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Estado de Minas Saúde

Resistência bacteriana pode se tornar principal causa de morte no mundo

Dados apontam que até 2050 cerca de 10 milhões de pessoas podem morrer em razão desse problema. Especialista dá dicas de como evitar complicações


11/12/2020 10:00 - atualizado 11/12/2020 11:17

O uso indiscriminado de antibióticos é uma das principais causas da resistência bacteriana(foto: Pixabay)
O uso indiscriminado de antibióticos é uma das principais causas da resistência bacteriana (foto: Pixabay)

De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na pesquisa “Tackling drug-resistant infections globally. Final report and recommendations”, até 2050, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas morram em decorrência de uma resistência bacteriana, que é quando o corpo deixa de responder ao uso de antibióticos.

Isso porque, com o tempo, infecções simples podem se tornar cada vez mais difíceis de serem combatidas, podendo, eventualmente, levar a uma piora do quadro e até ao óbito.  

“Isso ocorre, muitas vezes, naturalmente, mas quando você utiliza o antibiótico de maneira inadequada – em subdoses, doses menores que a recomendada ou por muito mais tempo – ou utiliza o antibiótico em uma infecção que não é bacteriana e, sim, causada por vírus, como quadros clínicos de gripe, influenza e resfriado, o antibiótico passa a favorecer o movimento de resistência”, explica Antônio Carlos Pignatari, infectologista e membro da Global Respiratory Infection Partnership (Grip).  

Nesse cenário, Antônio Carlos Pignatari destaca a importância do diagnóstico correto das infecções, a fim de que um dos pilares do favorecimento da resistência bacteriana, o uso errôneo do medicamento, seja evitado. “Os antibióticos são muito utilizados para tratar infecções respiratórias do trato superior, a qual, em sua maioria, são causadas por vírus. Nesses casos, isso favorece a seleção de bactérias existentes que estão naquele local.” 

A fim de evitar o uso inadequado, desde 2010, a venda de antibióticos no Brasil é controlada com retenção de receita, de acordo com determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 
Porém, a atenção com o corpo também pode ajudar a atenuar os casos de resistência bacteriana. “Nem sempre quando o paciente não responde ao tratamento significa resistência. Muitas vezes, a dose está inadequada ou o antibiótico não tem ação sobre aquela bactéria. Por isso, é preciso estar muito atento a essa não resposta do organismo ao tratamento, pois em caso de suspeita, é necessário que exames sejam refeitos.” 

O que pode ser feito? 


Para evitar a ocorrência de quadros de resistência bacteriana, Antônio Carlos Pignatari explica que, em ambiente hospitalar, há a inserção do método de vigilância, que, por meio de estudos, comissões e controles de infecção, ajudam no controle.

“Caso uma bactéria seja identificada no laboratório, por meio da análise de urina, sangue, pus ou secreção, o procedimento necessário é isolar a bactéria e fazer o antibiograma, no qual é possível identificar se a bactéria é sensível a algum antibiótico.” 

“Em alguns casos, não é necessário o isolamento total do paciente, apenas a prevenção com luvas, aventais adequados e evitando que esse paciente entre em contato com outros”, informa.

As ações podem ser tomadas, também, em nível coletivo, já que, nas comunidades, é possível detectar possíveis resistências por meio de estudos de vigilância, a partir do tratamento de algumas infecções, como pneumonia, sinusite e infecções urinárias. 

Assim, caso apareça alguma bactéria resistente e não esperada para algum antibiótico, o infectologista elucida que o mais indicado é comunicar e divulgar cientificamente, inclusive fazendo mudanças nos esquemas de antibióticos para tratar determinadas infecções. Justamente por isso, o diagnóstico correto é tão importante. 

Além disso, Antônio Carlos Pignatari pontua sobre a necessidade de conscientizar a população sobre os riscos de utilizar antibióticos em excesso, a fim de evitar casos de resistência bacteriana. “Os antibióticos são muito importantes para tratar infecções, portanto devem ser preservados e utilizados com critério”, diz. 

Em ação 

Entre os meses de outubro e novembro deste ano, o Grupo Reckitt Benckiser desenvolveu uma série de materiais que foram entregues em filiais da Cruz Vermelha alertando para as consequências do uso indiscriminado de antibióticos, a fim de conscientizar e alertar a população sobre os riscos.

“Fizemos um treinamento com voluntários da Cruz Vermelha para torná-los multiplicadores de conhecimento”, completa Daniel Torres, general manager da RB Health & Nutrition Comercial. 

O presidente nacional da Cruz Vermelha Brasileira, Julio Cals, ressaltou a importância da ação no país. “Sabemos da necessidade de levar a conscientização à população, então para além de termos promovido a campanha de doação de Strepsils, a Cruz Vermelha Brasileira irá promover ações de educação e saúde para que, de fato, as pessoas entendam a importância do uso correto dos antibióticos. Sem medir esforços, cuidaremos das pessoas”, destaca. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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