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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Filmes voltam às salas de cinema em 2021, mas o streaming veio para ficar

Atração da telona, Homem-Aranha ''salva'' bilheterias em todo o mundo, batendo US$ 1 bilhão. Estreias conquistam ainda mais espaço nas plataformas digitais


30/12/2021 04:00 - atualizado 30/12/2021 02:39

Os atores Zendaya e Tom Holland voam, tendo ao fundo arranha-céus, no filme ''Homem-Aranha: Sem volta para casa''
Zendaya e Tom Holland em "Homem-Aranha: Sem volta para casa", o blockbuster campeão da pandemia (foto: Sony/reprodução)


Efetivamente, só houve, em Belo Horizonte, cinema no cinema no segundo semestre de 2021 – em fevereiro, quando ocorreu breve flexibilização, apenas alguns complexos reabriram na cidade. Desta maneira, na nova autorização da prefeitura para reabertura no início de julho, o parque exibidor da Grande BH retornou com 11 salas de portas fechadas, sem planos de voltar a funcionar.

Cinco delas ficavam no Cine Paragem, no shopping de mesmo nome no Buritis, que fechou em março de 2020 e não mais reabriu, e seis no Cine Pampulha, do Pampulha Mall, na Avenida Antônio Carlos, que chegou a operar na abertura de outubro de 2020 e fechou definitivamente em janeiro deste ano. Nesse meio tempo, o Cine Ponteio, com quatro salas no Belvedere, fechou em setembro, reabrindo apenas neste dezembro.

CAMPANHA EM BH

Mas houve notícias positivas, apesar do cenário difícil. O Cine Belas Artes, fechado desde março de 2020, reabriu em agosto após vitoriosa e sensibilizadora campanha de financiamento coletivo e um patrocínio há muito sonhado. O único cinema de rua de BH voltou com cara nova, agora com o nome UNA Cine Belas Artes – graças ao apoio, pelos próximos três anos, do Grupo Ânima Educação, responsável pelo Centro Universitário UNA, cujo câmpus Liberdade é vizinho ao espaço.

Houve troca de poltronas, de carpete e de telas. Também foi realizado projeto de prevenção de incêndio, com instalação de rede de hidrantes, e reforma dos banheiros. O sistema de bilheteria passou a contar com lugares numerados.
 
Pessoas compram ingressos na bilheteria do UNA Cine Belas Artes, em Belo Horizonte
Único cinema de rua da capital mineira, Belas Artes voltou a funcionar em agosto, agora patrocinado pela UNA (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

 
Não há mais como falar de cinema sem falar de plataforma de streaming. E o período viu nascer duas iniciativas on-line mineiras voltadas para a produção independente e de autor. A primeira veio ainda em 2020. Sem possibilidade de ser realizada presencialmente em decorrência da pandemia, a 22ª edição do FestCurtas BH, marcou, em outubro do ano passado, o lançamento do Cine Humberto Mauro Mais (cinehumbertomauromais.com), plataforma on-line pública e gratuita.
 
A partir da bem-sucedida experiência no festival, a plataforma passou a exibir a programação regular da sala, com suas mostras temáticas, programas permanentes e debates. O Cine Humberto Mauro só voltou a funcionar em julho – desde então, sala e plataforma atuam com sessões regulares, gratuitas, com programações diferentes, uma complementando a outra.
 
A outra iniciativa on-line, lançada em maio, foi a Embaúba Play (embaubaplay.com). Depois de funcionar três anos como distribuidora, a Embaúba criou sua própria plataforma de streaming, que se distingue por exibir exclusivamente a produção autoral contemporânea brasileira dos últimos 15 anos, entre curtas, médias e longas-metragens. A plataforma atua com dois modelos: filmes gratuitos e produções para locação – o aluguel, via de regra, custa até R$ 10.
 

BLOCKBUSTERS

O circuito de exibições, obviamente, segue impactado pela COVID-19. Mas no apagar das luzes de 2021 houve resultados animadores em nível mundial. Após 12 dias de sua estreia global, “Homem-Aranha: Sem volta para casa” arrecadou mais de US$ 1 bilhão em bilheterias de todo o mundo. Foi o primeiro filme a atingir a marca na pandemia.
 
Com isso, o ranking de 2021 vai fechar com uma produção de Hollywood no topo. Até então, os chineses dominavam a lista das maiores bilheterias. Dos 10 longas mais assistidos do ano, três vieram do gigante asiático, segundo o site Box Office Mojo.
 
São eles “A batalha do Lago Changjin” (segundo colocado, com bilheteria de US$ 900 milhões); a comédia “Oi, mãe” (terceiro lugar, com arrecadação de US$ 822 milhões); e o policial “Um detetive em Chinatown 3” (sexto lugar, com renda de US$ 686 milhões).
 
Tais títulos figuraram na mesma lista de “Sem tempo para morrer”, a última aventura de Daniel Craig como James Bond (quarto no ranking dos mais assistidos, com bilheteria na casa dos US$ 775 milhões) e “Velozes & furiosos 9” (quinto lugar, com renda de US$ 726 milhões).


 
No Brasil, o resultado se repetiu. O terceiro título da franquia do Homem-Aranha estrelado por Tom Holland é o filme mais assistido ano no país este ano. Já foi visto por quase 10 milhões de pessoas, arrecadando, em seus primeiros 12 dias de exibição, R$ 180 milhões. Tais números fizeram com que a aventura dirigida por Jon Watts se tornasse quinta maior bilheteria de todos os tempos no Brasil.

O mérito não é somente do filme, vale dizer. Houve agressiva distribuição do longa, a maior já vista no país. Em sua semana de estreia, 16 de dezembro, “Homem-Aranha” ocupou 2,8 mil telas brasileiras. Quinze dias mais tarde, a dominação continua. Graças aos resultados, o filme, em sua terceira semana, ocupa cerca de 65% das salas do grupo Cineart, o maior exibidor de Minas Gerais.

Os atores Seu Jorge e Adriana Esteves se abraçam na cena do filme ''Marighella''
Seu Jorge e Adriana Esteves protagonizam "Marighella", que migrou para o streaming um mês depois de estrear nas salas (foto: O2 Filmes/divulgação)

DISPUTA NO BRASIL

A discrepância com as demais produções é enorme. “Marighella”, o filme nacional mais visto em 2021, levou cerca de 320 mil pessoas aos cinemas. É um bom número, mas nada parecido com os resultados pré-pandemia. Esse longa, não custa nada repetir, teve sua estreia original adiada em dois anos em decorrência do imbróglio com a Agência Nacional do Cinema (“censura”, de acordo com Wagner Moura, aqui estreante na direção de longas); e, posteriormente, por causa da pandemia.
 
Para se ter uma ideia, em 2019, o último ano antes da crise sanitária, houve três produções nacionais entre as 20 mais vistas no país. “Minha mãe é uma peça 3”, o terceiro longa melhor colocado daquele ano, levou 11,5 milhões de brasileiros às salas. Este ano, nenhuma produção brasileira figura entre as mais 20 maiores bilheterias brasileiras.
 
A pandemia mudou o cenário, mas não só com a ocupação das salas. A explosão do streaming vem impactando fortemente os lançamentos. Nos últimos dois anos, dezenas de produções, filmes comerciais e produções independentes, de autor, estrearam diretamente nas plataformas.

Houve aqueles que preferiram esperar pelo cinema. Como os exibidores, depois de um ano de salas fechadas, estão priorizando as grandes bilheterias, há um gargalo enorme para produções menores. Belo Horizonte, que já sofria com a falta de espaço para a produção autoral antes da pandemia, continua com o mesmo problema. E isso ocorre também com produções com nomes conhecidos e coleção de prêmios.
 
Dois filmes vencedores do Oscar, “Minari: Em busca da felicidade” (melhor atriz coadjuvante para Yuh-Jung Youn) e “Bela vingança” (melhor roteiro original para Emerald Fennell), que chegaram aos cinemas de outras capitais brasileiras, só puderam ser vistos em BH por meio do streaming.

Mais recente longa de Clint Eastwood e com um grande estúdio por trás (Warner Bros.), “Cry Macho: O caminho para redenção” tampouco encontrou espaço nas salas da cidade, mesmo tendo lançamento nos cinemas brasileiros.
 
A janela de lançamento para o streaming está cada vez menor. “Marighella”, que continua em cartaz em BH, entrou para o catálogo da Globoplay em 4 de dezembro, um mês após sua estreia nos cinemas.

DE OLHO NA JANELA

Já a superprodução “Duna” (11º filme mais visto nos cinemas tanto do mundo quanto do país), após estrear globalmente no final de outubro, chegou à HBO Max no fim de novembro. O lançamento integra uma “promessa” da plataforma, que, como forma de arregimentar assinantes, criou a janela de 35 dias dos filmes da Warner Bros. do cinema para o streaming.
 
Com ou sem pandemia, o streaming veio para ficar, afirmam os especialistas (e também o público, que cada vez mais deixa de lado a TV paga em prol das plataformas digitais). O setor também aposta no convívio entre os dois mercados de exibição.


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