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EP de João Suplicy explora as conexões entre o samba e o blues

Cantor e compositor paulista mergulha nas raízes da música negra, fruto da diáspora africana. A sambista Leci Brandão é a convidada especial dele


15/01/2022 04:00 - atualizado 15/01/2022 08:30

O músico João Suplicy sorri e toca guitarra enquanto olha para antiga radiola
João Suplicy diz que sua música traz influências do samba, blues, rock e jazz, além do violão brasileiro (foto: Alexandre Suplicy/Divulgação)

Embora misture há tempos elementos do samba e do blues em sua forma de tocar violão, o cantor e compositor João Suplicy aprofunda esse diálogo no EP “Samblues”, produção independente com seis faixas. A sambista Leci Brandão é a convidada dele em “Lágrimas de um blues”.

Embora os dois gêneros tenham origem na diáspora africana e sejam matrizes da música popular do Brasil e dos EUA, João observa que se trata de estilos distintos. Isso fica explícito em “Lágrimas de um blues”, reflexão proposta por ele sobre a ausência de batucada no repertório blueseiro.

O violão de João Suplicy mescla influências do afrossamba e da bossa nova com o blues e o rock, como é o caso da faixa instrumental “Sambluseando”, na qual ele dialoga com o parceiro Vitor da Candelária, que traz para o EP a sonoridade das escolas de samba.

TOQUE BOSSA-NOVISTA

Esse diálogo está presente também em “Mulher”. Composta originalmente como blues, ganhou  levada bossa-novista de violão e arranjo do pianista Pepe Cisneiros.

“Faço isso há vários anos, por ter mergulhado muito nos universos do blues, do samba e de violonistas como João Bosco e Baden Powell. Sou fascinado pelo violão tradicional brasileiro, que é muito ligado ao samba”, observa João, revelando também sua admiração por guitarristas de blues.

O músico paulista enfatiza que tanto o blues como o samba são a base de vários gêneros musicais. No caso dos Estados Unidos, blueseiros influenciaram o rock e o jazz. “Mesmo o pop tem muita coisa deles”, afirma. Por sua vez, o samba foi fundamental para a MPB.

Seu projeto não se limita a interpretar canções. João pesquisou a história dos dois gêneros com DNA africano que se tornaram fundamentais para as culturas dos EUA e do Brasil.

Na primeira metade do século 18, negros que se revoltaram na Carolina do Sul sofreram retaliações dos senhores, como a proibição de fazer batuques, comenta o compositor. “Eles viam isso como uma forma de s escravos se organizarem para causar tumulto. A proibição durou mais de um século, perdurando até a Guerra Civil. Os negros ficaram privados do batuque, mas desenvolveram outras formas de expressão, muitas vezes só com a voz, cantando nas plantações de algodão e nas igrejas, com os spirituals”, relembra.

No Brasil, a batucada foi perseguida, mas não deixou de ser praticada, observa Suplicy. “Para mim, aí está a explicação para o blues ter surgido nos Estados Unidos e o samba aqui. O samba veio das batucadas e tem ligação com as religiões afro”, comenta.


Uma espécie de síntese de tudo isso está na versão blueseira dele para “As rosas não falam”, do sambista Cartola. “Já a faixa ‘Quando a Bahia se mudou pra lá’ fala das mil possibilidades do samba e de sua origem, se teria nascido na Bahia ou no Rio de Janeiro”, comenta João, citando as famílias baianas que se mudaram para o Rio de Janeiro, a partir do século 19, levando para lá “a semente do samba”.

O músico paulista anuncia três EPs do projeto, que posteriormente comporão um álbum. “Estou lançando agora esse com seis músicas. O segundo EP já está praticamente pronto, mas vou lançar dois singles antes”, adianta.

João Suplicy toca guitarra à noite, recostado ao parapeito de um viaduto
Reprodução

“SAMBLUES”

.EP de João Suplicy
.Seis faixas
.Independente
.Disponível nas plataformas digitais


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