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Estado de Minas EM BH

Prêmio Zumbi de Cultura tem como destaque o rapper Djonga

Artista mineiro é homenageado por seu ativismo antirracista. Premiação na sexta (27) quer chamar a atenção para episódios violentos contra negros


26/11/2020 04:00 - atualizado 26/11/2020 09:14

Rapper mineiro Djonga será premiado na categoria Destaque homem negro e vai cantar três músicas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Rapper mineiro Djonga será premiado na categoria Destaque homem negro e vai cantar três músicas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
No mês marcado pelo Dia da Consciência Negra – 20 de novembro – e o assassinato de João Alberto, de 40 anos, por seguranças de uma unidade do Carrefour no Rio Grande do Sul, o 11º Prêmio Zumbi de Cultura 2020, nesta sexta-feira (27), homenageará as principais figuras negras de Minas Gerais. O rapper Djonga é uma das atrações do evento, realizado no Teatro Sesiminas e transmitido pelo YouTube. O artista será premiado na categoria Destaque homem negro.

“Acredito que todos os grupos culturais vão mostrar a sua arte e, como forma de resistência, falar que, mesmo em tempos de pandemia, nós combinamos de não morrer”, afirma a produtora cultural Júnia Bertolino, de 54 anos, que também faz parte da Cia. Baobá Minas. Segundo a idealizadora do projeto, a premiação é um momento de resistência neste ano marcado por episódios de racismo latentes no Brasil e no mundo.

Djonga foi escolhido como destaque masculino para chamar a atenção para o ativismo antirracista, a principal bandeira do rapper belo-horizontino. “Seu papel serve, sobretudo, para reforçar a importância da identidade negra, para a gente ter orgulho das nossas raízes, ancestralidade e da conscientização de que, através da nossa postura, podemos construir um mundo melhor”, justifica Júnia. A artesã e educadora popular Hercília Herculano, membro do Grupo Olubatá de Percussão e pesquisadora sobre negros ligados à mineração em Sabará, foi eleita como destaque feminino.

O padre Mauro Luiz da Silva – criador do Museu dos Quilombos e Favelas (Muquifu), coordenador do projeto de pesquisa e Centro de Documentação NegriCidade e comandante da comunidade católica do Bairro Vista Alegre – será homenageado na categoria religiosidade. Segundo ele, a premiação foi uma surpresa devido ao apoio da Igreja Católica à escravidão nos séculos passados. “Traz certa perplexidade justamente pela história dessa Igreja, mas é possível fazer outras leituras. Me deixa feliz pensar que não são todos os padres que são racistas”, afirma.

Com o objetivo de dar visibilidade a pessoas e ações protagonistas na cidade em diversas áreas, a premiação é distribuída em 14 categorias: teatro, atuação política, dança, personalidade negra, manifestação cultural, música, menção honrosa, literatura, religiosidade e protagonismo juvenil. Estreando nesta edição estão resistência LGBTQ+, representatividade mirim, artes visuais e destaque homem negro e mulher negra. Os vencedores recebem o prêmio criado pelo artista plástico mineiro Jorge dos Anjos.
Além das premiações, a noite contará com quatro atrações. Em sua primeira participação, Djonga vai cantar três músicas e se apresenta como um parceiro do Prêmio Zumbi de Cultura. “Foi um presente para a gente. Ele aceitou justamente por acreditar na importância desse evento na cidade”, explica Júnia.

A Cia. Baobá vai trazer algumas linguagens africanas, com ritmos de Guiné Conacri e instrumentos de Senegal. “É um momento também para trabalhar as leis 10.639 e 10.645, que defendem a obrigatoriedade do ensino da história da África, afrobrasileira e indígena nas escolas, centros culturais e teatros”, defende Júnia. A performance também conta com leitura de poemas, sendo um deles sobre o genocídio da juventude negra.

O grupo Negras Autoras vai apresentar músicas e poemas autorais, buscando afirmar a importância da mulher em cena. Por fim, Fabinho do Terreiro mantém a tradição do evento de sempre trazer um sambista para animar a noite.

''Acredito que todos os grupos culturais vão mostrar a sua arte e, como forma de resistência, falar que, mesmo em tempos de pandemia, nós combinamos de não morrer''

Júnia Bertolino, produtora cultural


PARCERIAS

Júnia Bertolino acredita que o prêmio terá um valor a mais em 2020. “Promover essa 11ª edição é consolidar  parcerias e, mesmo em tempos de pandemia, perdas e racismo, ressaltar a nossa cultura e narrativas negras através de poemas, cantos e vestimentas”. Segundo Padre Mauro, a importância do prêmio, neste ano, é a denúncia: “A gente precisa aproveitar todos os espaços abertos para denunciar a situação na qual população negra vem sendo colocada ao longo destes séculos”.

O Prêmio Zumbi de Cultura teve início em 2010, no Grande Teatro do Palácio das Artes, com objetivo de ocupar lugares nobres de Belo Horizonte para reunir grupos de representatividade negra. Durante as sete primeiras edições, o evento não contou com nenhum tipo de financiamento ou lei de incentivo. Ao longo dos anos, o projeto foi crescendo e, hoje, é financiado pelo Fundo Estadual de Cultura (FEC), contando com apoio do Teatro Sesiminas, MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, Fundação Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Cultura e Embaixada da França no Brasil.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

11º Prêmio Zumbi de Cultura 2020
Nesta sexta-feira (27), às 19h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia), com ingressos a R$ 10, limitados a 30% da capacidade do local. O evento também terá transmissão pelo YouTube da Cia Baobá Minas e Instagram do Prêmio Zumbi de Cultura. Informações: (31) 3241-7181


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