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Estado de Minas

Para indústria e comércio, alta do juro é inadequada


postado em 02/03/2011 22:04

O aumento de 0,5 ponto porcentual para 11,75% ao ano na taxa básica de juros da economia brasileira (taxa Selic) é "inadequado e desconsidera a tendência atual de evolução dos preços e da atividade econômica", segundo avaliação do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.

"Há indicadores recentes que confirmam o desaquecimento da atividade, provocado por medidas de restrição ao crédito, pela valorização do câmbio e a elevação dos juros em janeiro", disse o presidente da CNI. Ele avaliou que a alta da inflação é resultado da elevação dos preços dos alimentos e das matérias-primas (commodities) no mercado internacional, "que não é influenciado pela variação dos juros no Brasil".

A alta dos juros, destacou, "tem impacto negativo sobre os investimentos e a produção industrial". Andrade ressaltou que o corte do Orçamento da União "dá maior coerência às políticas monetária e fiscal, e permitiria um ritmo menos intenso de elevação dos juros".

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar hoje a taxa Selic. Segundo a nota, o aumento da Selic foi recebido "com indignação" pela entidade.

"O Banco Central está incorrendo no perigoso erro pelo excesso", advertiu o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "Os impactos desse ciclo de elevação da taxa de juros irão desaquecer nossa economia ainda mais no futuro próximo."

De acordo com a nota da Fiesp, a elevação dos juros hoje era desnecessária porque as medidas tomadas pelo BC em dezembro, como o aumento do recolhimento compulsório, já estariam reduzindo a pressão inflacionária. "Isso é visível, por exemplo, no mercado de crédito, que diminuiu a quantidade de empréstimos concedidos e encurtou seus prazos, o que fez com que o consumidor gaste menos", afirmou o texto. "Além disso, há sinais claros de desaceleração da atividade econômica, e a atividade industrial está estagnada desde o início do segundo trimestre de 2010."

Máquinas e equipamentos

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, classificou hoje como um "crime contra o Brasil" a decisão do Copom. O dirigente da entidade alertou quanto ao risco da elevação dos juros pressionar o câmbio e "piorar o déficit comercial de setores da indústria de transformação".

"Tentam vender a ideia de que há risco de descontrole da inflação, como se houvesse escassez de bens de consumo ou como se a taxa de juros fosse um remédio eficaz para controlar os preços dos alimentos", afirmou. "Será que o aumento da Selic é o antídoto adequado para segurar o preço do feijão, da batata, da carne ou das commodities?", questionou.

Para Aubert Neto, não há na atualidade sinais de inflação de demanda no Brasil. "Você não tem fila para comprar nada. Não há aumento nos preços dos automóveis e das geladeiras. Os eletroeletrônicos estão com preço em queda", afirmou. Aubert sugeriu que, no lugar de elevar juros, o governo aperte o crédito via aumento dos compulsórios. "Outra medida é limitar o prazo de financiamentos de carros para 36 meses e com 30% de entrada, e o de eletroeletrônicos para 24 meses", propõe.

Comércio

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) criticou a decisão da autoridade monetária. "A Fecomercio entende que seria mais prudente esperar o mercado se estabilizar e, se necessário, aumentar a Selic somente no futuro, uma vez que a ação do BC estrangula o crescimento econômico do País sem lidar com as verdadeiras causas do aumento de preços: guerra cambial e crescentes gastos de custeio da máquina pública", afirmou o presidente da entidade Abram Szajman, em nota.

Para Szajman, a inflação é hoje um fenômeno global. "As commodities sofrem pressão global de preços, o que torna a ação do BC inócua, pois não será a redução de consumo no Brasil o fator de contenção de aumento de preços das commodities. O aumento do preço dos produtos está diretamente ligado às pressões no preço das commodities agrícolas e do petróleo no mercado internacional", acrescentou.

"O aumento da Selic irá impactar na capacidade de consumo das famílias, transferindo para o setor financeiro recursos que circulariam na compra de bens e serviços", criticou. "Parte desse dinheiro até poderia voltar para o comércio, mas, em função dos recentes aumentos dos juros às pessoas físicas e ao encurtamento do prazo para pagamento, certamente teremos a desaceleração do nível de atividade."


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