Pianista Vitaly Pisanrenko

O pianista Vitaly Pisarenko afirma que seu 'programa coreográfico' desta noite é 'bonito e poderoso'

Andreea Tufescu /divulgação

'Tenho uma relação especial com o Brasil. Aqui está o meu clima favorito, amo como as pessoas daqui são abertas e amigáveis. Também adoro a comida. Vocês são muito abençoados'

Vitaly Pisarenko, pianista


Mesmo se esforçando, Vitaly Pisarenko não consegue se lembrar se esta é sua quinta ou sexta vez no Brasil, país que ele diz amar. O pianista ucraniano faz concerto nesta terça-feira (5/9), em Belo Horizonte, depois de tocar em Belém do Pará no último sábado (2/9).

O público ouvirá um “programa coreográfico” – nas palavras dele –, no Centro Cultural Unimed BH-Minas. O repertório reúne peças ligadas à dança: as “polonaises”, de Chopin, “Romeu e Julieta”, de Sergei Prokofiev, e “A valsa”, de Ravel.

“Já queria fazer essa combinação há bastante tempo. É um programa maravilhoso, todos esses músicos foram gênios. O repertório funcionou muito bem, é muito bonito e poderoso”, garante o convidado da série Concertos Gerdau.

Menino prodígio

Vitaly Pisarenko, de 36 anos, iniciou os estudos do piano aos 5. Aos 6, fez o primeiro recital. “Meus pais tinham um piano em casa, na Ucrânia, e me lembro de tentar tocar algumas músicas nele. Então, pedi para me matricularem em uma escola de música. Foi assim que começou”, relembra.

Quando completou 10 anos, Vitaly se mudou para Moscou. Graduou-se no conservatório e em 2013, aos 12, foi para Londres, onde construiu sua carreira. Feliz, conta que acabou de obter o título de professor doutor do Royal College of Music, na capital inglesa. É uma das instituições do gênero mais respeitadas do mundo.

Pisarenko ganhou reconhecimento mundial após vencer o 8º Concurso Internacional de Piano Franz Liszt, em Utrecht, na Holanda, e de ficar em terceiro lugar no Concurso Internacional de Piano Leeds, em 2015, na Inglaterra.

Animado em voltar a fazer ao palco depois da paralisação imposta pela pandemia, conta que costumava viajar a cada duas semanas antes da crise sanitária. Vem sendo difícil voltar ao ritmo, admite, principalmente devido aos diferentes fusos horários implícitos em sua agenda.

O artista já se apresentou em 30 países. “Amo toda a América Latina, mas tenho uma relação especial com o Brasil. Aqui está o meu clima favorito, amo como as pessoas daqui são abertas e amigáveis. Também adoro a comida. Vocês são muito abençoados, realmente amo este país”, elogia.

No meio da guerra

Radicado na Inglaterra, Pisarenko sofre as consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Nascido em Kiev, capital ucraniana, ele é filho de russo e morou em Moscou.

“Em certa medida, a guerra chegou a me afetar, porque tenho passaporte russo e, durante um período, não consegui visto para entrar em alguns países”, comenta.

Explicando que sua opinião é formada, em grande parte, pelo que ouve de amigos e familiares, além das redes sociais, ele afirma que os artistas russos não são bem aceitos em alguns lugares – isso depende da posição deles em relação ao governo de Moscou. “Aqueles que não se posicionam contra sofrem consequências”, diz.

O pianista prefere não comentar o caso da cantora lírica russa Ana Netrebko, que perdeu alguns contratos por escolher não denunciar o governo Putin.

Pisarenko lamenta a guerra, que se arrasta desde fevereiro de 2022. “Toda essa situação é completamente horrível e cruel. No geral, tem afetado mais os artistas e a população ucraniana, porque são eles que vêm sendo bombardeados. É uma tragédia terrível”, afirma.

PROGRAMA

»  Frédéric Chopin

“Polonaise em lá maior op.40  nº1/ Militar”
“Polonaise em ré menor op.71 nº1”

»  Sergei Prokofiev
Dez peças do balé “Romeu e Julieta” op.75

»  Maurice Ravel
“La valse”

VITALY PISARENKO

Concerto solo de piano. Nesta terça-feira (5/9), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), à venda na bilheteria e no site Eventim.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria