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Estado de Minas

Taioba conquista cozinhas

Hortaliça cultivada em baixa escala começa a ganhar espaço nos quintais e nos restaurantes de chefs da culinária mineira. Procura crescente garante renda para pequenos produtores


postado em 06/02/2012 10:09

Parte da horta de Luciano Rocha Carvalho, de 51 anos e morador de uma fazenda vizinha a Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte, é dedicada à Xanthosoma saggitifolium, mais conhecida como taioba. A planta, que faz parte do grupo das hortaliças não convencionais, como são chamadas as espécies cultivadas em baixa escala, desperta atenção de badalados restaurantes nesta época do ano, quando começa a ser colhida. Diversos pratos feitos com a taioba já ganham espaço na gastronomia do estado, ajudando a aumentar a renda de pequenos produtores.

Luciano Carvalho, sempre protegido pelo chapéu de palha e as botinas sete léguas, planta dezenas de pés de taioba no início de setembro. “É para aproveitar as chuvas de fim de ano”, justifica. Sua produção irá abastecer algumas casas de Ribeirão das Neves, uma das regiões mais carentes da região metropolitana. Por isso mesmo, ele vende o molho da hortaliça por R$ 1. É um preço baixo se comparado à mesma quantidade negociada em feiras da capital, onde o molho sai a quase R$ 2.

(foto: Cléber Nascimentol/Divulgação)
(foto: Cléber Nascimentol/Divulgação)
“Muita gente vem até minha propriedade para comprá-la. A planta tem um gosto saboroso, mas é preciso saber cultivá-la”, alerta o agricultor. Mas atenção: o vegetal não deve ser consumido sem antes ser levado ao fogo. “Elas devem ser refogadas, pois cruas causam irritação das mucosas na boca e na garganta, causando coceira (acridez) e sensação de asfixia pelo efeito tóxico de cristais de oxalato de cálcio”, adverte o engenheiro-agrônomo e coordenador técnico de Horticultura da Emater-MG, Georgeton Silveira.

O especialista dá a dica para quem deseja cultivar a hortaliça: “Ela se desenvolve melhor em regiões de clima quente e úmido. Épocas secas e frias prejudicam o desenvolvimento da cultura. Vai muito bem em temperatura acima dos 25 graus, perdendo as folhas e entrando em dormência abaixo dos 20 graus. Os solos devem ser ricos em matéria orgânica”. Este último detalhe, aliás, é seguido à risca por Luciano Carvalho, que sempre joga esterco na horta e a aduba com outros produtos orgânicos. “O meu segredo é a boa adubação”, reforçou o agricultor de Ribeirão das Neves.

Correção adequada O engenheiro-agrônomo acrescenta que, quando necessário, a acidez do solo deve ser corrigida pelo menos 60 dias antes do plantio da taioba. É preciso, segundo ele, “usar o tipo de calcário e a dosagem com base na análise de solo, buscando pH entre 5,8 e 6,3”. De 60 a 75 dias após o plantio, quando as folhas terão alcançado entre 30 e 40 centímetros, a taioba está pronta para ser colocada no mercado.

“O manuseio deve ser feito em local sombreado. O rendimento, dependendo do clone, pode chegar a mais de 1,3 quilo por planta durante o ciclo de 8 meses, o que equivale a 26 toneladas por hectare”, informa um estudo sobre hortaliças não convencionais feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com a Emater-MG, Epamig, Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Embrapa Hortaliças.

Os maços, em média, têm de seis a oito folhas, como os vendidos por Maria da Penha Rosa Viera, agricultora em Icaivera, distrito de Betim, na CeasaMinas. “Vendo cada molho, na Ceasa, por R$ 1,25. Nas feiras, o preço é o dobro”, conta a mulher, que há 30 anos vende taioba no entreposto de Contagem. Parte da produção, confidencia, é reservada para o consumo da própria família. “Quem não provou tem que provar. As folhas, refogadas, são deliciosas”.


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