Banda U2 se apresenta no palco durante show na Índia

U2 leva para o novo projeto "Songs of surrender" a releitura contemporânea de antigas canções

Punit Paranjbe/AFP/15/12/19

Ausente há quase 10 anos de Belo Horizonte, a banda U2 Cover Brasil retorna neste sábado (18/3) à cidade, trazendo ao Minascentro o espetáculo “U2 audiovisual experience – In concert”, inédito na capital. Por coincidência, o show é realizado na mesma semana em que a banda irlandesa voltou aos holofotes, com o projeto “Songs of surrender” e a perspectiva de novo álbum de inéditas.

Integrando a programação do 2º Festival Nacional de Bares e de Rock, a performance vai contar com grande estrutura multimídia. Além da banda cover executando músicas de todas as fases do U2, há projeções em telões gigantes de LED, participação de orquestra e de bailarina de dança do ventre, além de equipamentos de som e iluminação de última geração.

Vídeos interativos

Fabio Dragonne, fundador e vocalista do U2 Cover Brasil, destaca que os vídeos interativos – muitos deles usados nas turnês do próprio grupo formado por Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. – não apenas acompanham as músicas, mas complementam a vivência imersiva do público.

“Tem gente que coloca somente gráficos em shows, mas o nosso espetáculo não. São vídeos em HD, interativos, que têm comunicação de sentido. Não existe intervalo entre as músicas, porque as imagens preenchem essa lacuna”, diz, citando como exemplo o vídeo usado por Mike Pellington para o clipe de “One”. “Esse dos búfalos tem o significado de você seguir sua vida sozinho, mas interagindo com as pessoas”, aponta.

Dragonne destaca, também, o trecho do célebre discurso de Martin Luther King, conhecido pela frase “I have a dream”, projetado durante a execução de “Pride (In the name of love)”. O vocalista sublinha que são imagens selecionadas com o intuito de passar uma mensagem.

“Costumo dizer que é uma sinergia audiovisual com integrações sensoriais de banda ao vivo, orquestra, construção cênica e projeções de alta qualidade”, ressalta.
 
Cantor da banda U2 Cover Brasil faz show no palco, sob luzes de holofotes e luz cor de rosa. Ao fundo, telão mostra bailarina

U2 Cover Brasil se apresenta em BH, prometendo "sinergia audiovisual" e "viagem no tempo" aos fãs

Carmela Mezani/divulgação
 

Criado há 25 anos, o U2 Cover Brasil fez cerca de 2 mil shows em 18 estados brasileiros, alcançando público estimado em 3 milhões de pessoas, informa Dragonne. O espetáculo que chega a Belo Horizonte estreou há quatro anos com o propósito de ampliar esses números.

Orquestra Barros no palco

“Ele foi concebido praticamente com a mesma estrutura que o público vai conferir no Minascentro. A novidade é a orquestra, que a gente está inserindo agora”, aponta. Fabio Dragonne chama a atenção para o fato de a formação local agregar elementos  ao espetáculo.
 
“É a Orquestra Barros, da família Barros, muito atuante em Minas Gerais. Estou sentindo nos ensaios uma coisa muito bonita, muito emocionante, porque tem toda essa tecnologia, todo esse desenho grandioso que remete às produções do U2, mas com a presença de uma orquestra familiar, local, que dá tempero muito especial à apresentação”, destaca.
 
O repertório de “U2 audiovisual experience – In concert” é composto por músicas de todas as fases da banda irlandesa. Trata-se de uma viagem no tempo, diz o vocalista, passando pelos sucessos  “With or without you”, “Beautiful day”, “One” e “Every breaking wave”, entre outras músicas.

“A gente conta uma história com os hits e também incluindo os lados B para os fãs mais aficionados”, pontua.

O vocalista diz que as letras do U2 trazem mensagens sintonizadas com seu modo pessoal de sentir e pensar. “Tenho formação mais cristã, espiritualista, e sempre me identifiquei com os ideais do grupo, com músicas que têm um tom de positividade e falam de Deus, ainda que dentro de margem grande de possibilidades de interpretação. São temáticas que vão ao encontro da minha filosofia de vida”, afirma.

Movido por essa identificação, o vocalista pensou em criar projeto que prestasse reverência ao U2, seguindo à risca as propostas da banda. “Existe diferença entre tributo, algo que eu poderia fazer sozinho, e cover, que tem a ver com imitação mesmo, onde é tudo muito estudado, luz, performance, gestual”, explica.

Fidelidade aos irlandeses

Dragonne considera que o esforço para ser o mais fiel possível aos irlandeses tem garantido ao grupo adesão cada vez maior dos fãs do U2 e a expansão de seu raio de ação. Todos os detalhes importam, explica. A começar pela semelhança física dos integrantes do U2 Cover Brasil com os músicos da banda original.

“Comprei os óculos que Bono usa, da campanha Red, que ajuda pessoas com Aids na África. Tenho a mesma guitarra que Bono toca, verde, e a mesma roupa que ele usa, feita de couro sintético. Durante a passagem da turnê do U2 pelo Brasil, em 2011, ganhei da produção do show a réplica de um pedestal de microfone feito especialmente para o Bono, que só ele tem”, detalha.

A busca por tamanha semelhança dá trabalho. “A gente estuda, se encontra frequentemente para ver shows antigos e novos, inclusive com a equipe técnica, para mapear as marcações de palco e a iluminação de cada música. Ao longo da minha carreira, fiz preparação vocal voltada especificamente para interpretar U2”, finaliza Dragonne.

Disco do U2 traz fotos de Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr. e Bono Vox ainda jovens

Novo projeto do U2 traz fotos de Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr. e Bono Vox ainda jovens

Reprodução

U2 reinventa o passado em 'Songs of surrender'

Bono Vox e companhia repassam a própria trajetória à luz dos tempos atuais. A banda U2 acaba de dar a largada, nesta sexta-feira (17/3), no projeto “Songs of surrender”.

Trata-se de um compilado de 40 faixas do catálogo do grupo, recriadas em tom intimista. A guitarra elétrica de The Edge – marca registrada do U2, assim como a voz de Bono – dá lugar a teclados, guitarra acústica e dulcimer, instrumento de cordas percutidas, de origem medieval.
 
De acordo com o site u2songs.com, as 40 músicas serão distribuídas em quatro álbuns, tanto em vinil quanto em CD. Cada disco terá identidade própria, com cada “capa” apresentando um membro da banda.

Novas versões de “Beautiful day”, “Pride (In the name of love)”, “Sunday bloody sunday”, “Vertigo”, “Where the streets have no name” e “Two hearts beat as one” começaram a ser elaboradas após o término da turnê de 2019, quando o grupo passou por Ásia, Austrália e Nova Zelândia. Elas foram concluídas ao longo de 2020 e início de 2021.
 

Em entrevista à agência de notícias Associated Press, The Edge explicou que a motivação para “Songs of surrender” foi o desejo de moldar canções compostas há 40 anos ao que o U2 é hoje, com integrantes na faixa dos 61 e 62 anos.

No início, as músicas eram compostas tendo em mente sobretudo a execução nos palcos, já que o grupo irlandês tinha a necessidade de captar a atenção das pessoas que assistiam ao show pela primeira vez.

“Há uma espécie de aspecto gladiatório para atuações ao vivo quando se está nessa situação. O material tem de ser bastante ousado e até mesmo estridente, por vezes. Com essas recriações, pensamos que seria divertido ver a intimidade como uma nova abordagem”, disse o guitarrista.

Foi ele, aliás, quem conduziu, durante a pausa pandêmica, a maior parte do processo, inclusive cantando algumas músicas originalmente registradas na voz de Bono.

Alegria de recriar

The Edge contou que, de início, não havia propriamente o compromisso de apresentar aos fãs um novo projeto, e que ele foi tomando forma ao longo do processo.

“À medida que entramos numa rotina, começamos realmente a apreciar o que estava sendo feito. Havia muita liberdade no processo, era alegre e divertido pegar essas canções e pensá-las de uma outra forma.”

Com efeito, mesmo as letras chegaram a ser modificadas. Algumas mudanças são sutis, mas notáveis: a substituição da frase “um homem traído por um beijo” por “um rapaz nunca será beijado” retira Jesus de “Pride (In the name of love)”.
 
Há a possibilidade de novo álbum de inéditas do U2, quiçá ainda este ano. The Edge disse que estava trabalhando em músicas novas, com “coisas fantásticas em preparação, bem AC/DC”.

Em 2022, Bono revelou ao The New York Times Magazine que a banda trabalhava em novo álbum “de guitarras barulhentas, intransigente e irracional”. No início deste ano, a partir do anúncio de “Songs of surrender”, no entanto, nada mais foi dito a respeito do registro de inéditas.  (Com Associated Press)

U2 AUDIOVISUAL EXPERIENCE IN CONCERT

• Neste sábado (18/3), às 21h, no Minascentro, Avenida Augusto de Lima, 785, Centro. 
• Setor 1: R$ 280 (inteira) e R$ 140 (meia).
• Setor 2: R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia).
• Setor 3: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia).
• Setor 4: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia).
• Informações: (31) 3658-9140. 
• Vendas on-line na plataforma Sympla