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Estado de Minas

Inflação atinge consumidores de todas as classes sociais


postado em 10/04/2011 06:54

A inflação dos serviços não escolhe classe social. De consumidores que representam os segmentos mais abastados da população a assalariados das classes menos favorecidas, passando pela classe média alta e pela classe média em ascensão, todos sentem no bolso a alta do custo de vida. A carestia também afeta empresas e prestadores de serviços, gerando um efeito cascata nos preços.

Na semana passada, a professora Audrey Coimbra gastou R$ 383 em um salão de beleza. Foram R$ 160 numa hidratação de cabelo – que durou meia hora – , R$ 140 na pintura e R$ 55 na escova. Isso sem contar o serviço de manicure, que saiu por R$ 28. "Os preços estão cada vez mais salgados", reconhece. Quando quer economizar, ela e a filha optam por fazer as unhas em um salão perto de casa. Mesmo assim, Audrey conta que os preços subiram três vezes nos últimos seis meses. "Para fazer o pé e a mão gastava R$ 15. Depois foi para R$ 18 e agora está em R$ 20."

Nos últimos 12 meses, os serviços de cabeleireiro subiram 13,9% e de depilação 13,51%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Proprietária de um salão de beleza no Bairro Nova Floresta, Denilde Goes explica que a valorização dos imóveis na região provocou aumento de 100% no aluguel do ponto comercial no início deste ano, o que acarretou o reajuste de preços no estabelecimento.

Além disso, a dificuldade de encontrar profissionais qualificados no mercado forçou a valorização dos salários, que vão além dos reajustes do salário mínimo. "Fizemos um aumento médio dos serviços de 7% em janeiro e, no final do ano, será preciso fazer outro", afirma Denilde. Apesar disso, ela entende que não é possível repassar todos os gastos, pois a concorrência entre os salões de beleza é grande.

O valor do aluguel também afeta o analista de recursos humanos Ricardo Castellões. De acordo com o IBGE, a elevação de preço nos últimos 12 meses foi de 12,69%. Solteiro, Ricardo divide um apartamento no Bairro Funcionários com dois amigos. No mês passado, quando o contrato de locação venceu, tiveram que conseguir outro apartamento. Eles pagavam R$ 950. A melhor solução foi buscar um novo imóvel, no mesmo prédio e do mesmo tamanho. Porém, no novo contrato, o valor foi de R$ 1.450 – aumento de 53%. "Estamos procurando outra pessoa para ajudar a dividir as despesas", conta Ricardo. Ele recebe R$ 430 de vale-alimentação da empresa onde trabalha. Como almoça praticamente todos os dias em restaurantes de comida a quilo, gasta quase toda a quantia. "Sobram cerca de R$ 40, mas no ano passado sobravam R$ 100", compara. Ele lamenta a elevação de preços nos restaurantes em que almoça, próximos ao local onde trabalha. "O que cobrava R$ 21 por quilo passou para R$ 24. O outro que era R$ 15 saltou para R$ 17.”

Refeição e transporte De acordo com o IBGE, o preço da refeição fora de casa avançou 11,57% nos 12 últimos meses. A professora de francês Luciana Pena também vive o problema e reclama que não consegue mais pagar o almoço apenas com R$ 5. "Antes almoçava por esse valor, agora fica entre R$ 6 e R$ 8", calcula. Ela gastava ao mês cerca de R$ 160 com alimentação na rua e atualmente os gastos subiram para R$ 250. Luciana também percebeu a inflação quando sai para bares, restaurantes e boates. "Frequentava um bar em que a conta era sempre na faixa de R$ 40. Fui lá outro dia e deu R$ 70, sendo que consumi o de sempre", compara.

Os sucessivos aumentos dos preços dos transportes públicos incomodam principalmente a camada de baixa renda da população. De acordo com o IBGE, as passagens dos ônibus intermunicipais subiram 6,74% nos últimos 12 meses. A faxineira Maria Nilza Lima da Silva tem renda mensal de R$ 1.160, mas gasta quantia superior a R$ 300 para se locomover de casa para o trabalho. Às segundas, quartas e sextas-feiras são nada menos do que seis ônibus – três para ir e três para voltar. Às terças e quintas-feiras são quatro ao dia. A quantia gasta por Maria Nilza com passagens de ônibus municipais e intermunicipais é praticamente igual a que ela direciona à compra de alimentos para a família. "Unha só faço uma vez por mês porque não sobra dinheiro", explica.

Por dentro do Na Real

Criado no ano passado para acompanhar os impactos da macroeconomia na vida de 10 cidadãos que vivem em Belo Horizonte, o projeto Na Real ganha cara nova hoje. A proposta em 2011 é acompanhar a corrida de preços, que mexe cada vez mais com o bolso dos brasileiros. A alta do custo de vida, que já fez o Banco Central (BC) abandonar a meta de 4,5% do centro da inflação, pode chegar a mais de 6% este ano, afirmam economistas. Como a corrida do custo de vida vai afetar a sua vida? De que maneira você pode driblar o aumento de preços? Qual é o perfil da inflação em Belo Horizonte? Como os brasileiros lidam com o problema? Essas são questões a que o Estado de Minas e o portal em.com.br pretendem responder por meio de uma série de reportagens mensais que começam a ser publicadas hoje. Ao lado dessas reportagens, o blog Na Real (www.dzai.com.br/nareal/blog/nareal) vai explicar aos internautas como funciona o processo inflacionário, além de oferecer dicas e informações sobre a volta do dragão da inflação.


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