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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Ser voluntário: ajudarem-se uns aos outros

Envolver crianças e adolescentes em ações solidárias e voluntárias desperta crescimento emocional e social capaz de transformar a vida de todos


22/08/2021 04:00 - atualizado 21/08/2021 21:22

A primeira ação oficial do Kids Solidário ocorreu em julho de 2019, com a entrega de alimentos para os moradores em situação de rua (foto: @kidssolidario/Divulgação)
A primeira ação oficial do Kids Solidário ocorreu em julho de 2019, com a entrega de alimentos para os moradores em situação de rua (foto: @kidssolidario/Divulgação)

Criança pode ser voluntária, sim, porque solidariedade não tem idade. Assim nasceu o projeto Kids Solidário, a partir das ações da voluntária mirim Ana Morena, de 10 anos, sob o comando da mãe, Sara Roberta. Ana já participava de vários projetos sociais e o objetivo foi ser a porta de entrada para o voluntariado infantil, onde as crianças protagonizassem a boa ação tendo os adultos como apoio e suporte.

A primeira ação oficial do Kids Solidário ocorreu em julho de 2019, com a entrega de alimentos para os moradores em situação de rua, despertando o olhar dos pequenos para o outro e abrindo vários caminhos e possibilidades para o ato de ajudar a quem precisa. “Amo fazer trabalho solidário porque posso ajudar as pessoas e fazer um mundo melhor. No Kids Solidário plantamos, regamos e incentivamos a sementinha do bem.”

Sara Roberta enfatiza que, para a criança começar um trabalho voluntário, basta o desejo de criar um mundo melhor, já que solidariedade não tem idade, nem para fazer o bem. “E destaco a Ana Morena como uma referência. Ela participa de trabalhos voluntários desde os 3 anos, ela me acompanhava em meus trabalhos voluntários, que faço há mais de 12 anos.”

(foto: @kidssolidario/Divulgação)
(foto: @kidssolidario/Divulgação)
 

Amo fazer trabalho solidário porque posso ajudar as pessoas e fazer um mundo melhor. No Kids Solidário plantamos, regamos e incentivamos a sementinha do bem

Ana Morena, de 10 anos, presidente mirim do Kids Solidário



Para Sara, nossas crianças são a geração responsável em tornar o mundo melhor. Como boas práticas do projeto, ela destaca: assistência à população de rua, arrecadação e entrega de alimentos para famílias com crianças em situação de vulnerabilidade, visita a lares de idosos e abrigos infantis, plantio de mudas de árvores e assistência a pets em situação de rua. Para entrar em contato, acesse as redes sociais.

Já Maria das Dores Correa de Souza, coordenadora de formação humano-cristã no Departamento de Evangelização, Pastoral e Ações Sociais do Colégio Santo Agostinho – Belo Horizonte (Depas), a solidariedade e a empatia são valores que estão presentes na formação das crianças e adolescentes do Colégio Santo Agostinho, que busca articular essas competências em todas as áreas de conhecimento.



“Com projetos que proporcionam o contato com diversas realidades e condições sociais desenvolvemos o Programa Entrelaçar, que visa trabalhar essas habilidades e competências, com excelência acadêmica e compromisso com o humanismo solidário. Da educação infantil ao ensino médio, nossos estudantes vivenciam as ações desse programa, em contato com instituições parceiras como creches, hospitais, escolas de ensino especial, comunidade carcerária, migrantes e imigrantes, asilos, comunidades quilombolas e projetos assistenciais a pessoas com paralisia cerebral, como o Projeto Novo Céu.”

Maria das Dores conta que o contato com esses espaços permite que cada adolescente e jovem consiga ir para além “dos muros” de sua casa ou escola, ampliando a sua conexão com outras pessoas que necessitam de cuidado.

“Dessa forma, é de suma importância começar pelo exercício da empatia. Assim, com o passar dos anos, elas próprias nos procuram para realizar o exercício da solidariedade por meio do programa de Voluntariado Pastoral, que envolve os estudantes do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, como também contando com a participação de ex-alunos que mantêm vínculo com o colégio.”

Adolescentes do Colégio Santo Agostinho em visita voluntária ao Novo Céu antes da pandemia: iniciativa amplia a conexão dos jovens com pessoas que necessitam de cuidados(foto: DEPAS/SIC/Divulgação)
Adolescentes do Colégio Santo Agostinho em visita voluntária ao Novo Céu antes da pandemia: iniciativa amplia a conexão dos jovens com pessoas que necessitam de cuidados (foto: DEPAS/SIC/Divulgação)
 

Gabrielle Fonseca Nascimento, do 2º ano do ensino médio, conta que foi no Novo Céu pela primeira vez quando tinha 11 anos, e a instituição foi fundamental para o seu desenvolvimento como pessoa. “Ter participado de visitas ao projeto foi uma lição sobre o amor. Em uma era onde sentimos tanta falta do diálogo, descobri que muitas vezes não precisamos nem mesmo dele, pois aprendi que carinho e afeto podem ser transmitidos simplesmente pelo olhar.”


VOLUNTARIADO AUMENTA OS LAÇOS RELACIONAIS 


Para Maria das Dores, como escola cristã agostiniana, o colégio tem a missão da solidariedade e do trabalho voluntário alicerçados. Mas a família também tem seu papel, proporcionando o exercício da solidariedade para com seus filhos, sendo instrumento de inspiração para eles. Uma forma muito comum no colégio é o envolvimento e participação dos pais nas ações do Voluntariado Pastoral. “Assim, além de exemplos, eles aumentam os laços relacionais, gerando maior proximidade na própria família. A ajuda torna-se uma via de mão dupla.”



E Aleluia Heringer, diretora de Relações Institucionais do Colégio Santo Agostinho, destaca que, no contexto de pandemia, as ações não estão correndo presencialmente, mas de forma contínua e integrada, por meio de vídeos, campanhas solidárias e transmissões pelas redes sociais.

“Uma alternativa é a realização do Drive-thru Solidário, que mobiliza toda a comunidade educativa semestralmente. Realizamos uma grande mobilização que recebeu o título “A fome tem pressa”. Nossa próxima ação será em 28 de agosto, das 9h às 12h.

Cada unidade preparou uma ação solidária que contará com a participação de um grupo de pais, ex-alunos e colaboradores que realizam a triagem, a embalagem e a entrega nas instituições parceiras. Serão arrecadados sapatos, roupas, brinquedos, material escolar e alimentos que serão doados às instituições parceiras do Depas.”
 

SEM PRECONCEITO E BARREIRAS 

A jornalista e roteirista audiovisual Ana Luísa Alves há 16 anos começou o trabalho voluntário no Projeto Assistencial Novo Céu, instituição que acolhe pessoas com paralisia cerebral em condição de vulnerabilidade social. “Ser voluntário é olhar para além dos próprios problemas e entender que é possível compartilhar um pouco do seu tempo, dos seus talentos ou mesmo do seu colo para socorrer quem precisa. Ao abrir o coração para as necessidades de outras pessoas, olhamos menos para as nossas e compreendemos que um pouquinho de ajuda que seja já faz uma enorme diferença a quem recebe. A satisfação em poder ajudar é diretamente proporcional ao que recebemos de experiência, afeto, e expansão do nosso olhar para a vida. Todo mundo que se doa recebe muito de volta.”

Para Ana Luísa, não existe uma idade ideal para começar o voluntariado, já que há ações simples, como recolher doações de fraldas ou alimentos numa festinha de aniversário. “São ajudas significativas propostas por pessoas de todas as idades. Cada um tem seu tempo de despertar esse olhar para a relevância da solidariedade e do papel de todos para as transformações sociais. Na pandemia, por exemplo, os abismos sociais ficaram ainda mais evidentes e foram iniciadas grandes mobilizações para ajudar todo tipo de causa.”

(foto: Arquivo Pessoal )
(foto: Arquivo Pessoal )
 

Muitas crianças e adolescentes começam acompanhando os pais e se habituam para sempre. Há os que chegam por intermédio de grupos religiosos. Outra grande porta é por meio da integração das escolas que visitam ou propõem atividades escolares externas em instituições. Mas é cada vez mais frequente a procura espontânea de crianças inspiradas por filmes ou reportagens. Neste momento, por exemplo, uma criança de 6 anos, Arthur, propôs rifar um fusca da família para ajudar pessoas que estão passando dificuldades em função da pandemia. Os pais aprovaram a ideia

Ana Luísa Alves, jornalista e roteirista audiovisual que há 16 anos é voluntária


O PLANTIO DA SEMENTE COMEÇA COM OS PAIS 

Na casa das crianças, Ana Luísa enfatiza que o exemplo é sempre a melhor forma de inspirar. “Muitas crianças começam acompanhando os pais e se habituam para sempre. Há os que chegam por intermédio de grupos religiosos. Outra grande porta de entrada de crianças e adolescentes no trabalho voluntário é por meio da integração das escolas que levam seus alunos para visitar ou propõem atividades escolares externas em instituições. O plantio dessa semente geralmente começa pelo interesse dos pais em querer que os filhos conheçam várias faces da realidade e não apenas aquela na qual estão inseridos.”

Mas é cada vez mais frequente a procura espontânea de crianças inspiradas por filmes ou reportagens. “Neste momento, por exemplo, uma criança de 6 anos, Arthur, propôs rifar um fusca da família para ajudar pessoas que estão passando dificuldades em função da pandemia. Os pais aprovaram a ideia e estão ajudando o filho. O mais importante é que as crianças se sintam felizes, entrosadas ao espaço e às atividades, e que a ajuda seja espontânea, jamais imposta”, conta.

Ana Luísa explica que desde o início da pandemia todas as visitas e voluntariado presencial no Novo Céu estão suspensos. Mas a instituição sempre recebeu crianças e adolescentes e a interação é positiva, tanto para eles quanto para os meninos da casa.

“As crianças não enxergam deficiências como barreiras, apenas têm curiosidade para entender o que é diferente da vivência delas. As visitas de crianças precisam ser acompanhadas por pais ou responsáveis, pois são eles que explicarão os questionamentos, de acordo com suas referências de mundo. Algumas crianças ficam tímidas, outras já querem sair empurrando as cadeiras de rodas, mas, em geral, percebo que é sempre muito mais tranquilo do que para os adultos, pois a criança não tem um olhar de preconceito, ela acolhe, é afetuosa, quer dar carinho.”

Os adolescentes que querem iniciar o trabalho voluntário precisam ter autorização dos pais. “Antes da pandemia, também tínhamos uma atividade fixa de adolescentes do Colégio Santo Agostinho, que toda semana levava seus alunos para visitar, ajudar, brincar com os meninos. E esses jovens também ajudavam em eventos, servindo as pessoas como garçons e adoravam a experiência. Eles também promovem rifas, gincanas para arrecadar doações etc. Alguns desses alunos voltam para ser voluntários, mesmo após saírem do colégio, e há ainda os que oferecem seus serviços profissionais depois de formados.”

Há também, conta Ana Luísa, um projeto de integração dos acolhidos do Novo Céu com as crianças da comunidade local, do Bairro Jardim Laguna, chamado Crianças na Praça. “Ele era desenvolvido no estacionamento do Novo Céu, com recreação e distribuição de comidas gostosas em todo primeiro sábado do mês. Era sempre uma alegria essa interação. E esperamos ansiosamente que a vida retorne a uma normalidade possível para que essas atividades e visitas possam voltar.”

Vale registrar que, atualmente, no Novo Céu, há 59 acolhidos, que recebem cuidados em tempo integral de uma equipe multidisciplinar. A instituição não recebe nenhuma ajuda governamental e vive de doações da sociedade civil.

Entre as principais formas de ajudar estão doação pela conta de luz, depósito bancário, doações de produtos de necessidade constante, como fraldas e dietas, apadrinhamento mensal de gastos médicos, doação de roupas, acessórios e objetos em bom estado para bazares, mobilização de redes de amigos para arrecadar alimentos e necessidades semanais, ou mesmo com o trabalho voluntário – que ainda está suspenso presencialmente, mas retornará tão logo seja possível.

Criança pode ser voluntária?


A Constituição Federal, no artigo 7º, XXXIII, proíbe trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz. A CLT proíbe o trabalho ao menor de 16 anos, salvo se for na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (artigo 403). Agora, criança e adolescente podem, sim, participar de um trabalho voluntário. Como fazer?
  1. O primeiro passo para quem é menor de 18 anos é estar respaldado e atender aos critérios da Lei Nacional do Voluntariado (Lei 9.608, de 18 de fevereiro de 1998).
  2. O termo de adesão e o plano de trabalho voluntário devem ser preenchidos e assinados pelos pais ou responsáveis legais.
  3. É importante escolher algo de que gosta de fazer. Pode decidir ajudar de forma presencial ou remota.
  4. Não deve ser uma atividade perigosa e insalubre para a criança ou adolescente.
  5. Com critério e conhecimento dos pais ou responsáveis, selecione uma instituição, pesquise e a conheça previamente.
  6. 6 – Por segurança, procure informações, pesquise, tenha referências, busque certificações e documentações da ONG.
  7. Procure conversar com outros voluntários que já fazem o trabalho, tire dúvidas, colha mais dados para conhecer melhor as tarefas e a instituição.
  8. Para ser voluntário, é preciso ter responsabilidade e compromisso desde pequeno. Então, saiba que precisa ser comprometido com o voluntariado que escolher.
     

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