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Estado de Minas PESQUISA

COVID-19 aumenta risco de depressão e demência, indica estudo britânico

Pesquisadores britânicos analisaram probabilidade de 600 mil pacientes desenvolverem uma das 14 doenças cerebrais comuns.


07/04/2021 16:26 - atualizado 07/04/2021 16:32

Pesquisadores britânicos analisaram probabilidade de 600 mil pacientes desenvolverem uma das 14 doenças cerebrais comuns(foto: Getty Images)
Pesquisadores britânicos analisaram probabilidade de 600 mil pacientes desenvolverem uma das 14 doenças cerebrais comuns (foto: Getty Images)

Pessoas diagnosticadas com COVID-19 nos últimos seis meses tiveram maior propensão a desenvolver depressão, demência, psicose e derrame, apontou um novo estudo.

Um terço das pessoas infectadas com a doença desenvolveu ou teve uma recaída de uma condição psicológica ou neurológica.

 

 

 

Mas aqueles que foram internados em hospitais ou em terapia intensiva correram um risco ainda maior.

É provável que isso se deva aos efeitos do estresse e ao impacto direto do vírus no cérebro.

Cientistas do Reino Unido analisaram as fichas médicas eletrônicas de mais de meio milhão de pacientes nos Estados Unidos e suas chances de desenvolver uma das 14 condições psicológicas ou neurológicas comuns, de hemorragia cerebral a derrames.

Ansiedade e transtornos do humor foram os diagnósticos mais comuns entre as pessoas com COVID, e estes eram mais prováveis de ocorrer devido ao estresse da experiência de estar muito doente ou de ser levado ao hospital, explicaram os pesquisadores.

Condições como derrame e demência têm mais probabilidade de ser atribuídas aos impactos biológicos do próprio vírus ou da reação do corpo à infecção em geral.

A COVID-19 não foi associada a um risco aumentado de desenvolver-se Mal de Parkinson ou síndrome de Guillain-Barré (processo inflamatório de nervos cujos sintomas podem ser fraqueza muscular progressiva).

Causa e efeito

O estudo foi observacional, então os pesquisadores não puderam dizer se a COVID-19 causou algum desses diagnósticos acima - ou seja, algumas pessoas poderiam ter tido um derrame ou depressão nos seis meses seguintes à infecção, independentemente.

Mas, comparando um grupo de pessoas que tiveram COVID-19 com dois grupos - com gripe e outras infecções respiratórias, respectivamente - os pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) concluíram que a COVID-19 estava associada a mais doenças cerebrais subsequentes do que outras doenças respiratórias.

Os participantes foram divididos por idade, sexo, etnia e condições de saúde, para torná-los o mais comparáveis possível.

Os doentes tinham 16% mais probabilidade de desenvolver um distúrbio psicológico ou neurológico após a COVID do que após outras infecções respiratórias, e 44% mais probabilidade do que pessoas se recuperando de uma gripe.

Além disso, os pesquisadores constataram que a gravidade da doença estava ligada a uma maior probabilidade de diagnóstico subsequente de saúde mental ou distúrbio cerebral.

Transtornos de humor, ansiedade ou psicóticos afetaram 24% de todos os pacientes, mas aumentou para 25% naqueles internados no hospital, 28% em pessoas que estavam em cuidados intensivos e 36% em pessoas que experimentaram confusão mental durante a doença.

Os acidentes vasculares cerebrais afetaram 2% de todos os pacientes com COVID, aumentando para 7% dos internados na UTI e 9% dos que tiveram confusão mental.

E demência foi diagnosticada em 0,7% de todos os pacientes com COVID, mas em 5% daqueles que experimentaram delírio como sintoma.

Sara Imarisio, chefe de pesquisa da Alzheimer's Research UK, ONG voltada para pesquisas sobre a demência, disse: "Estudos anteriores destacaram que pessoas com demência correm maior risco de desenvolver COVID-19 grave. Este novo estudo investiga se essa relação também pode ser mantida na outra direção".

"O estudo não enfoca a causa dessa relação, e é importante que os pesquisadores descubram o que está por trás dessas descobertas."

Há evidências de que o vírus entra no cérebro e causa danos diretos, explica o professor de neurologia Masud Husain, da Universidade de Oxford.

A COVID-19 pode ter outros efeitos indiretos, por exemplo, afetando a coagulação do sangue, o que pode levar a acidentes vasculares cerebrais. E a inflamação geral que ocorre no corpo quando ele responde à infecção pode afetar o cérebro.

Para pouco mais de um terço das pessoas que desenvolvem uma ou mais dessas condições, esse foi o primeiro diagnóstico.

Mas mesmo quando se tratou da recorrência de um problema pré-existente, os pesquisadores disseram que isso não descartou a possibilidade de a COVID ter causado o episódio da doença.

A professora Dame Til Wykes, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King's College London, diz: "O estudo confirma nossas suspeitas de que um diagnóstico de COVID-19 não está apenas relacionado a sintomas respiratórios, mas também a problemas psiquiátricos e neurológicos. Examinar (os pacientes) seis meses após o diagnóstico demonstrou que as sequelas podem aparecer muito mais tarde do que o esperado - algo que não é surpresa para aqueles que sofrem de COVID longa".

"Embora, como esperado, os resultados sejam mais sérios naqueles internados em um hospital, o estudo aponta que os efeitos graves também são evidentes naqueles que não foram hospitalizados."


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