A restauração da casa mais antiga de Belo Horizonte foi impulsionada pelos moradores da Barragem Santa Lúcia

Restauração da casa mais antiga de Belo Horizonte foi impulsionada pelos moradores da Barragem Santa Lúcia

Ricardo Laf

 
Em meio às comemorações dos 125 anos de Belo Horizonte, a cidade ganhou um presente emblemático. Na Barragem Santa Lúcia, localizada na região Centro-Sul, destaca-se a Casa da Fazendinha, o imóvel mais antigo da cidade, que após três anos de restauração, foi reaberto ao público no dia 17 de dezembro de 2022. Vamos conhecer mais sobre ela e como está hoje em dia.

O resgate das memórias


A Casa da Fazendinha não é apenas uma construção antiga; é uma verdadeira cápsula do tempo que guarda o passado vibrante de Belo Horizonte. Erguida em 1894, antes mesmo da fundação da cidade em 1897, esta construção preserva a memória da antiga Fazenda do Capão e da Colônia Agrícola Afonso Pena.

Antes de se tornar a grande cidade que conhecemos atualmente, o território de Belo Horizonte era dominado por fazendas e áreas de cultivo. A trajetória desta residência tem suas raízes na Fazenda do Capão, que em 1894 era propriedade de Ilídio Ferreira da Luz. Com a desapropriação da fazenda para a construção da nova capital, ela integrou a Colônia Agrícola Afonso Pena. Pesquisas indicam que a mansão foi construída entre 1900 e 1919.

Ao longo dos anos, o imóvel teve diversos proprietários, incluindo a matriarca Dona Izabel e sua família, que se dedicaram à sua conservação. O tombamento como patrimônio de Belo Horizonte ocorreu em 1992, um movimento impulsionado pelos moradores da Barragem Santa Lúcia.

A comunidade via o potencial do espaço e desejava transformá-lo em um centro cultural, com biblioteca e áreas para atividades educacionais.

Os desafios e o reconhecimento


A trajetória da Casa da Fazendinha não foi isenta de desafios. A prefeitura desapropriou o imóvel da família Gonçalves de Carvalho, uma ação que permanece em controvérsias judiciais. Porém, em meio às adversidades, a Casa da Fazendinha emergiu como símbolo de resistência e determinação.

Muitos moradores, incluindo Nil César, diretor e fundador da Casa do Beco, lutaram pela integridade do imóvel e pelo reconhecimento de sua importância cultural e histórica.

A nova era cultural


Após intensos trabalhos de restauração, iniciados em 2019 e concluídos em novembro de 2022, o casarão ressurgiu como um local dedicado à cultura e ao conhecimento. A cerimônia de abertura teve a participação do prefeito Fuad Noman e foi caracterizada pela mostra "Da fazenda ao casarão: caminhos de conservação", que enaltece a vasta trajetória histórica do lugar e enfatiza o procedimento de patrimônio e revitalização.

Sob a direção da Associação Cultural Casa do Beco, a Casa da Fazendinha tem o objetivo de se transformar em um centro cultural dinâmico. Contando com telecentros de última geração e um ambiente versátil para a realização de eventos, workshops e cursos, o casarão aspira a ser mais do que uma relíquia histórica; almeja ser um manancial de estímulo e desenvolvimento para as gerações futuras.

Além de abrigar eventos musicais, artísticos e performances, a Casa da Fazendinha também irá destacar a história da Casa do Beco e seu impacto na comunidade local. Esta organização, que nasceu do trabalho artístico do Grupo do Beco em 1995, é um reflexo da resiliência e da paixão dos moradores pela cultura e pela história.

Em síntese, a Casa da Fazendinha é mais do que um monumento. É um testamento da determinação de uma cidade e de sua gente, um espaço onde o passado se encontra com o presente e onde a cultura tem a oportunidade de florescer e inspirar.