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Estado de Minas

Indígenas e ambientalistas desocupam obras de Belo Monte


postado em 28/10/2011 15:13 / atualizado em 28/10/2011 15:54

(foto: IVAN CANABRAVA/AFP)
(foto: IVAN CANABRAVA/AFP)
Cerca de 600 indígenas e ambientalistas que ocuparam as obras da gigantesca usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, deixaram a construção após uma decisão judicial que ordenou a desocupação, disse à AFP um porta-voz dos manifestantes.

"Saímos pacificamente, assim como entramos. Foi um ato pacífico para atrair a atenção sobre este projeto de morte para a Amazônia", declarou à AFP Eden Magalhães, porta-voz do Conselho Indígena Missionário (Cimi), um órgão ligado à Igreja Católica.

Os manifestantes ocuparam a obra polêmica na madrugada de quinta-feira e bloquearam um trecho de uma estrada, em protesto pelo impacto socioambiental que a construção da represa representará para a reunião.

A pedido da empresa Norte Energia, integrante do consórcio que constrói a represa, a Justiça do Pará ordenou a expulsão dos manifestantes. "Um juiz chegou com a tropa de choque. Após uma assembleia, decidimos partir, mas fortalecemos nossa união e nossa resistência à represa", afirmou Magalhães.

A ocupação da represa por indígenas, pescadores do rio Xingu e ambientalistas tinha por objetivo a paralisação das obras ou ao menos sua suspensão, até que as comunidades afetadas pela represa sejam consultadas, afirmou.

"Este projeto está a serviço dos grandes capitais. As populações locais sofrem com as consequências e a floresta é sacrificada", afirmou Magalhães. Com 11.200 MW de potência (cerca de 11% da capacidade instalada do país), e um custo de 11 bilhões de dólares, a represa de Belo Monte é destinada a ser a terceira maior do mundo, atrás de Três Gargantas, na China e Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai.

"Vamos preparar outras ações de resistência", anunciou à AFP Vera Glass, uma porta-voz do Movimento Xingu Vivo, que reúne moradores e indígenas da bacia do rio Xingu.

As autoridades brasileiras consideram que a represa é essencial para o desenvolvimento energético do país e afirmam que as obras respeitarão rigorosamente as leis e levam em conta todos os aspectos sociais e ambientais.

Os opositores da represa afirmam, por outro lado, que o ecossistema da região será destruído e o modo de vida das populações prejudicado. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização de Estados Americanos (OEA), pediu em abril ao Brasil que suspendesse a construção da usina e que consultasse os povos indígenas afetados.

Mas em junho, o Ibama deu luz verde ao início dos trabalhos. No fim de setembro, a Justiça do Pará proibiu a execução de qualquer obra que interferisse no curso do rio Xingu, em uma decisão que pode ser apelada. Mas outras obras, como a construção de casas e barracas para trabalhadores, que não afetam o rio, continuaram.

Um tribunal regional federal analisa atualmente um recurso da Justiça do Pará contra o decreto legislativo que autorizou a construção da represa. Os procuradores afirmam que a medida foi aprovada às pressas, sem realizar consultas obrigatórias com as comunidades indígenas afetadas. O governo brasileiro desistiu na semana passada de participar de uma mediação com comunidades indígenas convocada pela CIDH em Washington.


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