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Estado de Minas Saúde

Pesquisa alerta para efeitos colaterais da hidroxicloroquina

Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa apontam que o fármaco, ao interagir com o DNA humano, pode representar diversos riscos à saúde


12/11/2020 15:18 - atualizado 12/11/2020 16:03

A hidroxicloroquina ao interagir com o DNA pode causar efeitos colaterais significativos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A press)
A hidroxicloroquina ao interagir com o DNA pode causar efeitos colaterais significativos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A press)

Um estudo realizado por pesquisadores no Laboratório de Física Biológica do Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV) atestou que a hidroxicloroquina, medicamento usado no tratamento de malária e recentemente centro das discussões sobre o seu uso em casos de COVID-19, tem a capacidade de interagir com o DNA humano. Para os especialistas, tal apontamento exige cautela no uso do fármaco. 

Isso porque, apesar de, segundo os autores – o professor Márcio Rocha, do Departamento de Física da UFV, o doutorando Tiago Moura, do Programa de Pós-Graduação em Física da UFV e Raniella Bazoni, ex-aluna de doutorado do Programa e atualmente professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) –, a pesquisa não ter sido realizada em organismos vivos e, portanto, não delinear a eficácia do medicamento, o potencial de interação do fármaco com o DNA aponta para a possibilidade de que efeitos colaterais significativos ocorram. 

“Caracterizamos toda a física e química da interação, e concluímos que a hidroxicloroquina interage com o DNA de duas maneiras, dependendo da dosagem. Em baixas concentrações, se liga à fenda menor da molécula. Em doses mais altas, ela deixa de se comportar como um ligante de fenda e passa a intercalar entre pares de base do DNA. E concluímos ser essa uma interação muito forte, o que é preocupante porque torna-se alto o potencial de causar diversos efeitos colaterais ao organismo”, detalha Márcio Rocha. 

Neste cenário, os especialistas pregam cautela ao uso do fármaco, principalmente pelo fato de se relacionarem com os ácidos desoxirribonucleicos. “É preciso ter cuidado redobrado nesses casos”, diz Raniella Bazoni, uma das pesquisadoras do estudo. Neste sentido, Márcio pontua que mesmo não tendo sido caracterizados os possíveis danos ao organismo, em função de ser esta uma pesquisa in vitro, a constatação de interferência no DNA humano pode “abrir portas” para um uso mais consciente do medicamento, bem como para futuras pesquisas bioquímicas. 

“Há muitos remédios antigos e muito usados que nunca foram testados em nível de interações moleculares. O uso eficiente desta técnica pode sugerir modificações na utilização destes medicamentos e dar mais segurança a médicos e usuários”, afirma. 

Como foi feito


Para entender essa relação, Márcio Rocha conta que o método utilizado foi o chamado de pinça óptica. “Usando equipamentos de óptica de altíssima precisão e sensibilidade, manipulamos moléculas de DNA com um laser e as colocamos em uma solução com o fármaco a ser estudado, no caso a hidroxicloroquina. Utilizando modelos e protocolos já estabelecidos, avaliamos como a substância interage e modifica a estrutura local da dupla-hélice a partir de mudanças nas propriedades mecânicas do DNA.” 

O estudo realizado é inédito e surgiu a partir do intenso debate em torno do uso do fármaco para o tratamento de COVID-19. Em dois meses, toda a pesquisa foi realizada. “Precisamos de ciência para embasar decisões e esta técnica que usamos é bastante segura para oferecer resultados”, aponta o professor do Departamento de Física da UFV. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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