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Estado de Minas ACESSIBILIDADE

Pessoas com deficiência apontam falhas de acessibilidade em festivais

A Pequena Lô, por exemplo, teve que ser carregada para chegar a um palco no LollaBR. Veja como será a acessibilidade do Breve Festival, neste sábado (9/4)


06/04/2022 09:00 - atualizado 12/04/2022 18:05
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Imagem de um dos palcos do Lollapalooza. Há muitas pessoas na plateia e a cantora no palco é MARINA, que veste roupas verdes e aparece no telão.
Lollapalooza Brasil teve falta de acessibilidade (foto: Natasha Werneck/EM/DA PRESS)


O retorno de eventos de grande porte em decorrência do enfraquecimento da pandemia da COVID-19, apesar de animador para muitas pessoas, tornou-se motivo de preocupação para o público PcD (pessoas com deficiência). Este grupo que, há tempos, luta por seus direitos e por seu espaço na sociedade, é um dos mais afetados quando não há uma boa estrutura do ambiente e um bom preparo da organização.


A edição deste ano do Lollapalooza Brasil, que aconteceu entre os dias 25 e 27 de março em São Paulo, foi um dos maiores exemplos dos últimos anos. A organização prometeu, com fortes ações de marketing, um evento agradável e acessível para o seu público PcD, mas a experiência entregue, para muitos, foi humilhante, cansativa e traumática.

Denúncia nas redes

Montagem de três fotos, cada uma de uma influenciadora. A primeira, da esquerda para a direita, é Lorena Eltz. Ela é loira, pequena, possui várias tatuagens e uma bolsa de colostomia acoplada ao corpo. A segunda foto é a Pequena Lô. Ela é pequena e usa uma motinha motorizada para se locomover. Tem cabelos pretos e usa óculos escuro. A terceira é Giovanna Massera. Ela é ruiva e usa óculos de grau.
Influenciadoras denunciam falta de acessibilidade no Lollapalooza Brasil 2022 (foto: Redes Sociais/Reprodução)


Influenciadores PcD que foram convidados para o evento relataram várias dificuldades e situações vexatórias que geraram revolta nas redes sociais. A influenciadora e comediante Lorrane Silva (Pequena Lô), por exemplo, que foi chamada para trabalhar no Lollapalooza, teve que ser carregada no colo até um dos palcos que não possuía rampa e cujo elevador estava quebrado.

Outros casos como o de Lorena Eltz e de Giovanna Massera também ganharam relevância na internet. Lorena carrega uma bolsa de colostomia e não conseguiu chegar a um banheiro acessível e prioritário para PcD, o que resultou no vazamento de sua bolsa, sujando suas roupas e calçados. Já Giovanna possui lúpus e anda com o auxílio de uma bengala. Com a dimensão do espaço do evento, solicitou uma cadeira motorizada à organização, que entregou uma com defeito que, além de atolar diversas vezes na lama, quase queimou a perna da influenciadora.

Em nota, o Lollapalooza Brasil diz que um de seus compromissos é realizar um evento inclusivo e que, a cada ano, aprimora sua estrutura e pensa em melhorias para que todos tenham uma boa experiência. Segundo a assessoria, o evento contou com um portão de acesso dedicado a pessoas com deficiência, carrinhos de golfe para transporte, plataformas elevadas e equipamentos motorizados para facilitar a locomoção pelo espaço, além de intérpretes de LIBRAS e de aparelhos de áudiodescrição.

Capacitismo

Apesar das denúncias sobre a estrutura do evento e a falta de preparo da equipe, nas redes sociais, alguns internautas chegaram a culpar as vítimas. Pequena Lô foi uma das pessoas a receber comentários de que PcD não deveriam ter ido ao festival. “Acabei de ver alguns comentários sobre o que aconteceu comigo e com outras pessoas no Lolla; sobre a falta de acessibilidade; falando que os errados somos nós de irmos nesse evento sabendo que não tem acessibilidade”, escreveu ela em seu perfil no Twitter.

Comentários como esse revelam o capacitismo que ainda se expressa fortemente na sociedade. O capacitismo caracteriza uma visão preconceituosa que enfatiza a deficiência, deixando a individualidade das pessoas em segundo plano. Segundo a Lei  Nº 13.146/2015, referente ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, é recomendado que a discriminação contra pessoas com deficiência seja reconhecida como crime de violação de direitos, sujeito a pena de um a três anos de reclusão, além de multa.

A autonomia de PcD também depende da acessibilidade e, por isso, também é estabelecida sua obrigatoriedade em eventos. Em 2019, foi publicada a Lei Nº 13.825, que estabelece a obrigatoriedade de disponibilização, em eventos públicos e privados, de banheiros químicos acessíveis a pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
 

Acessibilidade no Breve

Visão do palco para uma multidão
Breve Festival ocorrera no próximo sábado (9/4) (foto: Phillipe Guimarães/Divulgação)
 
O Breve Festival, um dos maiores eventos de música da cena belo-horizontina, ocorre no próximo sábado e, segundo a assessoria, a equipe está preparada para receber seu público PcD. Confira a descrição na íntegra:

“Teremos acesso especial para PCD, tanto na portaria do exclusiva do Open Bar, quanto na portaria Geral e também teremos uma equipe de suporte para atender durante o acesso.

Além disso, teremos um espaço exclusivo, nos palcos principais, sendo um na Esplanada Norte e outro na Esplanada Sul. O Palco Sul fica bem próximo a entrada do acesso Geral, enquanto que o palco da esplanada fica próximo a entrada exclusiva do acesso ao open bar.

Com relação aos outros palcos, o cenário é o seguinte: 
Palco eletrônico:
Teremos um acesso exclusivo para PCD através do food park, que fica localizado embaixo da Esplanada. O caminho até esse espaço é através das rampas de acesso que saem da Esplanada norte e sul.
No food park, teremos uma equipe para auxiliar em caso de qualquer necessidade.

Palco Radar de novidades:
Infelizmente a estrutura do Mineirão não nos permite criar um acesso direto para PCD, porém contaremos com uma equipe de brigadistas de apoio tanto na parte superior da escada, quanto na inferior, para todos os auxílios necessários!”
 

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podcast DiversEM é uma produção quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar além do convencional. Cada episódio é uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar único e apurado de nossos convidados.

 
 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 


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