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Estado de Minas

Estudo mostra que governo africano deve aumentar aportes a agricultura


postado em 23/02/2011 08:57

África deve combinar as apostas nos mercados agrícolas interno e global, além de investir em pesquisa, infraestrutura e acesso ao financiamento(foto: REUTERS/Simon Akam )
África deve combinar as apostas nos mercados agrícolas interno e global, além de investir em pesquisa, infraestrutura e acesso ao financiamento (foto: REUTERS/Simon Akam )

O setor público deve aumentar os investimentos na agricultura na África, onde a produtividade agrícola ainda é muito baixa. A conclusão está no estudo Perspectiva para uma Agricultura Comercial na África Subsaariana, divulgado este mês em Maputo pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pelo Banco Mundial.

Em Moçambique, por exemplo, cada hectare gerava cerca de 60 toneladas de mandioca entre 2004 e 2006. No Brasil, a mesma área produzia mais de 100 toneladas. Na Tailândia, chegava a 140. “Aqui, a maior parte da produção é dos pequenos produtores, de pequena escala – máximo de dois hectares”, diz Calisto Bias, diretor-geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. “E a produtividade nessas áreas ainda não é aquela que desejamos. Existe um grande espaço para o aumento da produção das famílias e, por consequência, o aumento da produção nacional”, explica.

De acordo com o diretor, a comercialização e distribuição dos alimentos é outra questão a ser enfrentada. “Isso também inibe a produzir mais. Os produtores ficam apenas no consumo das suas famílias, sem estarem devidamente orientados para o mercado”, afirma Bias.

Em entrevista à TV Brasil no fim do ano passado, o ministro da agricultura José Pacheco indicou que o setor está pronto para dar um salto. “O potencial que o país permite, a curto prazo, sermos uma potência na agricultura, e com uma perspectiva de sustentabilidade”, assegurou. “Isso depende, basicamente, de fazer o uso das nossas capacidades para intervir nas potencialidades agro-ecológicas de Moçambique, para produzirem mais comida”, explicou à época.

No total, 80% da população moçambicana vive basicamente da agricultura, que contribui com cerca de 22% no Produto Interno Bruto do país. As culturas básicas de subsistência são milho, arroz, mapira (espécie de sorgo), amendoim, meixoeira (tipo de cereal), feijões e mandioca. A produção comercial envolve cana-de-açúcar, algodão, tabaco, chá, girassol, copra, gergelim, gengibre, soja, páprica, castanha de caju, entre outras.

O Ministério da Agricultura já disponibiliza sementes e fertilizantes melhorados geneticamente no Instituto de Investigação. “Moçambique já produz quantidades suficientes de milho e mandioca. O problema é a movimentação dessa produção”, diz Calisto Bias. Segundo ele, também já há hortícolas e batata reno em boas quantidades. Quanto ao arroz, o déficit está acima de 300 mil toneladas.

De acordo com o estudo da FAO e do Banco Mundial, a África deve combinar as apostas nos mercados agrícolas interno e global, além de investir em pesquisa, infraestrutura e acesso ao financiamento. No início do mês, as Nações Unidas fizeram um alerta sobre a possibilidade de falta de alimentos nos países da África Austral, afetados por inundações que danificaram grandes extensões de terras agrícolas.

Outro fator que preocupa os especialistas é o aumento internacional nos preços dos alimentos, que levou 44 milhões de pessoas à pobreza em países em desenvolvimento, desde junho passado. O dado consta de um relatório do Banco Mundial divulgado antes do encontro dos ministros das Finanças do G20, em Paris. De acordo com o Food Price Watch, índice do preço dos alimentos do Banco Mundial, o acréscimo foi da ordem de 15% entre outubro de 2010 e janeiro de 2011 – 29% acima do verificado ano passado.


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