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Estado de Minas SHE'S THE BOSS

O papel da mulher e o estereótipo da mãe empreendedora

O estereótipo da mãe empreendedora é o da profissional que sabe se virar no mundo que se revela cada vez mais: não linear, volátil, complexo e imprevisível


21/05/2021 06:45

(foto: PxHere)
(foto: PxHere)


Aconteceu numa quinta-feira quando, ao dirigir para o trabalho revisei a agenda e acordei que no dia seguinte, meu compromisso era com a maternidade no Hospital Vila da Serra.

Veio um sentimento estranho naquele momento, uma lágrima, um frio na barriga, a perfeita noção, que ignorei por nove meses, de que no dia seguinte nasceria um ser humano gerado por mim.

Bateu certo desespero enquanto eu ia a caminho do escritório ... Lembrei que eu havia montado o berço, mas o bebê ainda não tinha nome. Havia dois nomes como opção e eu, prática que sou, decidi: se for loiro como o pai será esse e, se for moreno como a mãe, será aquele, pronto, menos um problema.

A verdade é que eu não fazia ideia de como cuidaria de uma outra pessoa que, no dia seguinte, estaria em meus braços completamente vulnerável e dependente. E, como é difícil escolher nome de gente, considero uma atitude de grande responsabilidade.

Meu nome é Renata, essa é minha coluna de estreia por aqui e, como estamos em Maio, mês das mães, resolvi compartilhar algumas reflexões sobre um dos meus melhores papéis: o papel de mãe.

Sou empresária e atuo na área da tecnologia desde 1998, quando decidi digitalizar as páginas amarelas e criar um banco de dados de busca. Foram 4 meses digitando sem parar com certa determinação e a crença de que seria um grande negócio, ali nascia uma empreendedora ávida por resolver problemas reais.

Sou nascida e criada na zona leste de BH, mineira amante do torresmo e do pão de queijo, de subir Bahia e descer Floresta, de tomar banho de cachoeira e prosear com os amigos na companhia de boas cervejas e comida de bar. Sou filha de pai mineiro, que nos deixou quando eu tinha apenas 14 anos, e de uma mãe nascida paulista e que foi criada na fazenda quando jovem e depois veio morar aqui em Beagá.

Misturar empreendedorismo e maternidade está na minha essência. Quando nos tornamos mães, uma empreendedora também nasce. Ficamos mais atentas, mais organizadas, disciplinadas, resilientes e dispostas a trabalhar longos períodos. Atendemos demandas que chegam sem controle e, além de tudo isso, fazemos do momento da entrega um momento de grande alegria e satisfação de dever cumprido.

Ao contrário do que acontece com 78% das mulheres profissionais que buscam no empreendedorismo uma opção, por terem sido demitidas depois da licença-maternidade ou por escolherem abandonar a carreira corporativa para estar mais presentes na vida do filhos, no meu caso, foi maternidade que atropelou minha carreira.

Como nunca parei de trabalhar, amamentei meus filhos e os vi crescerem sob a tela do meu notebook. Acredito que o estereótipo da mãe que empreende é o da mulher múltipla, que assume seus vários papéis, tanto em casa quando na gerência do negócio, que sabe conciliar seu tempo sem perder a ternura e o sorriso. Para tanto, é fundamental saber se adaptar, fazer a gestão desse tempo e ser resiliente para viver em meio ao caos.

A mãe empreendedora é a mãe que ainda sofre a pressão cultural para ser responsável pelo lar e pelo cuidado com a família, e que também se desdobra para conciliar tantas tarefas e responsabilidades de sua vida pessoal e profissional. É aquela pessoa que sabe que a gestão do seu tempo preserva também a saúde do seu negócio. O estereótipo da mãe empreendedora é o da profissional que sabe se virar no mundo que se revela cada vez mais: não linear, volátil, complexo e imprevisível. Esse estereótipo é necessário para qualquer profissional de hoje em dia, que precisa estar preparado para a imprevisibilidade do futuro.

E por desenvolverem tantas habilidades, um viva para as mães que trabalham!

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