
Uma estatística levantada pelo economista Fernando Sasso, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), mostra como a falta de mão de obra qualificada prejudica o comércio: “No último semestre de 2010, por exemplo, entre 25% e 30% das vagas (para vendedores) não foram preenchidas”. Ainda assim, 123 mil pessoas foram admitidas para as várias funções do comércio na capital entre junho de 2010 e maio, segundo os últimos dados do emprego formal no país divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A dificuldade do setor para ocupar os postos ofertados, que não para de crescer em razão do aquecimento da economia brasileira, levou alguns empresários a apelar a parentes. Na Ramayana, especializada em roupas e artigos indianos, a gerente Rejane Amorim conta que, no fim de 2010, quando o setor recorre ao serviço temporário, a loja “precisou contratar familiares”.
A vitrine da loja também estampa um cartaz informando vaga aberta para vendedor há quase um mês. A empresa oferece o salário da categoria (R$ 658) mais comissões, entre 1% e 3,5%. “Vinte candidatos já apareceram aqui, porém, não conseguimos preencher a vaga”, diz Rejane, acrescentando que, além da falta de mão de obra qualificada, muitos pretendentes desistiram do cargo ao saber que precisariam trabalhar aos sábados. O aviso, impresso em folha de papel ofício, não é o único no quarteirão do bairro. Poucos metros adiante, na Loja Stilo, outro cartaz oferece mais uma vaga. Cem metros depois, na Papelaria Padre Eustáquio, nova oportunidade.
