
Nas escolas de natação, de acordo com o IBGE, o reajuste médio foi de 10,95% na média nacional e de 11,70% na RMBH no ano passado. As academias de ginástica do Brasil elevaram seus preços em média 8,26% e as da Grande BH, 9,45%. Nas categorias restantes, que englobam cursos de informática e idioma, a média nacional esteve acima da variação registrada em Minas.

Entretanto, alguns fatores podem ajudar a entender os repasses, segundo Braz: “O principal é o aumento da demanda, com o crescimento da renda e da economia. Não se constroem piscinas da noite para o dia para que a oferta acompanhe a demanda”. Outro elemento que não pode ser desconsiderado na formação do custo desses serviços é a mão de obra. “O salário base, que é o mínimo, vem subindo acima da inflação e pressionam o preço”, ressalta o analista.
Escalada de preços

Dentro d’água, o pequeno Antônio Gianturco, de 2 anos e 8 meses, só se diverte. Mas, na borda da piscina, a mãe dele, a professora Gabriela Gianturco, reflete sobre os 50% de reajuste praticados pela escola sobre a mensalidade da natação. Antônio cai na água três vezes por semana e bate as perninhas por 20 minutos. A mãe desembolsa R$ 240 mensais a partir deste mês. No ano passado, a mensalidade era R$ 160. “É um gasto que não tem outro jeito, não havia como eu cortar, porque ele ainda está aprendendo. É uma segurança saber que ele pode ficar na piscina se souber nadar. É um investimento inevitável.”
Correções acima dos reajustes salariais
Cliente de outra escola, a Cia. do Nado do Anchieta, a servidora federal Márcia Carvalho Mascarenhas, que mantém a filha Manoella Mascarenhas, de 2 anos, nas aulas de natação, reclama que o reajuste é sempre mais alto que o da remuneração: “No nosso caso, estamos há quatro anos sem qualquer incremento no salário e essas mudanças de preços anuais pesam bastante”.
No salão de musculação da academia Ativa Fitness, no Santo Antônio, o proprietário Tiago Costa explica que os aumentos de aluguel e IPTU representam as principais pressões no custo, mas que evita o repasse, sob pena de perder os clientes fiéis. A solução das principais academias da cidade é unir a oportunidade ao marketing, segundo Costa: “Oferecemos preços promocionais semestrais e anuais e deixamos que apenas o valor mensal seja aumentado”. Dos clientes da Ativa, 40% optam pelos pacotes. A prática é a mesma na Rede Alta Energia, que, segundo o gerente comercial Alexandre Marini, também evita o quanto pode o repasse, de olho na fidelização dos alunos. “Não posso aumentar e correr o risco de perder os clientes”, diz Costa.
Na preparação
A estudante Ana Raggi, bacharel em direito, que espera se ver livre dos cursinhos preparatórios para concurso ainda este ano, decidiu, para isso investir todo o seu tempo nesse objetivo. No curso para os concursos dos Tribunais, na Escola Supremo Concursos, investiu R$ 2,4 mil. O curso preparatório para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lhe custou há dois anos, R$ 1 mil. Hoje, sai por R$ 1,3 mil. Segundo o IBGE, a variação nesse item chega a 12,03%, na média nacional.
“Nossos preços sofrem pressão de aluguel, IPTU e passagens aéreas, porque nosso corpo docente é nacional”, explica Bianca Sousa Borges, coordenadora da escola. Para tentar soluções mais viáveis para os alunos, que em sua maioria, segundo Bianca, “não têm fonte de renda própria e são bancados pela família”, o curso oferece, a partir deste mês, modalidade on-line, até 10% mais barata que a versão presencial. Um curso preparatório para o concurso de delegado da Polícia Federal custa R$ 3.120 na modalidade presencial e R$ 2.808 para educação a distância, via internet.
O único item, da categoria cursos diversos, que variou abaixo da inflação, em Belo Horizonte, segundo o IBGE, foram as escolas de idiomas, registrando aumento de 6,24%. Em compensação, as autoescolas subiram 16,49%. (FB)
