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Estado de Minas

Produtos aumentam de preço a cada quarteirão da Rua da Bahia

O pastel é exemplo da variação de preços ao longo das calçadas: vendido a R$ 0,25 no começo da Rua da Bahia, chega a custar R$ 1,30 na parte mais valorizada da via


postado em 27/02/2011 08:08

A Rua da Bahia, com cerca de três quilômetros de extensão, tem uma variedade de pastelarias com preços para todos os bolsos. Bem no início, na esquina com Avenida Santos Dumont, o mais barato é vendido no Pão de Queijo Mineirinho: quatro por R$ 1. À medida que se sobe a Bahia, o preço do pastel é inflacionado, até chegar a R$ 1,30, no Emporium Don’Ana, próximo à Rua Antônio de Albuquerque. A diferença é de 420%.

“O ponto aqui é mais simples. As pessoas que frequentam geralmente são aquelas que estão a caminho do ponto de ônibus ou da estação do metrô”, diz o funcionário da Pão de Queijo Mineirinho Jaime Carlos Barbosa. Outra razão é o valor do aluguel do ponto: “É de três a quatro vezes menor do que o de uma lanchonete do outro lado da Afonso Pena”. Os proprietários do estabelecimento têm outras cinco lanchonetes no Centro: Chapolin, Mineirinho, Doce Mel e Soberana e vendem três pastéis por R$ 1. Já a última casa aberta pelo grupo, Capital do Pastel, também na Rua da Bahia, no Edifício Maletta, vende um pastel a R$ 0,70. “A massa é a mesma, mas o recheio é mais caprichado”, informa Barbosa.

Indiferente às nuanças entre sabores, recheios e o teor de gordura, uma caminhada pela Rua da Bahia afora mostra que os preços do pastel são diretamente influenciados pelo ambiente em volta. Logo ao lado do Pão de Queijo Mineirinho o locutor Anderson Rodrigo Ferreira contribui para o poluição sonora. Anuncia, aos gritos, as promoções da Loja Veste Mais, que reduziu os preços da maioria das peças de R$ 25 para R$ 10. “Converso com o cliente, faço entrevista e deixo ele até cantar no microfone”, explica Anderson. Emoldurado por confetes e serpentinas espalhadas no chão, o locutor anuncia seu maior trunfo: “Quem comprar pelo menos R$ 50 ganha um presente”. Qual é? “Surpresa”, responde.

Dois quarteirões à frente, na esquina com Rua Carijós, na Pastelar, três pastéis custam R$ 1,30. O gerente José Maria de Castro informa que a unidade é R$ 0,60. Porém, quem comprar 10 paga R$ 4. A aritmética de ofertas pode ser entendida por uma lógica resumida por Castro: “Passou da Afonso Pena fica mais caro que R$ 0,60”. A Pastelar, que fica abaixo da famosa avenida de BH, vende, em média, 4 mil pastéis por dia, e o principal acompanhamento é o refresco (R$ 1). O recheio predileto da freguesia é o de carne.

A escalada do preço do pastel segue depois de atravessar dois quarteirões e a Avenida Afonso Pena – a temida “linha” divisória do preço. Na Pastelândia, que faz esquina com a avenida, um pastel custa R$ 0,80 e a promoção anunciada inclui um caldo de cana, com mais dois pastéis: R$ 2,50.

Em frente ao Hotel Othon Palace, a Pastelândia inaugura um segundo momento da Bahia, com construções históricas e importantes para a história da cidade. A rua é parte do projeto original da capital e ligava o centro comercial, principalmente o movimento oriundo da Estação Central, à sede do poder, situada na Praça da Liberdade. A via estreita e movimentada foi palco de porres e leituras de poetas, como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava e Emílio Moura, e, passados mais de um século de sua concepção, ainda conserva a aura boêmia em bares do Edifício Maletta e ostenta suntuosidade no prédio neogótico do Centro de Cultura de Belo Horizonte, na esquina com Avenida Augusto de Lima.

Seguindo adiante, edificações modernas, como a da Biblioteca Estadual e a Arena do Minas Tênis Clube, acompanham a mudança da rua para um perfil residencial, que mescla construções novas e prédios com idade de 20 a 30 anos de construção. Logo depois da Arena, ao cruzar a Rua Antônio de Albuquerque, e passar por um longo hiato de quarteirões de pastelaria, é possível comprar o último pastel da via, no Emporium Don’Ana, por R$ 1,30 a unidade.

 

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