o escritor João Batista Melo olha para a câmera

João Batista Melo viu seu "Malditas fronteiras" ser premiado no ano do lançamento

Arquivo Pessoal

Durante a Primeira Guerra Mundial, estudantes da Escola de Medicina de Belo Horizonte (atual Faculdade de Medicina da UFMG) tentaram invadir o Colégio Arnaldo por acreditarem que a instituição abrigava, em uma de suas torres, um canhão apontado para a sede do governo, na Praça da Liberdade.

O que havia dentro da escola era uma luneta usada pelos padres que geriam o colégio para estudar astrologia. O que motivou o boato foi a xenofobia: os clérigos eram de origem alemã.

Ao saber desse episódio, o escritor, cineasta e músico belo-horizontino João Batista Melo decidiu escrever o romance “Malditas fronteiras”, que trata da xenofobia e foi lançado em 2013 pela editora Benvirá/Saraiva. 

O romance é o assunto do “Sempre um Papo'' desta quarta-feira (4/1), transmitido via YouTube.

Vencedor do Prêmio Nacional Cidade de Belo Horizonte em 2013, “Malditas fronteiras” é ambientado na capital mineira durante os anos em que se passa a Segunda Guerra Mundial - logo, décadas depois que os primeiros casos de xenofobia em BH contra a comunidade alemã foram registrados. Na história, uma menina cega filha de imigrantes alemães tem como melhor amigo o filho de um empresário brasileiro em ascensão xenofóbico.

“Os meninos vão crescendo nesse ambiente, que já é tenso familiarmente e que fica ainda mais conflituoso com os desdobramentos da entrada do Brasil na Segunda Guerra”, explica Melo.

História de cinema

Inicialmente, a ideia era escrever um roteiro para longa-metragem. “Esse episódio me espantou muito. Foi uma ataque a padres em uma cidade que, naquela época, era extremamente católica. Fiquei com a sensação de que o preconceito e a xenofobia eram muito mais fortes do que a religiosidade mineira”, diz o escritor.

Quando retomou a ideia adaptada para o formato de um livro, Melo fez mudanças como a de situar a história durante a Segunda Guerra Mundial, período em que a xenofobia estava mais latente.

A segunda alteração foi em relação à tentativa de invasão do Colégio Arnaldo. O evento histórico passou a ter papel secundário no livro. 

SEMPRE UM PAPO
Com João Batista Melo. Mediação: Jozane Faleiro. Nesta quarta-feira (4/1), às 19h, pelas redes sociais do Sempre um Papo no Facebook e YouTube.