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Estado de Minas COVID-19

Saúde bucal: adiamento de consultas pode acarretar danos odontológicos

Especialista alerta para os impactos da falta de assistência no tratamento dentário, durante o isolamento social, e reforça a necessidade de manutenção dos atendimentos


24/08/2020 13:39 - atualizado 24/08/2020 15:57

(foto: Pixabay)

O Ministério da Saúde, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), emitiu nota oficial pedindo a suspensão de assistências odontológicas eletivas e solicitando a manutenção somente dos atendimentos de urgência.

No entanto, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) refutou o posicionamento das entidades por caracterizá-lo como superficial e genérico, e sugeriu que consultas e tratamentos de rotina fossem mantidos. 

“O CFO fundamenta sua posição e reforça que os atendimentos podem e devem ser realizados em conformidade com as normas de biossegurança, concebidas por órgãos oficiais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) e o próprio conselho, que foram amplamente divulgadas aos cirurgiões-dentistas que atuam no Brasil”, diz em nota. 

Isso porque, segundo o cirurgião-dentista, fundador e proprietário da Santa Amélia Odontologia, Cristiano Campos Nunes, mesmo antes da pandemia, todo procedimento odontológico era baseado na prevenção de doenças infectocontagiosas

“Agora, durante a crise sanitária, a gente perpetua o que já existe. O cuidado com essa contaminação de um indivíduo para o outro já era uma prática da odontologia. Então, o meu conselho é: se você está sentido dor nos dentes, se alguma restauração ou dente quebrou, se sente dores ao mastigar, entre outros sintomas de incômodo, não deixe de procurar o dentista. E, se já está em tratamento, não adie, continue o procedimento, mantendo a periodicidade exigida”, afirma. 

As consequências do adiamento da assistência odontológica, em função da pandemia causada pelo novo coronavírus, podem ser variadas, conforme explica Nunes. O cirurgião-dentista destaca que os danos dentários seguem a especificidade de cada caso.

Exemplificando, o especialista afirma que se um paciente sofre com uma restauração solta, e se faz necessário somente refazer este procedimento, o adiamento de tal tratamento pode resultar na evolução do quadro. 

“Em casos como esse, pode ser necessário um procedimento de canal, podendo, até mesmo, culminar na perda do dente. Outro exemplo pode ser percebido em quadros que necessitam de manutenção periódica, normalmente mensal. Ao deixar de cumprir o protocolo de periodicidade, danos podem ser percebidos no resultado final. Então, de forma geral, diversos procedimentos odontológicos, se adiados, terão impactos importantes na saúde bucal.” 


Cuidados 


Para manter o tratamento odontológico em atividade, alguns protocolos de segurança devem ser levados em conta para que os pacientes não fiquem sujeitos à contaminação por COVID-19.

Entre eles, segundo Nunes, estão a proibição de que pacientes frequentem consultórios odontológicos, em caso de sintomas referentes à doença, como febre, resfriado, mal-estar, perda de olfato, ou caso tenha mantido contado com pessoas infectadas há menos de 14 dias. Ainda, segundo o cirurgião-dentista, toda a equipe de profissionais deve seguir a mesma conduta

O cirurgião-dentista Cristiano Campos Nunes e a auxiliar de saúde bucal (ASB) Geralda das Graças de Matos atendem paciente seguindo os protocolos de segurança
O cirurgião-dentista Cristiano Campos Nunes e a auxiliar de saúde bucal (ASB) Geralda das Graças de Matos atendem paciente seguindo os protocolos de segurança (foto: Carlito Costa/Divulgação)
Se algum profissional apresentar sinais da doença, o recomendável é que se isole e procure assistência médica. Para isso, é necessário fazer a aferição da temperatura dos pacientes e colaboradores, a fim de cumprir com o protocolo de circulação.

"Além disso, os agendamentos são marcados previamente para que não haja aglomeração de pessoas. Quanto ao cuidado entre paciente e dentista, todos os profissionais da área devem realizar o atendimento com os devidos equipamentos de segurança.” 

A respeito do processo de desinfecção dos consultórios, devido aos atendimentos e circulação de pessoas, Nunes explica que são adotados procedimentos de esterilização, limpeza de superfícies e demais medidas, conforme estabelecido nas diretrizes da Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Receio 


Um dos maiores empecilhos para que os atendimentos sejam mantidos é o medo de contaminação. Muito pacientes deixaram de realizar as consultas odontológicas de rotina por receio quanto a possibilidade de infecção por COVID-19. É pelo que tem passado a servidora pública municipal Bárbara Luísa Pereira Félix, de 30 anos, que desde o início do isolamento social, em março, não retorna ao consultório odontológico para realizar acompanhamento. 

A servidora pública municipal Bárbara Luísa Pereira Félix, de 30 anos, segue sem atendimento odontológico desde março, devido ao receio de contaminação
A servidora pública municipal Bárbara Luísa Pereira Félix, de 30 anos, segue sem atendimento odontológico desde março, devido ao receio de contaminação (foto: Arquivo pessoal)
“Tinha uma consulta de rotina em junho, mas fiquei com medo e desmarquei. Vários fatores me deixam receosa quanto a manutenção de consultas neste período. Penso sempre no trajeto até a clínica, na quantidade de pessoas na sala de espera e fico imaginando se os profissionais estão tomando os cuidados necessários. Por isso, como estou no grupo de risco, evito ao máximo qualquer exposição que não seja extremamente necessária”, relata. 

A servido pública municipal conta, ainda, que não pretende remarcar seu agendamento durante o isolamento social e que só retornará ao consultório odontológico após a liberação de uma vacina segura contra o novo coronavírus.  

“Entendo a importância de cuidar da saúde bucal, no entanto, o aumento crescente da proliferação da COVID-19, me fez rever as prioridades em relação a minha saúde neste momento. Não tenho problemas odontológicos devido ao cuidado e ao acompanhamento que tenho tido ao longo da vida. Sei que para continuar com a saúde bucal perfeita, é indispensável o acompanhamento de um profissional. E, tendo em vista, a incerteza do momento atual, creio que terei que me consultar em breve.” 

Já a desenvolvedora COBOL CICS/DB2, Jaqueline Fontes de Oliveira, de 52 anos, não pôde esperar tanto tempo. “Havia interrompido o tratamento devido à pandemia. Enquanto aguardava que este momento passasse, quebrei a raiz de uma coroa que tinha colocado recentemente e a raiz do dente que estava tratando de um canal. A partir disso, senti muitas dores para mastigar, foi quando resolvi procurar um dentista.” 

A desenvolvedora COBOL CICS/DB2 Jaqueline Fontes de Oliveira, de 52 anos, precisou se consultar e realizar tratamento dentário durante a pandemia
A desenvolvedora COBOL CICS/DB2 Jaqueline Fontes de Oliveira, de 52 anos, precisou se consultar e realizar tratamento dentário durante a pandemia (foto: Arquivo pessoal)
Segundo a desenvolvedora COBOL CICS/DB2, o único receio que teve foi o de que os medicamentos necessários para o tratamento propiciassem uma queda em sua imunidade

“Estou me recuperando e não sinto mais dores. Precisamos vencer o medo de procurar profissionais de saúde para evitar complicações e, para isso, é importante que aqueles que suspeitam de uma contaminação desmarquem suas consultas”, diz. 

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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