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Estado de Minas

Consumidor pode ter o Natal na mesa o ano inteiro

Renda maior e câmbio favorável aumentam a variedade de produtos antes típicos do fim do ano no dia a dia do brasileiro. Novidades se misturam aos artigos tradicionais


postado em 17/10/2011 07:13 / atualizado em 17/10/2011 07:18

O panetone e a rabanada estão na mesa do lanche, mas o Natal ainda fica bem longe no calendário. O consumo de artigos com ar festivo ou sofisticado não está mais restrito à mesa das festas de fim de ano. O crescimento da renda do brasileiro e o câmbio favorável às importações modificaram a lista de compras das famílias. Produtos típicos antes vistos só em dezembro ampliaram seu espaço nas gôndolas e passaram a frequentar a mesa do brasileiro no dia a dia. Castanhas variadas, damasco turco, tâmaras secas e o vinho europeu são itens comuns no varejo. No Mercado Central o quilo do bacalhau do Porto é ofertado em média por R$ 40 em agosto ou outubro. Até o tradicional peru resiste no tempo e pode ser assado em um domingo comum de fevereiro ou setembro.

Há cerca de três anos, a rede de supermercados Carrefour identificou o crescimento da demanda por artigos típicos, como o tradicional panetone, e ampliou a oferta. Hoje o item recheado de frutas, com gotas de chocolate ou na versão trufada, é vendido de janeiro a dezembro. “A vulnerabilidade dos produtos natalinos vem diminuindo”, constata Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Segundo o executivo, entre os segmentos que mais se popularizaram estão as frutas, bebidas e pescados, como o bacalhau. “Com o crescimento do emprego e da renda esses itens deixaram de ser exclusivos do fim de ano e passaram a ser bastante comuns.”

Segundo pesquisa do Instituto Nielsen, que mede o consumo das famílias no supermercado, no ano passado a cesta do brasileiro cresceu 6,7% em volume. Entre as bebidas alcoólicas, os vinhos tiveram destaque, com avanço de 8,2% no consumo. Hamilton Almeida, gerente de negócios do Super Nosso, diz que o Natal é sempre rico em novidades – vendendo cerca de 20% a mais que em maio, segundo melhor mês do ano –, mas muitos itens não somem das gôndolas depois da festa. Ele aponta os vinhos nobres como os europeus, que são procurados o ano inteiro. Junto com eles, os azeites finos temperam as refeições independentemente da sazonalidade. Mas a infinidade de itens não para por aí. “São frutas, conservas, azeitonas e toda uma linha de padaria especial que traz grandes novidades no Natal, mas que permanece ao longo de todo o ano.”

A personal chef de cozinha Júlia Martins destaca as facilidades para quem gosta de cozinhar. “Até rabanada pode ser comprada em um dia comum. Basta ir a um supermercado gourmet.” Ela cita também as cerejas frescas, ameixas e o festivo tênder. “Produtos que antes eram raros e caros agora são quase comuns e com preços acessíveis.” Com tanta opção a chef fica intrigada: “Não sei se esses produtos sobram do Natal, ou se a oferta cresceu. O fato é que conseguimos fazer pratos natalinos em qualquer época do ano.”

Há quase 50 anos no Mercado Central, Antônio Sérgio Tavares, dono do Império dos Cocos, diz que as amêndoas, avelãs, damascos, tâmaras, passas em rama deixaram de ser produtos só para o Natal. “Antes não havia nem mesmo como importar.” Ele diz que, com o crescimento do comércio internacional e da concorrência, os preços ficaram mais acessíveis para o consumidor. Hamilton Almeida, do Super Nosso, concorda: “Mesmo com a valorização do dólar, os produtos vão continuar acessíveis ao consumidor. O que passa a ser um problema para a economia não é a alta do dólar, mas a instabilidade da moeda”.

Carro-chefe entre os itens que se popularizaram, as frutas são destaque. O coordenador de informações de mercado da CeasaMinas, Ricardo Fernandes, diz que os típicos pêssegos, ameixas e uvas agora são encontrados independentemente da estação. Na entressafra do produto nacional, chega o importado. O psicólogo José Francisco da Silva faz a feira da semana no Mercado Central e não deixa de experimentar novidades. Símbolo do Natal, a uva está em seu carrinho. “A uva sem semente chilena é mais doce, enquanto que a brasileira aperta mais. O Chile tem expertise em frutas de qualidade”, compara. Cliente fiel da Barraca do Patureba, aberta em 1961, Silva é apresentado a novos sabores a cada visita. “Sempre temos as frutas tradicionais, mas há fases de produtos diferenciados, como algumas ameixas da Espanha e de Portugal e kiwi da Nova Zelândia”, exemplifica o proprietário da barraca, Kris Julião. Segundo ele, a tendência é de diversificação. “Está mais fácil comprar direto de importadoras.”

Segundo a Nielsen, na cesta do brasileiro as novidades estão em alta. No ano passado o consumo de pães industrializados foi destaque com crescimento de 10,6%, as carnes congeladas avançaram 10,5%, assim como os queijos, que aumentaram 21,7% na lista de compras.

O estreito labirinto de corredores do Mercado Central não é mistério para a cientista social Anabelle Lages, de 30 anos. Quando criança, ela acompanhava a mãe em suas compras de fim de semana, mas de lá para cá a oferta mudou. Anabelle passou a experimentar novidades de janeiro a dezembro com destaque para as frutas europeias e sul-americanas.

De lá e de cá

» Turquia
» Argentina
» Chile
» Irã, Estados Unidos
» Indonésia
» Portugal
» Itália
» Espanha

As preferidas dos mineiros
» Avelãs (54%)
» Peras frescas (16%)
» Uvas secas (12%)
» Morangos congelados, maçãs frescas, ameixas secas, nozes, damascos secos, amêndoas, cocos e pêssegos.

Para onde vai a maioria das frutas produzidas em Minas
» Portugal
» Holanda
» Espanha

As preferidas dos estrangeiros
» Mangas (34%)
» Limões e limas (31%)
» Abacaxis (21%)
» Melancias, figos, mamões e goiabas (em menor participação)

Fonte: Central Exportaminas

Saiba mais

Pescados em outros mares
Nos frigoríficos do Mercado Central de Belo Horizonte, o filé de panga, vindo do distante Vietnã e já comum no mercado europeu, ganha notório espaço nas vitrines. Por R$ 16,90 o quilo, vem desbancando o filé de merluza, importado da Argentina e vendido por R$ 12,90, informa Roberto Costa, da Peixaria Modelo. Com preço mais salgado (o quilo custa R$ 65), também é possível encontrar o haddock, vindo da Noruega. “O preço é alto porque ainda não é vendido em escala. E, apesar de caro, a demanda é maior que a oferta”, explica Costa.

 


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