
Compras, passeio, compras. Assim têm sido os anúncios das agências de viagens para atrair os turistas nos pacotes para os Estados Unidos até o fim do ano. Afinal, não são poucos os que querem aproveitar para adquirir produtos até 61,5% mais

O pacote de seis dias para Nova York custa hoje a partir de US$ 1,78 mil (R$ 3,22 mil). “Há dois anos, esse mesmo pacote custava cerca de 20% a mais. O dólar baixo estimula o turismo de compras para essas cidades”, afirma José Carlos Vieira, vice-presidente nacional e diretor regional da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav). Para Orlando e Miami, os preços dos pacotes são ainda mais convidativos: a partir de US$ 1,15 mil (R$ 2 mil) e US$ 1,20 mil (R$ 2,16 mil), respectivamente.
Procura
A procura de viagens para esses três destinos cresceu cerca de 30% nas agências de Belo Horizonte, segundo a Abav. Até dezembro, muitos pacotes já estão com 90% dos lugares vendidos. A euforia, na opinião dos agentes de viagens, tem uma explicação: compras. “Fica mais barato ir para lá, comprar todos os presentes de Natal e voltar”, observa Marcelo Cohen, diretor da Belvitur Turismo.

A autônoma Valéria Gomes já comprou seu pacote para a semana “I love New York”. “Além de fazer compras de presentes, vou ver a decoração de Natal na cidade. Dizem que é linda”, afirma. Valéria tem duas filhas adolescentes, que já fizeram a lista de presentes. “A diferença de preços dos produtos lá e aqui é muito grande. As roupas de marca custam menos da metade do valor”, afirma Valéria.
Vale lembrar que a cotação do dólar comercial no país, nesta mesma época, chegou perto de R$ 2, em 2007, e veio caindo ano a ano. Na última semana, ficou entre R$ 1,69 e R$ 1,73. A diferença é mais um estimulo para Valéria Gomes: “Está valendo muito a pena. Até a alimentação está mais barata nos EUA. Estive em Orlando em abril e conferi os preços”. Ela trabalha com representação de tecidos e roupas e vai aproveitar para conferir os lançamentos na metrópole.
Status
Primeiro foi a febre dos enxovais de bebê em Miami. A moda agora é comprar importados direto na fonte para presentear e a lista de opções de destino só aumenta: depois da metrópole na Flórida, Nova York entrou no roteiro. Além de impressionar parentes e amigos com produtos “made in USA”, consumidores estão em busca de preços mais em conta. O dólar barato é o principal argumento e, com a frequente desvalorização da moeda americana frente ao real, fica difícil para a indústria nacional competir com produtos de fora. O aumento da renda, aliado à facilidade do crédito no setor de turismo, não consegue conter o desejo de brasileiros despejarem dólares no exterior – só em julho, o volume rompeu a barreira recorde dos US$ 2 bilhões.

