A atriz Lizzy Caplan olha para o ator Joshua Jackson em cena de Atração fatal

Lizzy Caplan e Joshua Jackson interpretam os protagonistas na série do Paramount+

Paramount /Divulgação

Em 1987, o filme “Atração fatal” serviu para advertir espectadores sobre os limites e perigos de um adultério. Na época, o recado deu certo: o longa-metragem estrelado por Michael Douglas e Glenn Close não apenas faturou mais de US$ 320 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão no câmbio atual), mas também foi indicado a nove estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor filme.

A trama segue o caso tórrido de um homem casado, Dan Gallagher (Douglas), com a executiva obstinada Alex Forrest (Close), que acaba virando um pesadelo para ele, ao mostrar tudo o que é capaz de fazer para não perdê-lo. Em entrevistas, a atriz disse que vários fãs do sexo masculino já lhe agradeceram por salvarem seus casamentos – após o impacto da obra, eles teriam optado por se manterem fiéis às esposas.

Mas, afinal, será que uma história assim faria sentido em 2023? É essa pergunta que Joshua Jackson fez para a showrunner de “Atração fatal”, a série, que acabou de estrear no serviço de streaming Paramount+, quando foi convidado para reinterpretar o personagem que foi de Douglas.
 
Michael Douglas e Glenn Close abraçados em foto promocional do filme Atração fatal

Michael Douglas e Glenn Close: o adúltero e a amante do megassucesso que disputou o Oscar

Paramount/divulgação
 

“Afinal, por que contar essa história tão particular agora? Examinei bem o que (a showrunner) Alexandra Cunningham traria agora, não queria que fosse apenas uma história em que Dan arrisca a vida em nome de seu orgulho”, conta Jackson, em entrevista por vídeo. “O filme vai até o clímax e termina, mas, na série, temos a oportunidade de ir até o passado e mostrar como tudo isso interfere no futuro.”

Neste momento em que Hollywood tem se voltado aos remakes, o de “Atração fatal” mergulha na história original com ressalvas. A trama é ambientada em Los Angeles (e não Nova York, como no filme) e coloca Dan em outra profissão: ele é promotor público e, logo nos primeiros minutos da série, aparece preso sob a acusação de matar Alex (Lizzy Caplan). Liberado após 15 anos de pena, está disposto a limpar seu nome por um crime que não cometeu.
 

Flashbacks

Há duas linhas narrativas, que se entrelaçam com diferentes flashbacks. Uma delas, em 2008, mostra a intensidade do caso extraconjugal de Dan e Alex, mesmo que os dois estejam vivendo momentos bem distintos na vida. Enquanto ela é cheia de inseguranças, o promotor em ascensão leva uma vida feliz ao lado da mulher, Beth (Amanda Peet).

Apesar de um caso entre os dois parecer improvável, Dan e Alex se envolvem e protagonizam cenas quentes que nada deixam a dever às mostradas no longa original. “Não acho que sexo, tensão sexual, casos extraconjugais... nada disso é moderno, é algo que sempre esteve com as pessoas. Essa história é sobre como nós lidamos com nossos 'demônios' (risos), só que em uma praça pública”, frisa Jackson.

A segunda linha narrativa do seriado avança no tempo até o momento em que Dan deixa a prisão. Assim, “Atração fatal” consegue introduzir novos pontos de vista. É o caso da trama de Ellen (Alyssa Jirrels), filha de Dan e Beth, que traz para o debate a falta de aproximação com a família – afinal, o pai dela ficou preso por 15 anos.

Outra personagem que ganha mais luz é Beth, já que suas emoções estão à flor da pele por descobrir a traição de Dan. Há um misto de calmaria e desequilíbrio em suas ações, que dão uma boa dose de verossimilhança à história.

O lado de Alex também é explorado com mais detalhes. Fica mais claro por que a personagem leva tudo tão ao extremo. A motivação não é somente uma gravidez, como no filme. Mesmo assim, os fãs poderão notar pequenas referências ao longa, como o momento em que Alex repete uma de suas frases mais icônicas: “Eu não vou ser ignorada, Dan”.

Cultura repressiva permanece

Para Jackson, a explicação para essas situações continuarem fazendo sentido no mundo atual é que, mesmo que 35 anos tenham se passado, algumas coisas parecem não ter mudado tanto assim. “Seguimos vivendo em uma cultura repressiva”, avalia.

“Olha os Estados Unidos, um país enorme, mas ainda cristão e com questões sexuais muito escondidas. Nossa cultura é um reflexo de nós todos. Esses desejos proibidos são reflexos de nossos desejos pessoais que não são externados, justamente por nos jogarem contra essa cultura.” 

“ATRAÇÃO FATAL”

• Minissérie com oito episódios. Três deles já estão disponíveis no Paramount + . Os demais serão lançados semanalmente.