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Estado de Minas REPORTAGEM DE CAPA

FORÇA PARA VIVER

Depois de enfrentar 11 internações, ter uma recidiva e passar por um transplante, a pequena Sofia contagia com sua alegria outras crianças e famílias que passam pela mesma situação


postado em 02/02/2020 04:00 / atualizado em 01/02/2020 13:32

(foto: Juarez Rodrigues/em/d.a press)
(foto: Juarez Rodrigues/em/d.a press)
O momento de espera para saber o diagnóstico de um filho é sempre desesperador. E quando o resultado traz consigo uma carga negativa, essa situação envolve, além de enfrentamento, um momento de catarse. Ana Emília Martins, mãe da pequena Sofia, conta que a descoberta do neuroblastoma na filha foi um processo de reflexões para ela e toda a família. Em meio a tantas idas e vindas ao hospital, a família teve papel muito importante para o processo de tratamento da menina. “Eu trabalhava e não se consegue afastamento para cuidar de crianças doentes. Mas aqui em casa todo mundo ajudou e tudo foi se encaixando”, conta.

“Para mim, que sou mãe e pai da Sofia, quando você recebe uma notícia dessas não dá para acreditar. Como uma menina indefesa, com 3 anos, sem maldade nenhuma no mundo, se torna refém disso? Você fica pensando o porquê.” O momento de entender todo esse processo foi fundamental para vencer quaisquer obstáculos que pudessem impedir a felicidade da filha. “É uma reviravolta muito grande, mas Sofia sempre foi uma menina alegre e feliz. Hoje, acredito que tudo tem o seu propósito”, afirma.

Enquanto a mãe, Ana Emília, conversa com a oncologista pediátrica Fernanda Tibúrcio, Sofia aproveita para gravar vídeos que posta em suas redes sociais (foto: Juarez Rodrigues/em/d.a press)
Enquanto a mãe, Ana Emília, conversa com a oncologista pediátrica Fernanda Tibúrcio, Sofia aproveita para gravar vídeos que posta em suas redes sociais (foto: Juarez Rodrigues/em/d.a press)
Sofia começou a fazer o tratamento em maio de 2015 e até a volta do câncer, antes do transplante, passou por 11 internações. O primeiro tratamento durou de maio de 2015 até junho de 2017. “Ao todo foram 19 internações, sendo que só a do transplante foram 56 dias dentro do hospital”, conta Ana Emília, que mantém todas as informações da vida hospitalar de sua filha anotadas em um caderno. “As outras internações alternaram de quatro a 30 dias.”

Processo que resultou em um acompanhamento médico que envolveu todos os profissionais do hospital em que a criança estava internada. A oncologista pediátrica Fernanda Rodrigues Tiburcio foi uma das médicas que participaram de todo o tratamento da pequena Sofia. “Ela é uma criança muito especial. Enfrentou com cabeça erguida diferentes tipos de tratamentos pesados, como a quimioterapia e radioterapias, até chegar ao transplante. É uma criança disposta a lutar”, ressalta a médica.



Fernanda Tiburcio conta que Sofia era luz para as outras crianças que passavam por traumas parecidos. “Ela conquistava as outras crianças em tratamentos sempre com um astral pra cima. Elas viam nela um exemplo. A Sofia emanava luz em meio a tanto sofrimento”, relembra. A profissional ainda afirma que a gana para viver contagiava outras famílias que estavam passando pela mesma situação. “Sofia mostrava para os pais e familiares de outras crianças que era possível vencer e passar por aquela situação.”

A especialista explica que o câncer da pequena era muito agressivo e intenso e que não adiantava apenas um tipo de intervenção. “O neuroblastoma tem quatro níveis diferentes e Sofia enfrentava o pior deles e o mais avançado.” A mãe da super Sofia lembra que todas as cirurgias feitas pela filha eram de risco. “O caso dela foi muito bem estudado”, complementa Ana Emília.

Nova luta

Depois de resultados positivos com as retiradas da massa tumoral e da volta para uma vida longe de um quarto de hospital, a menina percebeu um novo caroço na região do pescoço um ano depois do fim do primeiro tratamento. “Ela me disse: Mamãe, tem alguma coisa doendo no meu pescoço durante o banho”. Coloquei a mão e percebi o caroço. Gelei toda na hora”, relembra a mãe. A família novamente se viu lutando com todas as forças contra o câncer.

"É uma reviravolta muito grande, mas Sofia sempre foi uma menina alegre e feliz. Hoje, acredito que tudo tem o seu propósito"

Ana Emília Martins, mãe da pequena Sofia

Apesar da recidiva, todos os familiares e a própria Sofia se viram mais confiantes. “Em meio a isso tudo, o transplante era o que mais assustava. Porque sempre os médicos eram sinceros e diziam que era uma montanha-russa”, ressalta Ana Emilia. “Sofia foi a primeira criança na Santa Casa a fazer um transplante autólogo”, informa Fernanda Tiburcio, processo em que as células-tronco são retiradas da própria paciente.

A mãe conta que os dias após os transplantes foram de muitas incertezas e sofrimento, devido à demora para “a medula pegar”. “Eu a via sem se alimentar e mesmo assim ela sorria para produzir os vídeos dela para as redes sociais. A gente tira forças dela. Ela tem uma bagagem de vida enorme”, conta. Mesmo sem a doença estar ativa em seu corpo hoje, a oncologista pediátrica afirma que Sofia está em constante monitoramento. “Sofia hoje vive uma vida com certas restrições, mas aos pouquinhos ela vai enxergando a vida com um novo olhar”, frisa a médica.
 

Show das Poderosinhas

(foto: Instagram/Reprodução)
(foto: Instagram/Reprodução)
A pequena Sofia conquistou a atenção da cantora Anitta, quando estava no primeiro tratamento contra o câncer. A cantora convidou a super Sofia para ir ao camarim e subir ao palco no Show das Poderosinhas, em 21 de agosto de 2016, em Belo Horizonte. A cantora registrou o momento em sua rede social. Por causa da doença, a garota não poderia ir ao show. “Ela não pode ficar no meio da multidão, então, pedi pra trazerem ela para o camarim e ela não sabe que vai me ver”, disse a artista na ocasião. Logo depois do transplante de medula, Anitta visitou Sofia no hospital.

* Estagiário sob supervisão de Teresa Caram
 


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