Britney Spears  olhando para a esquerda

"A Mulher Em Mim", livro de memórias de Britney Spears, será lançado dia 24 de outubro

Anthony Harvey/AFP

“A Mulher em Mim”, livro de memórias de Britney Spears, ainda nem foi lançado e já está dando o que falar. Com lançamento mundial programado para 24 de outubro, a revista americana People publicou uma prévia da obra, na qual a cantora fala sobre a relação com o pai e como foi viver sob sua tutela por quase 14 anos. 

A Justiça dos Estados Unidos (EUA) concedeu ao pai Jamie e a um advogado o controle total sobre os assuntos financeiros e pessoais de Spears em 2008, quando ela tinha 27 anos. Jamie alegava que a filha era mentalmente instável e incapaz de cuidar de si mesma. 

A decisão foi revogada apenas em 2021, muito apoiada pelo movimento “Free Britney” (liberte Britney em tradução livre), iniciado pelos fãs. Com isso, a cantora se sentiu finalmente livre para falar por si mesma e contar a própria história para o mundo.

"Nos últimos 15 anos ou mesmo no início da minha carreira, eu me recolhi enquanto as pessoas falavam de mim e contavam a minha história. Depois de sair da minha tutela, finalmente fiquei livre para contar minha história sem consequências por parte das pessoas responsáveis %u200B%u200Bpela minha vida", escreveu. "Finalmente chegou a hora de levantar minha voz e falar abertamente. E meus fãs merecem ouvir isso diretamente de mim. Chega de conspiração, chega de mentiras – apenas eu sou dona do meu passado, presente e futuro", continua.

Nem menina, nem mulher

No trecho divulgado, a cantora conta que foi infantilizada e despojada de sua feminilidade durante o período da tutela. 

“Eu me tornei um robô. Mas não apenas um robô – uma espécie de criança-robô. Fui tão infantilizada que estava perdendo pedaços do que me fazia sentir eu mesma”, escreve Spears. “A tutela me despojou da feminilidade, me transformou em uma criança. Tornei-me mais uma entidade do que uma pessoa no palco. Sempre senti música em meus ossos e em meu sangue; eles roubaram isso de mim”, completa.

“Isso é o que é difícil de explicar, a rapidez com que pude oscilar entre ser uma menina, ser uma adolescente e ser uma mulher, pela forma como me roubaram a liberdade. Não tinha como me comportar como adulta, pois não me tratavam como adulta, então eu regredia e agia como uma garotinha; então, meu eu adulto voltava – só que meu mundo não me permitia ser adulta”, diz trecho do livro.

No livro, Spears também relata a dualidade de ter que mostrar um lado sexy e selvagem nos palcos e não ter liberdade fora dele, fazendo tudo o mais mecânico possível. Além disso, ela afirma que isso representou a morte de sua criatividade como artista. 

“A mulher que há em mim foi empurrada para baixo por muito tempo. Eles queriam que eu fosse selvagem no palco, do jeito que me disseram para ser, e que fosse um robô o resto do tempo. Eu senti como se estivesse sendo privada daqueles bons segredos da vida - aqueles supostos pecados fundamentais de indulgência e aventura que nos tornam humanos. Eles queriam tirar essa especialidade e manter tudo o mais mecânico possível. Foi a morte da minha criatividade como artista.”

Momento de rebeldia

Britney também aborda a relação com o próprio corpo ao longo da vida. Ela conta que era observada de cima a baixo e recebia diversos comentários sobre sua aparência desde a adolescência. Ela conta que o pai repetidamente a dizia que estava gorda e que precisava fazer algo a respeito. 

Para reagir ao controle sobre aparência, a cantora raspou a cabeça em 2007. Entretanto, o ato de rebeldia contou mais a favor do pai, e fortaleceu a narrativa de que estava mentalmente instável. 

“Raspar a cabeça foi minha maneira de reagir”, escreve ela. “Mas sob a tutela fui levada a entender que esses dias haviam acabado. Tive que deixar meu cabelo crescer e voltar à forma. Tive que ir para a cama cedo e tomar todos os medicamentos que me disseram para tomar.”

A cantora também fala que o pai dizia que ela não era boa o suficiente para nada, e isso ficou marcado em Britney por toda a carreira. “Ele incutiu essa mensagem em mim quando era menina e, mesmo depois de eu ter conquistado tantas coisas, ele continuou a fazer isso comigo”, diz trecho do livro.

Aborto

Britney Spears e Justin Timberlake se olhando

Britney Spears e Justin Timberlake namoraram entre 1999 e 2002

AP Photo/Chris Pizzello


A autobiografia também revela que Britney chegou a ficar grávida de Justin Timberlake, com quem teve um relacionamento entre 1999 e 2002. Entretanto, cantora conta que Justin tinha certeza de que não queria ser pai e, por isso, optou pelo aborto. 

“Foi uma surpresa, mas para mim não foi uma tragédia. Eu amei muito Justin. Sempre esperei que um dia teríamos uma família juntos. Isso seria muito mais cedo do que eu esperava. Mas Justin definitivamente não estava feliz com a gravidez. Ele disse que não estávamos prontos para ter um filho em nossas vidas, que éramos muito jovens”, relatou ela no livro.  

No trecho do livro, ela afirma que se dependesse apenas dela, nunca teria abortado. “Se tivesse sido deixado sozinho, eu nunca teria feito isso. E ainda assim, Justin tinha tanta certeza de que não queria ser pai”, escreveu no livro. “Até hoje, é uma das coisas mais agonizantes que já experimentei em minha vida”, completa.