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Estado de Minas CINEMA

Idosas vivem amor proibido no filme "Nós duas", que estreia em BH

Barbara Sukowa e Martine Chevallier interpretam o casal de mulheres que sucumbe ao preconceito no premiado longa do italiano Filippo Meneghetti


30/12/2021 04:00 - atualizado 30/12/2021 09:07

Frente a frente, mulheres idosas, que formam o casal lésbico do filme ''Nós duas'', se olham carinhosamente
Paixão e culpa atormentam as protagonistas do drama em cartaz no UNA Cine Belas Artes (foto: Paprika Films/divulgação)

 
O corredor divide os apartamentos das aposentadas Madeleine (Martine Chevallier), francesa, e Nina (Barbara Sukowa), alemã, no último andar do prédio de uma pequena cidade do Sul da França. Noite após noite as duas dividem a cama, sempre na casa da primeira, e durante o dia compartilham um sonho: vender tudo e se mudar para Roma, onde viverão livremente e poderão ser quem quiserem.

Mas o corredor acaba se tornando muro quando outras pessoas surgem na vida das duas mulheres. E é disso que se trata o drama intimista “Nós duas”. A produção franco-belga, primeiro longa do diretor italiano Filippo Meneghetti, amealhou prêmios mundo afora e está em cartaz no UNA Cine Belas Artes.

SEGREDO

Ainda que compartilhe, há anos, a vida com Nina, Madeleine mantém o relacionamento em segredo. Os filhos, Anne (Léa Drucker) e Frédéric (Jérôme Varanfrain), continuam convencidos de que ela é uma senhora viúva que viveu única e exclusivamente para o amor de seu marido. E meio à relação tensa com o filho, Madeleine emudece em sua reunião de aniversário – naquela ocasião, conforme o combinado com Nina, revelaria a verdade.
 
Madeleine tampouco diz alguma coisa para Nina, que acredita que a venda do apartamento ocorrerá como o combinado. O encontro casual com o corretor vai mostrar a Nina que a namorada mentiu.

A primeira explosão acontece: ninguém está nem aí para duas velhas lésbicas, grita a alemã. Talvez não na vida em geral, mas Madeleine está consciente da dificuldade de revelar aos filhos que a boa e velha mãe sucumbiu ao amor maduro por outra mulher.
 
As consequências desse acontecimento são mostradas quase totalmente do ponto de vista de Nina, agora mulher devastada. As portas dos dois apartamentos, sempre abertas, se fecham e o único contato que ela tem com a antiga vida é através do olho mágico.
 
Corroída pela culpa em relação a Madeleine, a quem chama de Mado, ela tem de lidar com a impossibilidade de contato direto com ela. Para os filhos da vizinha, Nina é a senhora Dorn, mulher gentil que quer ajudar a mãe.
 
Atriz que ganhou o mundo pelas lentes do cineasta Rainer Werner Fassbinder (na série “Berlim Alexanderplatz” e no filme “Lola”), Barbara Sukowa vai, num crescendo, mostrando suas armas. Sua Nina se torna a mulher que se esgueira, mente, destrói, utiliza diversos recursos para tentar ficar um tempo, por menor que seja, com a mulher que ama.

OLHOS

Enquanto isso, acompanhamos a personagem de Martine Chevallier sofrendo com a vigilância acirrada e a impossibilidade de se comunicar – os olhos, que percorrem o vazio e ganham vida na presença de Nina, dizem tudo o que as palavras não podem.
 
O drama ganha nuances de suspense, filmado de forma econômica, com a câmera sempre muito próxima dos atores. O único momento em que ela se abre é quando o cenário se transfere do apartamento para um parque próximo, o que ocorre em diferentes momentos. O cenário outonal do parque é a tradução da vida dessas mulheres. É melancólico e bonito ao mesmo tempo, na medida, sem nenhum artifício.

“NÓS DUAS”

(França/Luxemburgo/Bélgica, 2019, 95min, de Filippo Meneghetti, com Barbara Sukowa, Martine Chevallier e Léa Drucker) – O filme está em cartaz às 14h30 no UNA Cine Belas Artes. Não haverá sessões na sexta (31/12) e no sábado (1º/1).


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