(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CINEMA

Noah Schnapp e Seu Jorge protagonizam longa brasileiro falado em inglês

Astro de 'Stranger things' vive garoto que encontra na gastronomia a forma de conciliar culturas conflitantes em 'Abe', de Fernando Grostein Andrade


05/08/2021 04:00 - atualizado 04/08/2021 19:14

Noah Schnapp vive o personagem-título Abe em longa de Fernando Grostein Andrade sobre garoto que encontra na gastronomia a forma de conciliar culturas conflitantes, com a ajuda do chef Chico (Seu Jorge) (foto: Paris Filmes/Divulgação)
Noah Schnapp vive o personagem-título Abe em longa de Fernando Grostein Andrade sobre garoto que encontra na gastronomia a forma de conciliar culturas conflitantes, com a ajuda do chef Chico (Seu Jorge) (foto: Paris Filmes/Divulgação)

As diferenças, sejam elas de cunho social, cultural, econômico, religioso ou político, são uma questão universal, desde sempre – e uma questão urgente nos tempos atuais. “Abe”, comédia dramática de Fernando Grostein Andrade, que estreia nesta quinta-feira (05/08) nos cines Diamond e Pátio, em Belo Horizonte, trata do tema por meio da história de um garoto de 12 anos.

O protagonista prefere ser chamado de Abe, pois carrega três nomes desde que nasceu: Avraham, que é como seu avô materno o chama; Ibrahim, para os avós paternos; e Abraham, para seus pais, ele palestino e ela, judia. 

Noah Schnapp, o Will Byers da série “Stranger things”, interpreta com delicadeza e emoção o adolescente que encontra na culinária sua maneira de conviver com as diferenças e superar os embates que ocorrem quando a família se reúne. Ele conta com a ajuda de um chef brasileiro nesta jornada.

Filho de uma judia, a urbanista Marta Dora Grostein; e um católico, o jornalista Mário de Andrade, morto quando ele tinha 10 anos, Fernando, irmão caçula de Luciano Huck, foi criado pelo padrasto, o economista Andrea Calabi. Este é um grande cozinheiro, ele conta. Foi o ambiente familiar, que não teve brigas como as descritas no filme, conforme o diretor deixa claro, que o motivou a escrever a história.

“Troquei o lado católico pelo lado palestino para trazer a causa palestina para o debate. Escrevi o filme como uma mensagem da luta pela nossa própria identidade. Sou gay, lutei muito tempo fingindo ser quem eu não era. Então, de certa forma, Abe sente a pressão da família para assumir uma identidade, de um lado ou outro”, comenta ele que, na adolescência, descobriu no cultivo por orquídeas a maneira de sair da depressão. 
 

"Não acredito que a gastronomia seja capaz de acabar com a guerra, isto é ingênuo, mas acho que uma boa refeição, feita com amor, faz as pessoas se conectarem com o que têm de melhor, que é sua humanidade, e se desconectarem do espírito de briga de trânsito que está destruindo o mundo de hoje"

Fernando Grostein Andrade, diretor



REDES SOCIAIS 
 
Desde que a intenção surgiu até o lançamento, Fernando levou 13 anos para conseguir realizar o filme. “Neste tempo, o mundo viveu a revolução das redes sociais esmagando os meios de comunicação, transformando uma festa de Natal em campo de guerra, fazendo do grupo da família de WhatsApp um lugar para proliferar a desinformação. Não acredito que a gastronomia seja capaz de acabar com a guerra, isto é ingênuo, mas acho que uma boa refeição, feita com amor, faz as pessoas se conectarem com o que têm de melhor, que é sua humanidade, e se desconectarem do espírito de briga de trânsito que está destruindo o mundo de hoje.”

O personagem não tem amigos na vida real – mas vários nas redes sociais, onde posta tudo o que faz na cozinha. Mas só descobre que é possível misturar sabores e ingredientes ao conhecer um chef brasileiro, Chico (Seu Jorge). Passa suas férias de verão na cozinha – primeiramente tirando o lixo, pois descobre que, para começar na gastronomia, humildade é ingrediente essencial.

Fernando filmou “Abe” em apenas 18 dias. Vivendo há anos nos EUA, mas com boa parte de sua produção rodada no Brasil – seu longa de ficção anterior, “Na quebrada” (2014), é sobre jovens da periferia de São Paulo – o cineasta filmou em inglês para aumentar o alcance do longa. 

“Eu sempre quis levar a cultura brasileira para o mundo inteiro. Os filmes brasileiros, com legenda, viajam para outros países, mas no nicho do filme independente. Meu objetivo aqui era tentar fazer um filme mais aberto, mainstream, que falasse com a família inteira. Ao fazer um filme em inglês eu não perderia o público brasileiro, que está acostumado com as legendas, e ganharia o americano.”

Entre postagens nas redes sociais, a jornada de Abe e sua família é entremeada pela trilha sonora de Gui Amabis e Jaques Morelenbaum. As canções passeiam pela produção brasileira, de Tom Jobim a Tulipa Ruiz. Fernando trabalhou com dois roteiristas palestinos, Jacob Kader e Lameece Isaaq. Durante a pesquisa para o filme, viajou para Israel e Palestina com a diretora de arte Cláudia Calabi. 

Na viagem, a dupla colheu entrevistas com famílias judaicas e palestinas, produtores rurais, donos de restaurantes. “A ideia é que no set fôssemos respeitosos com uma cultura que não é nossa”, diz Fernando. Desta incursão resultou o documentário “Sabores”, que está sendo finalizado e deverá ser lançado em breve. 

“ABE”
(Brasil/EUA, 2020, de Fernando Grostein Andrade, com Noah Schnapp, Seu Jorge, Dagmara Domiczyk?, Arian Moayed e Mark Margolis) – Menino de 12 anos, filho de pai palestino e mãe judia, encontra na gastronomia sua maneira de se comunicar com o mundo e com as diferenças. Em cartaz nos Diamond 1, às 17h15 e 19h45 e Pátio 2, às 16h50 e 19h10.




receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)