entrada da quarta-feira de cinzas. Esperamos vender 10% a mais nos 40 dias que sucedem o carnaval. Se atingirmos a meta, será um ótimo resultado.”

Dados da pesquisa revelam que o bacalhau Porto Imperial sofre uma variação de preços que chega a 125%, saindo de R$ 39,90 o quilo até R$ 89,98 o quilo. Já o Saith registra diferença de 94%. O menor preço do quilo do produto foi de R$ 17,90 e o maior de R$ 34,80. Por sua vez, o quilo do bacalhau Porto Cod pode custar de R$ 34,90 a R$ 59,90, uma variação de 71%, a levar em conta os preços encontrados nos estabelecimentos pesquisados pelo Mercado Mineiro.

 Para os peixes frescos, a maior variação encontrada foi para o quilo do curimatã, que sai entre R$ 6,50 e R$ 16,90, com uma variação de 160%. O filé de surubim custa entre R$ 19,80 e R$ 44,90, com uma variação de 126%. O preço do quilo de cascudo vai de R$ 8 a R$ 18, com diferença de 125%. O quilo da sardinha custa de R$ 5,20 a R$ 6,99 (34%) e o da traíra de R$ 8,50 a R$18, com uma variação de 111%.

Mesmo com a variação e a elevação dos preços, a demanda nesse período é crescente. Na Peixaria Modelo a procura por pescados já aumentou 20% na comparação com a semana anterior. O fenômeno se repete todo ano e começa sempre às vésperas do carnaval, prosseguindo até o fim da semana santa. O marceneiro Carlos Magno Ferreira foi ao estabelecimento, localizado no Mercado Central, para comprar peixe, mas diz que não achou nada barato. “Estou levando um peixe, mas terei que tirar o sal (do preço) em casa”, brincou.

Jorge Marcelo pesquisa preço da iguaria importada, no Mercado Central(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Jorge Marcelo pesquisa preço da iguaria importada, no Mercado Central (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)


Saiba mais
Tradição cristã


O período da quaresma vai da quarta-feira de cinzas ao sábado véspera do domingo da Páscoa. O período de 40 dias lembra aos cristãos o retiro de Moisés, e o longo jejum do profeta Elias e de Jesus Cristo. O hábito do jejum data da época dos apóstolos de Jesus e foi adotado como sinal de devoção de quem o pratica. Na segunda metade do século 2, a exemplo de outras igrejas, Roma introduziu a observância quaresmal em preparação para a Páscoa, limitando porém o jejum a três semanas entre a quarta-feira de cinzas e o domingo da paixão de Cristo. A quaresma com os 40 dias de jejum e abstinência de carne vermelha data do início do século 4, e acredita-se que o catecumenato (iniciação no cristianismo) e a adoção da penitência pública tenham influído na sua instituição. Atualmente, para a Igreja Católica, a obrigação de jejuar dos fiéis está limitada a uma refeição principal e a duas mais ligeiras ao longo do dia e vai dos 21 aos 59 anos. Considerado o maior país do mundo em número de católicos, com 73% da população adotando a religião, o Brasil tem no período da quaresma um aumento na procura por peixes, incluindo o bacalhau, de 15% a 20%.


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