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Estado de Minas NUTRIÇÃO

Dá para comer de tudo, mas não tudo

A dieta flexível propõe mais liberdade no cardápio, desde que os alimentos se encaixem em metas individuais de calorias e nutrientes. Especialistas explicam o protocolo


postado em 03/11/2019 04:00 / atualizado em 31/10/2019 10:33

Maria Carolina Soares conta que, pela primeira vez, conseguiu seguir um plano alimentar e alcançar resultados(foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Maria Carolina Soares conta que, pela primeira vez, conseguiu seguir um plano alimentar e alcançar resultados (foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)


Os macronutrientes formam os componentes fundamentais de que o organismo precisa em grande quantidade todos os dias: são os carboidratos, as proteínas e as gorduras. Para os seguidores da dieta flexível, o consumo dessas substâncias é calculado para se ajustar às metas diárias de calorias e estabelecidas de acordo com o perfil de cada indivíduo.
 
A tática é não haver um contrato único e engessado – nenhum grupo alimentar é banido e até as opções tachadas como pouco saudáveis têm vez. Para a nutricionista Bárbara Góes, essa flexibilidade já deveria, naturalmente, fazer parte de uma alimentação balanceada e saudável. “É importante que as pessoas entendam que não existem alimentos proibidos, mas, sim, quantidades não recomendadas. A ideia de alimentos saudáveis versus alimentos venenosos só gera uma péssima relação com o ato de se alimentar, em que se cultiva a culpa e a frustração”, avalia.
 
Com a dieta flexível, Bárbara defende um olhar mais empático em relação ao paciente. O comer não pode virar neurose. Dessa forma, ao pensar a alimentação, devem ser levados em conta vários fatores, como aspectos culturais, sociais, emocionais e afetivos, que também regulam a vontade de comer. Nessa lógica, aquele sorvete, chocolate, hambúrguer ou a batata frita podem, sim, fazer parte da mesa. Mas com bom senso.
 
Nesse tipo de regime não existem alimentos proibidos, mas quantidade recomendada(foto: Gilson Teixeira /OIMP/D.A Press %u2013 27/3/14)
Nesse tipo de regime não existem alimentos proibidos, mas quantidade recomendada (foto: Gilson Teixeira /OIMP/D.A Press %u2013 27/3/14)
 
 
Consumi-los, porém, exige verificar os nutrientes absorvidos ao longo do dia, constantemente, certo? Em tese, é isso. A menos que seja montado pelo nutricionista um plano alimentar superdetalhado, alguns pacientes usam um aplicativo contador de calorias para realizar essa vigilância.

OBJETIVOS ATINGIDOS A servidora pública Maria Carolina Soares, de 34 anos, conta que, na adolescência, já fazia dieta, mas vivia oscilando entre o que achava ser o corpo ideal e o sobrepeso. “Sempre fui muito sanfona. Até hoje, tenho dois guarda-roupas, um com roupas menores e outro com roupas de tamanhos maiores.”
 
Para ela, as dietas extremamente restritivas pareciam dar algum resultado, mas só até decidir abandonar tudo. Era como um ciclo. A compulsão alimentar aparecia e Maria Carolina ganhava o peso todo de novo. O resultado dos exames de sangue também ficava muito instável. Porém, com a proposta mais equilibrada da flexível e a orientação de uma nutricionista, ela conseguiu, pela primeira vez, seguir um plano alimentar e alcançar resultados.
 
“Acho que, finalmente, encontrei a ‘minha dieta’. Funcionou comigo, mas acredito que exige certa maturidade para seguir essa proposta. Afinal, é preciso ter disciplina para ter um pote de doce em mãos e comer apenas a porção indicada, não o frasco inteiro. A dieta tem muitas opções, mas não é milagre, a disciplina é primordial.”
 
Maria Carolina dá preferência aos alimentos in natura, vegetais e frutas. Mas nada a impede de comer alimentos processados, às vezes. Ela admite que sorvete e chocolate são itens praticamente diários, mas sempre nas quantidades calculadas pela nutricionista.

DESVANTAGENS Para o nutricionista André Heibel, preparar porções, pesar e calcular os nutrientes são esforços significativos, que deveriam ser levados em conta por quem fala do assunto. A preocupação dele é que, ao seguir uma dieta flexível, a pessoa deixe de ingerir alimentos com nutrientes fundamentais ao organismo em detrimento de outros mais saborosos, mas com baixos valores nutricionais.
 
Isso poderia até gerar emagrecimento a curto prazo, mas nem sempre levaria a um caminho saudável e sustentável. “Por vezes, surgem deficiências nutricionais e o temido efeito sanfona.” Além disso, o especialista alerta para os riscos de desregulações hormonais e alterações de humor e disposição ao longo do dia.
 
“Uma dieta saudável, pensada por um profissional, já deveria contemplar os gostos e as preferências do paciente. Quando esse plano é baseado em calorias apenas, a tendência é que o processo seja pouco duradouro e que o paciente reganhe peso e retome o nível de gordura logo em seguida”, justifica. A restrição calórica, nesse caso, tem um fim que é compartilhado por muitos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que 95% das pessoas que seguiram uma dieta restrita, seja em calorias, seja em grupos alimentares, recuperaram o peso logo depois.

*Estagiária sob supervisão de 
Sibele Negromonte


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