O ator francês Omar Sy olha para a câmera, sentado em cadeira que tem o perfil de máscara como encosto

O ator francês Omar Sy interpreta Assane Diop, que está cansado de sua rotina como ladrão, na nova leva de episódios da produção que é sucesso de público na Netflix

Netflix/Divulgação

"Lupin" conquistou uma legião de fãs em duas temporadas, sendo uma das séries de língua não-inglesa mais vistas da Netflix. Para a terceira fase, com lançamento previsto para este ano na plataforma de streaming, o enredo do famoso ladrão francês deve ser ainda mais surpreendente. Quem garante isso é o cocriador do seriado, François Uzan, em entrevista por telefone à reportagem.

No final da segunda temporada, lançada em junho de 2021, o protagonista deu sinais de cansaço após cumprir sua vingança. Por isso, a curiosidade é ainda maior sobre o que deve acontecer nos episódios inéditos, que devem mostrar um Lupin mais preocupado com a família. "Ele tá cansado daquela rotina, é um ladrão mas que quer uma vida normal. Acho que é isso que o torna tão único: o Lupin não é só ladrão, mas é pai, filho, marido", aponta Uzan.

Sobre os capítulos novos, o escritor fala que surpresas continuarão existindo, ambientadas em Paris, mantendo o ritmo adotado pelos livros originais de Maurice Leblanc, que foram adaptados para o seriado. "Foi um processo longo e difícil de adaptar as obras, mas sempre me preocupei em trazer a história de um homem negro na França atual. O Lupin do livro e da série têm o mesmo poder, mas são duas pessoas diferentes", explica.

Outra expectativa para a parte 3 da série é um possível crossover com Sherlock Holmes. No quarto episódio da segunda temporada, Assane Diop (Omar Sy), o Lupin, presenteia o filho Raoul (Etan Simon) com uma cópia do livro fictício "Arsène Lupin contra Herlock Sholmes", em uma clara referência ao famoso detetive inglês.

"O Lupin é muito francês, e o Holmes é muito inglês, são dois opostos. Eu tive a vontade de incluir o easter egg, seria muito legal ter na série essa referência", comenta Uzan. "Em relação à série, o que posso garantir é que as pessoas vão continuar se surpreendendo, e não devem esperar o óbvio."
 
 

Outros projetos

Além da nova temporada de "Lupin", Uzan está prestes a divulgar outros filmes e séries que levam sua criação. Um deles é "The Signal", primeira série de língua francesa original a ser divulgada pela Paramount+. O roteiro, adaptação da obra homônima de Maxime Chattam, acompanha uma famosa apresentadora de rádio que perde a irmã em um acidente de carro.

A fim de superar o trauma, ela viaja com a família para uma casa em uma ilha remota, onde formas fantasmagóricas passam a assombrar os visitantes. Com isso, Uzan explora um texto de suspense, algo diferente de seus últimos trabalhos.

"Estou preocupado em ser responsável com a história, porque o livro de Maxime engajou muito. São muitos elementos a se pensar: fantasmas, memórias, drama, memórias, família... é uma história de terror que me desafia muito, o que é bem empolgante", antecipa o roteirista, que frequentou o Conservatório Europeu de Escrita Audiovisual (CEAA), em tradução livre), em Paris.

Seu lançamento mais recente, também disponível na Netflix, é a série "Presidente por Acidente", lançada em janeiro do ano passado. Na trama, um assistente social negro, da periferia da capital francesa, acaba ingressando na disputa da presidência da França.
 
François Uzan esteve no Brasil para participar da sexta edição do Serie_Lab Festival, entre 8 e 14 de fevereiro, dedicado a fomentar o desenvolvimento de séries e as trocas de experiências entre roteiristas, diretores e produtores.