(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES VISUAIS

Mostra de Onesto Diesel, expoente do grafite, abre galeria no Mercado Novo

Paulista criou desenhos, pinturas e colagens depois de fazer residência artística em BH. Exposição 'A derrota dos excluídos' está no Bomb Club Graffiti


30/10/2021 04:00 - atualizado 30/10/2021 07:26

Na foto, artista Onesto Diesel olha para o lado
Para o paulista Onesto Diesel, que expõe no Brasil e no exterior, a arte deve tirar as pessoas da zona de conforto (foto: Ruy Fraga/divulgação)

Considerado um dos pioneiros do grafite no Brasil, Onesto Diesel (nome artístico de Alex Hornest) abre a exposição “A derrota dos excluídos” neste sábado (30/10), em Belo Horizonte. A mostra inédita do artista, que ficará em cartaz até 30 de novembro, marca a inauguração da galeria Bomb Club Graffiti, no Mercado Novo, no Centro.


“De frente a isso, a grande massa se mantém refém do Estado que não possui a intenção de beneficiar os desprovidos. Diante dessa permanência/resistência de ambos os lados, a parte mais fraca segue desconhecendo o que lhe é de direito”, diz um trecho do texto de apresentação da exposição.

“Os trabalhos que apresento nasceram durante a proposta de uma rápida residência artística aqui em BH. Quando cheguei na cidade, há cerca de uma semana, nada estava pronto, e a ideia era produzir obras a partir da interação com o espaço urbano e o próprio lugar onde a galeria se localiza”, Onesto explica.

''Entendo o grafite como um tipo de expressão em que você se apropria de um espaço público, deixando sua intenção ali. Hoje, nesses murais que estão espalhados pelas cidades, normalmente em prédios, não vejo um desejo de apropriação''

Onesto Diesel, artista plástico



PESQUISA

Segundo ele, foram produzidos desenhos, pinturas e colagens que mostram sua visão de BH a partir da vivência dos últimos sete dias em que esteve na cidade. “Costumo fazer uma pesquisa de campo a partir do que as pessoas me mostram. Venho de peito aberto e deixo que as pessoas me mostrem o que é mais interessante do ponto de vista delas. Lugares turísticos não me interessam”, afirma.

Batizar a exposição de “A derrota dos excluídos” foi uma escolha que remete à dificuldade que muita gente tem de sair de sua zona de conforto para adquirir conhecimento, não necessariamente em termos formais, mas de mundo e de vivências.

“A minha intenção é refletir sobre questões que observo na sociedade. Atualmente, vejo que algumas pessoas não conseguem sair da ignorância por falta de aprendizagem e por não aprender novos formatos. Ainda assim, as opções são tantas que as pessoas se encontram perdidas”, ele analisa.

Conhecido como um dos mais importantes artistas de rua de São Paulo, Onesto Diesel nasceu na capital paulista, onde vive e trabalha. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, fez pinturas públicas e exposições em várias cidades brasileiras e também fora do Brasil. Trabalhou em Nova York, Los Angeles, Bogotá, Lisboa e Roterdã, entre outras metrópoles.

“Sou pintor e escultor, mas transitei por várias mídias. Já trabalhei com propaganda, tive trabalhos burocráticos com administração de empresas, e fui carteiro. Gosto de fuçar, sempre gostei. Saber como as coisas funcionam me atrai”, ele afirma.

Grafite de Onesto Diesel, na cor laranja, mostra figuras humanas em queda
Grafite de Onesto Diesel dialoga com o espaço urbano e expõe impasses da sociedade contemporânea (foto: Onesto Diesel/divulgação)

FACULDADE

Depois de cursar administração de empresas na faculdade, ele descobriu a escola Carlos de Campos, em São Paulo, e passou a frequentar aulas com artistas de vários campos, que já tinham experiência nas artes visuais.

“Lá tinha artistas que já utilizavam técnicas de grafite. Sempre tive curiosidade com esse suporte porque, quando era mais novo, assisti ao filme 'A loucura do ritmo' (1984). Ele me transportou para o universo do hip-hop. No filme, quando vi os caras pintando um trem, pensei: 'É isso que eu quero fazer um dia'”, relembra.

“Quem nunca pintou um trem não sabe o que é grafite”, avisa Onesto. “Eu entendo o grafite como um tipo de expressão em que você se apropria de um espaço público, deixando sua intenção ali. Hoje, nesses murais que estão espalhados pelas cidades, normalmente em prédios, não vejo um desejo de apropriação. Ao mesmo tempo, eles são muito bem-aceitos”, afirma.

Após um ano “megaprodutivo”, como ele define 2020, Onesto Diesel vê a abertura da exposição em Belo Horizonte como um “novo despertar”.

“O último ano foi um momento de intensa reinvenção. Fomos obrigados a experimentar novos formatos. No meu caso, encontrei novos meios de comercializar meu trabalho oferecendo uma nova proposta, dando mentorias e criando produtos digitais”, explica.

Grafite de Onesto Diesel mostra a figura de um lutador abatendo homem com coroa na cabeça
Grafiteiro e artista visual questiona as relações de poder por meio de seu trabalho (foto: Onesto Diesel/divulgação)

VOLTA

O momento atual, segundo ele, é de efervescência e isso se reflete no quanto o público está aderindo aos eventos culturais. “As pessoas estão sedentas por fazer algo. Passeando por Belo Horizonte, vejo o quanto todo mundo quer voltar a ter uma atividade urbana. Eu vejo a galera muito ansiosa para isso”, afirma.

Além da abertura da exposição, o evento de inauguração da Bomb Club Graffiti contará com sets dos DJs Poodle e Bruno Dub, além de flash tatoos da tatuadora Bárbara Awery.

“A DERROTA DOS EXCLUÍDOS”

Exposição de Onesto Diesel. Abertura neste sábado (30/10), às 18h, no Bomb Club Graffiti. Loja 3.110 do piso 3 do Mercado Novo. Avenida Olegário Maciel, 742, Centro. O espaço funciona de segunda a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 22h. Entrada franca. Até 30 de novembro. Informações: @bombclubgraffiti (Instagram)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)