Patricia Lobato e Renato Motha abraçados, com montanhas ao fundo

Renato Motha e Patricia Lobato se inspiraram na força da natureza em torno de sua casa em Casa Branca, em Brumadinho

Beto Benatti/divulgação
Fernando Pessoa (1888-1935) ganha novo tributo da dupla mineira Renato Motha e Patricia Lobato. O álbum triplo “Caeiro”, com 40 faixas, é inspirado nos versos de Alberto Caeiro, o famoso heterônimo do escritor português.

Motha explica que o poeta sempre fez parte da trajetória do casal, que lançou “Dois em Pessoa”, com dois volumes, em 2004 e 2017. A dupla já tem 95 “parcerias” com ele.

“As primeiras músicas sobre poemas do Fernando Pessoa saíram no meu segundo álbum, em 1998. Tudo começou ali. Depois foram lançadas três canções no meu disco de 2001. Em 2004, veio a ideia do projeto dedicado só a ele”, conta Renato  Motha.

“Inicialmente, era para ser um álbum simples, mas quando as músicas começaram a nascer, veio uma torrente e o projeto acabou aumentando. O álbum simples se tornou duplo – um disco de samba e outro de canções”, relembra o compositor.
 

Sucesso no Japão

Para a surpresa de Renato e Patricia, esse disco “aconteceu” primeiro no Japão. “Um portador levou o álbum para lá, um produtor japonês o descobriu e nos contatou. Foi lançado lá e fez muito sucesso. Ficou um ano em segundo lugar como o disco mais vendido, em 2004. Foi muito bacana, porque abriu portas para a gente. Depois disso, fomos ao Japão em turnê por três vezes”, diz Motha.

Em 2017, o produtor japonês encomendou à dupla mineira outro álbum sobre Fernando Pessoa. “A gente fez o volume 2, que ficou em uma lista dos 10 melhores álbuns do ano do Japão”, conta.

No ano passado, a dupla iniciou o projeto do álbum triplo dedicado a Alberto Caeiro. “Ele é um dos três principais heterônimos de Pessoa. É como se fosse o alter ego, aquele guru, o que sabe o que cada um tem dentro de si”, comenta o compositor. “É interessante, porque a poesia dele é toda dedicada à natureza, com conteúdo e forma atemporais.”

Renato Motha observa que os versos de Caeiro ganham ainda mais relevância atualmente, quando a urgência da preservação da natureza se impõe ao mundo. A dupla gravou o novo disco no formato voz e violão por considerar o poeta “sucinto e essencial”.

“É um álbum altamente intimista, acolhedor e contemplativo. Ele abre uma janela, uma paisagem para a natureza, para que o ouvinte possa expandir os sentidos e se conectar mais profundamente com tudo o que a natureza tem a nos oferecer”, diz Motha.

Samba e baião

O repertório traz samba, baião e baladas. “A gente resolveu fazer canções de curta duração. A maioria delas tem um minuto e meio. A maior tem três minutos; as vinhetas, 40 segundos. São pílulas que trazem para a gente muita sabedoria e poesia inspirada na natureza”, conta.

O casal vive em Casa Branca, em Brumadinho, numa casa rodeada pela mata. “Comungamos da bênção de estar perto da natureza, observando os detalhes, as mudanças, a energia que ela nos traz”, diz Motha. “Quando a gente canta os poemas do Caeiro, apenas expressamos aquilo que vivenciamos no nosso cotidiano”, finaliza.

“CAEIRO”

• Álbum triplo de Renato Motha e Patricia Lobato
• 40 faixas
• Disponível nas plataformas digitais