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Estado de Minas BELEZA INCLUSIVA

Selena Gomez cria maquiagem para pessoas com deficiência

Blogueiras analisam embalagens inclusivas da marca fundada pela artista, que foram desenvolvidas para pessoas com mobilidade reduzida


11/08/2022 10:00 - atualizado 11/08/2022 11:36

Montagem com duas imagens: a primeira é Selena Gomez, uma mulher branca de cabelos e olhos escuros. Ela posa com ambas as mãos abaixo de seu queixo e usa seus produtos de maquiagem. A segunda são os produtos da marca Rare Beauty, dispostos em linha.
Marca de maquiagem de Selena Gomez tem embalagens que facilitam a abertura do produto para pessoas com mobilidade reduzida (foto: Rare Beauty/Divulgação)

A Rare Beauty, marca de beleza idealizada e fundada pela artista Selena Gomez, chegou ao Brasil. Para além das novidades envolvendo produtos que já estavam viralizados nas redes sociais por sua boa qualidade, a linha de cosméticos também era muito aguardada por conta de suas embalagens, desenvolvidas para pessoas com mobilidade reduzida.

Em 2015, Selena Gomez revelou ao público, pela primeira vez, sofrer de uma doença autoimune, o lúpus que, em momentos de crise, enfraquece as articulações e restringe a mobilidade. Outros sintomas que podem acometer pessoas com lúpus são depressão e ansiedade e, por estes motivos, quando desenvolveu a marca, a artista pensou em como auxiliar este público específico, abrangendo, também, pessoas com deficiência (PcD).

Além de embalagens pensadas para não precisar usar tanta pressão ou a força dos dedos ao abri-las, a marca também faz parte do Rare Impact Fund, cuja meta é arrecadar US$ 100 milhões nos próximos dez anos para ajudar a preencher as lacunas nos serviços de saúde mental dos Estados Unidos, principalmente em comunidades pobres. Para atingir esse objetivo, 1% das vendas dos produtos da Rare Beauty são direcionados ao fundo.

Acessibilidade da marca

A jornalista, influenciadora e ativista PcD Ana Clara Moniz conta que grande parte da dificuldade que pessoas com deficiência têm em relação à maquiagem é causada pela anatomia das embalagens, e não pelo produto em si. “Apesar de pouco falado, as embalagens foram pensadas anatomicamente para que ela e outras pessoas com fraqueza muscular conseguissem usar. É o caso das embalagens da base, do corretivo e até dos batons, que são achatadinhos nas pontas e facilitam na hora de abrir”, explica ela em uma publicação em suas redes sociais.
 

Ela conta que, quando soube desse diferencial, ficou ansiosa para experimentar os produtos. “A marca da Selena não preza só pela beleza natural, mas também pela beleza natural acessível para todos. Pode parecer bobo, mas foi com ela [Selena] que aprendi a ser eu; a me entender, respeitar, lidar com uma doença e até mesmo a me expor mais na internet”, relata Ana Clara em uma outra postagem.

Com a viralização de vídeo falando sobre o tema, a Sephora Brasil a convidou a participar do evento de lançamento da Rare Beauty no dia 3 de agosto. “Gastei meu inglês com gente importante, fiz amizades e até cantei no karaokê com amigos que fiz na hora. Pude ser eu mesma e ver outras pessoas sendo elas mesmas”, relata a jornalista. Apesar disso, ela pontua que mais pessoas com deficiência poderiam estar presentes. "Mas é um começo e um grande avanço comparado a outras marcas que nem sequer pensam na gente.”

Marina Melo, também blogueira e ativista PcD, conta que a maioria das marcas de maquiagem reproduz o que ela chama de ‘capacitismo inconsciente’, quando pessoas com deficiência são desvalorizadas ou desqualificadas com base no preconceito em relação à capacidade corporal ou cognitiva – sem ao menos perceberem que o estão fazendo. “As marcas [em geral] não pensam; eles têm que aprender. Com a chegada da Rare Beauty ao Brasil, é hora de cobrar as outras marcas. [A partir desse lançamento], eles vão ter um olhar, vão conseguir ver esse mercado”, explica.
 
 
Para ela, o processo de desvinculação das marcas do capacitismo será um processo difícil, mas os primeiros passos já são visíveis. “Estamos vendo algum resultado, vendo o posicionamento de marcas, a presença de pessoas com deficiência em eventos, em novelas, e até a Barbie”, conta Marina. 

Faltam opções no mercado

Apesar da grande diversidade de produtos encontrados no mercado de cosméticos, são poucos aqueles que atendem à população PcD, que é bastante diversa. “Tento adquirir produtos que façam com que eu tenha independência na hora de me cuidar em todas as áreas possíveis, e com maquiagem não seria diferente, mas acho difícil falar de marcas que sejam acessíveis para pessoas com deficiência, até porque cada pessoa com deficiência tem um tipo de necessidade diferente”, explica Ana Clara.

Para a influenciadora, a Rare Beauty é uma das primeiras marcas que pensaram nesse público, desde o desenvolvimento até o lançamento dos produtos. “A acessibilidade foi pensada em todos os detalhes, até porque a própria Selena tem fraqueza muscular. As marcas [em geral] precisam olhar para as pessoas com deficiência e fazer com que elas participem dos processos de desenvolvimento dos produtos. No Brasil, temos 45 milhões de pessoas com deficiência, que também são consumidores, então para as marcas também seria vantajoso que tivessem essa preocupação”, comenta ela.

Fã da Selena Gomez desde os seus 9 anos de idade, Ana Clara contou ao DiversEM como foi participar do evento de lançamento da marca da artista no Brasil. “Fiquei muito feliz de verdade, principalmente por ser uma pessoa com deficiência e estar lá representando esse público, testando as embalagens e vendo o que funcionava para mim”, relata.
 

Ela também conta que se surpreendeu com a diversidade de pessoas presentes, o que reforçou o posicionamento da marca. “Estiveram presentes muitas pessoas diversas, o que me deixou positivamente surpresa e com o coração quentinho. Foi muita gente diversa e importante se divertindo, conhecendo e testando os produtos e ficamos felizes em saber que a preocupação da marca não é que a gente exponha nossas ‘imperfeições’, mas sim que a gente possa realçar a nossa beleza natural e única de cada um”, completou.

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