
A raça que surgiu do cruzamento entre uma raça europeia com uma zebuína (de origem indiana) mostrou-se resistente inclusive às altas temperaturas de regiões quentes do país, como o Norte de Minas, e atualmente,produtores atestam que sua vida produtiva pode ser duas ou três vezes maior que a da holandesa, considerada raça de maior produção leiteira do mundo. Outro ponto positivo do girolando é o custo. Segundo o diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, Adolfo José Leite Nunes, é característica do holandês movimentar-se pouco, sendo assim necessário alimentá-lo no cocho, com ração. O confinamento obriga também o uso de ventilador e de tecnologia para aumentar a umidade, melhorando as condições climáticas para o gado. Enquanto isso, apoiado na maior “rusticidade” do gir, o girolando alimenta-se no pasto. “Ele produz menos leite (que o holandês), mas o custo-benefício é muito melhor”, afirma o diretor da associação, em referência ao menor gasto para produzir o animal cruzado com o gir.
A maior resistência e adaptabilidade da raça brasileira enche os olhos de criadores em outros cantos do mundo e também no Brasil. Atualmente, 90% das cabeças do girolando estão na Região Sudeste, mas é crescente o interesse pela raça. Segundo Adolfo Nunes, estados do Centro-Oeste e do Nordeste têm procurado comprar sêmen de touros girolando. “Quem quer tirar leite no Brasil tende a escolher o girolando”, afirma. No exterior também já se tem registro de criadores na Venezuela, África do Sul, Angola e Canadá.
Na Fazenda do Curtume, em Inhaúma, na Região Central de Minas, o pecuarista Luciano Teixeira de Melo cria cerca de 250 cabeças de girolando, que diariamente produzem 1,8 mil litros de leite. A composição preferida dele são os chamados meio-sangue (50% de gir e 50% de holandês) e os 3/4 (75% de holandês e 25% de gir). “São mais comerciais e produtivos”, afirma o fazendeiro. A opção para o cruzamento entre os dois, segundo Melo, é para driblar a curta longevidade do holandês. “A vida útil do girolando pode ser maior, chegando a 10 anos ou mais, enquanto o holandês sangue puro produz só até os cinco anos”, diz, explicando que, quanto mais alta for a concentração de sangue da raça holandês maior será a produtividade.
Genoma
O 1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando deve abordar principalmente temas voltados à discussão técnica e científica do gado. Um dos assuntos de principal interesse dos criadores é a finalização do estudo do genoma do girolando. Prestes a ser concluído, o trabalho deve ser usado como uma ferramenta para direcionar os caminhos da raça no país, evitando-se assim erros de avaliação por parte dos criadores. Segundo Adolfo Nunes, atualmente, o único estudo neste formato pronto no Brasil é o da raça nelore, que entre outros atributos permitiu apontar como obter um padrão de carne mais macia.
