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Estado de Minas LANÇAMENTO

João Luiz, do BBB21, lança livro que fala de racismo, geografia e história

'De calopsitas ao racismo', livro de João Luiz mostra como a geografia está presente nas nossas vidas


02/02/2022 14:29 - atualizado 02/02/2022 19:20

João Luiz ,vestido de jeans, em um fundo branco
João Luiz, do BBB21, lança livro sobre assuntos da atualidade (foto: Divulgação)

Apresentando uma abordagem que mostra como a geografia está presente em diversos campos do nosso dia a dia, João Luiz, que participou do BBB21, lançou "Como essa calopsita veio parar no Brasil?". "É um livro que vai conversar com o público, vai fazer com que a gente perceba o mundo sob uma nova ótica, e não só essa que a gente acha que é, porque nem sempre o que a gente acha, é o que é de verdade", conta João.

O ponto de partida foi sua calopsita, Marieta Piticas, e a busca por tentar entender como essa espécie veio parar no Brasil. A partir daí, Joao resolveu escrever um livro que trouxesse o contexto historio e social para situações que acontecem nos dias de hoje. Desde o debate "bolacha ou biscoito?" até explicações da construção do que hoje vemos como racismo e negacionismo, o livro estabelece uma linguagem em tom de diálogo, que torna a leitura leve.

"Às vezes a gente fica pensando que essas questões de negacionismo, terra plana, fake news, a gente acha que isso é uma grande viagem. Mas a gente não se volta a entender o que está por trás disso, qual a história desse movimento, porque esse movimento emerge de uma forma tão absurda?", reflete o autor.

Seu maior desafio foi e afastar da linguagem acadêmica que estava acostumado e encontrar uma forma acessível de mostrar a importância das ciências humanas na formação da sociedade. Matérias como geografia e história, que estão muito presentes na obra, recorrentemente são deixadas de lado como menos importantes frente à matemática e ciências da natureza. Em geografia, muito mais que estudar mapas, é uma disciplina que aborda política, atualidade e traz o debate para as salas de aula.

João defende a informação e a educação no Brasil como forma de construir um futuro melhor desde sua participação no Big Brother. "O BBB teve essa capacidade de me colocar num lugar de acesso que nem todos os professores tenham", reflete.

Desconstruindo esteriótipos

João dedica alguns capítulos de seu livro a debater diversos tipos de preconceitos, como linguísticos e culturais. Um dos capítulos fala exclusivamente do continente africano, com o intuito de deslegitimar a imagem de que a África é uma coisa só, mas sim composta de 54 países e a construção da nossa história, enquanto povo brasileiro, passa também pela história da África.
João Luiz sentado em um sofá olhando serio para a câmera
De calopsitas ao racismo, livro de João Luiz mostra como a geografia está presente nas nossas vidas (foto: Roberto Trupas)

Um exemplo usado pelo ex-BBB é a questão dos sobrenomes. Geralmente os sobrenomes de famílias de origem europeia são facilmente identificados e expostos como motivo de orgulho, por outro lado, sobrenomes como Silva, são desmerecidos e sua origem imprecisa.

"Você consegue achar isso em uma pesquisa na internet em 5 minutos ‘qual é a origem do sobrenome tal’, mas porque a gente não tem esse direito de reconhecer nossa própria história? Então eu acho que está tudo ligado, e é meu intuito principal nesse capitulo, não só entender que a África é um continente diverso, com várias especificidades, como também o direito de a gente reconhecer a nossa história", declara.

Outro ponto abordado pelo professor é o senso comum de que os países norte-americanos e europeus são melhores que o Brasil. "Pegava uma foto de um centro urbano super sujo e perguntava ‘de onde você acha que é isso?’, todo mundo falava ‘Rio de Janeiro... São Paulo’, e era um lugar assim, tipo esquina da torre Eiffel", conta. "A gente acha que roubo, situação de rua, furto, é um problema do Brasil, mas é um problema de vários lugares. Centros urbanos vão ter esse problema, não tem jeito", completa.

Linguagem também é geografia

Além de falar sobre regionalismos, como bolacha vs biscoito ou aipim vs mandioca vs macaxera, e defender que não existe certo nem errado, mas sim manifestações culturais distintas que devem ser respeitadas, João aborda o tema do pronome neutro.
João Luiz, de óculos de sol marrom
João mostra como a geografia está presente no nosso dia a dia (foto: Thiago Bruno)

Muitas pessoas defendem que o pronome neutro não existe e nem deveria existir na língua portuguesa, que tal mudança descaracterizaria o idioma. Outras defendem que o pronome neutro é uma forma de respeito e inclusão. 

De fato, a língua portuguesa, assim como outros idiomas, é algo vivo, e que está em constante mudança. Um exemplo claro são os acordos ortográficos, que são oficialmente ajustados de tempos em tempos e as mudanças orgânicas como o "vossa mercê", que se tornou "vossemecê", depois "vosmecê" e chegou no atual "você".

"Eu acho que tem uma ideia da linguagem neutra que é um campo de desafio e de debate dentro da língua portuguesa, acho que é o momento de dialogar", reflete João.
 

De corpo e alma

João dedica o ultimo capitulo de lançou "Como essa calopsita veio parar no Brasil?" para contar experiências pessoais de racismo vividas ao longo da vida. O autor explica que, melhor que contar histórias de outras pessoas, é contar suas próprias vivências, e ao fazer isso, criar também uma conexão com o leitor e um convite a refletir sobre como outros aspetos trabalhados ao longo do livro culminam para explicar porque o racismo ainda contece.

"A gente não espera realmente que isso esteja em um livro de geografia ao mesmo tempo que a gente não espera que uma discussão de biscoito/bolacha não vai estar. Então é mesmo de contar isso, de entender que várias coisas que acontecem na nossa vida, até no âmbito mais íntimo e sentimental, está relacionado (com a geografia)", declara.

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